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terça-feira, 23 de novembro de 2010

EDUCAÇÃO É A BÚSSULA QUE PERMITE NAVEGAR NO MUNDO

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O livro “Educação, um tesouro a descobrir”, sob a coordenação de Jacques Delors -- um político europeu de nacionalidade francesa, que foi presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995 -- trata de forma didática e prioritária dos quatro pilares de uma educação para o século XXI. Associa esses pilares a algumas máximas da Pedagogia Prospectiva e subsidia o trabalho de pessoas comprometidas com a busca por uma educação de qualidade. Segundo ele, na página 89 de seu livro: "À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele".

Para Jacques Delors, a analogia com a prática pedagógica se mostra quando diz que a educação deve preocupar-se em desenvolver quatro aprendizagens fundamentais, que serão para cada indivíduo os pilares do conhecimento e da formação continuada, quais sejam:

1 - Aprender a conhecer - É necessário tornar prazeroso o ato de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento para que não seja efêmero, que se mantenha através do tempo, que valorize a curiosidade, a autonomia e a atenção, permanentemente. É preciso, também, pensar o novo, reconstruir o velho, reinventar o pensar.

2 - Aprender a fazer - Não basta preparar-se com cuidados para inserir-se no setor do trabalho. A rápida evolução por que passam as profissões pede que o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em equipe, desenvolvendo espírito cooperativo, de humildade na re-elaboração conceitual e nas trocas, valores necessários ao trabalho coletivo. Ter iniciativa, gostar de certa dose de risco, ter intuição, saber comunicar-se, saber resolver conflitos e ser flexível. Aprender a fazer envolve uma série de técnicas a serem trabalhadas.

3 - Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros - No mundo atual este é um importantíssimo aprendizado por ser valorizado quem aprende a viver com os outros, a compreender os outros, a desenvolver a percepção de interdependência, a administrar conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no esforço comum. Impossível conceber um mundo onde as pessoas não saibam conviver.

4 - Aprender a ser - É importante desenvolver sensibilidade, sentido ético e estético, responsabilidade pessoal, pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade, iniciativa e desenvolvimento integral da pessoa em relação à inteligência. A aprendizagem precisa ser integral não negligenciando nenhuma das potencialidades de cada indivíduo.

A partir dessa visão dos quatro pilares do conhecimento, podem-se prever grandes avanços na educação. O ensino-aprendizagem voltado apenas para a absorção de conhecimento, que tem sido objeto de preocupação constante de quem ensina, deverá dar lugar ao ensinar a pensar, saber comunicar-se, saber pesquisar, ter raciocínio lógico, fazer sínteses e elaborações teóricas, ser independente e autônomo, enfim, ser socialmente competente.

No atual cenário de mudanças políticas, o país presencia momento importante: a demanda por educação. Com isso a sociedade e as instituições, em uníssono, movimentem-se no atendimento a esta urgência nacional. Esta é uma tarefa importante e é isso que se espera que o Brasil faça. Temos materiais e temos idéias. É preciso pôr em prática todos os estudos e projetos para a modernização da educação.
Para mudar a atual história educacional do Brasil é urgente lograr conquistas, avançar muito, cortar as cordas que impedem o crescimento, exercitar a cidadania plena, aprender a usar o poder da visão crítica, entender o contexto do mundo globalizado. Enfim, ser o ator da própria história, cultivar o sentimento de solidariedade, lutar por uma sociedade mais justa e solidária e, acima de tudo, acreditar sempre no poder transformador da Educação.

DICAS DE GRAMÁTICA

HÁ DEZ ANOS ou HÀ DEZ ANOS ATRÁS, Professora?

- Há dez anos atrás é uma redundância. e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.
POSSO DIZER “ENTRAR DENTRO”?
Por Deus, NÃO!!! É outra redundância, assim como “sair fora ou para fora”, “elo de ligação”, “monopólio exclusivo”, “já não há mais”, “ganhar grátis”, “viúva do falecido”.
VENDA A PRAZO OU VENDA À PRAZO?
"Venda à prazo" não existe! Não se usa crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.

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Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Pesquisadora Sênior da CAPES.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

IDIOMA É A MAIOR FERRAMENTA NO MUNDO DO TRABALHO

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Em tempos de acelerada globalização e de inglês como a língua franca para o acesso a prestígio e empregabilidade no mundo corporativo, é importante repensar o papel real que o bom domínio de Língua Portuguesa pode representar em tal cenário. Se saber inglês virou rotina e uma obrigação profissional, é necessário enfatizar que empresas de excelência, bem como caçadores de talentos desejam encontrar profissionais que saibam manejar bem o idioma pátrio. Ninguém deseja empregar uma pessoa que se expressa mal em seu idioma nativo. Por isso, utilizar bem a língua portuguesa é um diferencial competitivo para os profissionais das mais diversas áreas do conhecimento.

Parodiando o historiador inglês Theodore Zeldin, que escreveu, em seu livro Conversação, que à medida que se galga mais altos patamares no atual universo de trabalho mais se passa o tempo "conversando", pode-se afirmar, sem temor de exagero, que, do mesmo modo, quanto mais se ascende na escala profissional, mais se necessita do bom uso da língua materna, mais se passa o tempo lendo e escrevendo. A comunicação escrita, malgrado a oralidade de nossa cultura e o uso de meios como o telefone e os audiovisuais, termina por se impor ao trabalho cotidiano. Não é preciso apenas ler, mas igualmente escrever bastante, mesmo que para tanto ninguém cobre um estilo fluente e impecável.

O mundo corporativo e globalizado exige cada vez mais aprendizado intelectual, envolvendo participações e apresentações em cursos, congressos e seminários, além de publicações de toda ordem, não é difícil imaginar que o papel desempenhado pela língua tende a crescer e a se valorizar. O idioma é uma ferramenta de trabalho essencial. O erro de Português, além de vexatório, compromete a imagem de qualidade que qualquer profissional precisa transmitir.

Falar, escrever, comunicar-se bem será, cada vez mais, uma exigência cotidiana. Para quem quer começar, a saída está ao alcance da mão. Ler bastante é a regra principal. Além disso, há vários livros no mercado que ajudam na tarefa de manter o português sempre atual. A Internet também pode ser um bom ponto de partida. Há várias páginas na rede que relacionam os erros mais comuns, dão dicas de redação comercial e facilitam a vida de quem deseja ter mais intimidade com a língua portuguesa.

É preciso que os profissionais se desvencilhem de hábitos equivocados e de uma cultura que sempre consagrou a língua como algo para intelectuais, juristas e literatos. É necessário repensar a língua como o primeiro e grande instrumento de comunicação de que dispõe o ser humano. Pois a experiência mostra que, se se pensar assim, os ganhos podem ser imensos, evitando-se prejuízos, mal-entendidos e aborrecimentos. Nunca é tarde para alguém aprimorar-se no idioma nativo, tanto na feição escrita quanto oral. Cada pessoa pode desenvolver e lapidar o que "naturalmente" já traz colado à percepção do mundo: o idioma nativo.

DICAS DE GRAMÁTICA

A MORAL E O MORAL SÃO A MESMA COISA, PROFESSORA?

- Não! O moral diz respeito ao ânimo, à disposição e ao estado de espírito das pessoas: "o moral da classe estava baixo depois da prova de matemática", "o técnico melhorou o moral do time". A moral corresponde à ética, moralidade, lição, conduta: "seguia a moral religiosa", "entendeu a moral da história?"

O CASO DO MIM E DO EU, DO TU E DO TE, COMO USAR?

- É comum as pessoas dizerem: Este livro é para mim ler. Qual o equívoco? O certo é para eu ler. Simplesmente não observamos que o mim torna-se o sujeito de ler. Pelas leis da gramática, mim e te não funcionam como sujeitos da ação. Logo: Para eu fazer, para eu ler, para eu escrever. Mim e te não praticam ação. Logo, mim não passa no vestibular; mim não namora, mim não vai a jogo de futebol. Eu, sim, passo no vestibular. Estudo para eu passar no vestibular.

EM PRINCÍPIO E A PRINCÍPIO, QUANDO USÁ-LOS?

- a princípio: à primeira vista, logo a princípio, inicialmente, primeiramente, de início, de entrada, no começo, de começo [ou na gíria: "de cara"].

· Pensamos, a princípio, que se tratava de um animal pré-histórico, mas depois constatamos que era simplesmente uma espécie rara de predador.

· A princípio eu não sabia de nada, mas um dia ela me contou tudo.

- em princípio: em tese, em teoria, teoricamente, em termos, de modo geral; conforme Aurélio: "Antes de qualquer consideração; antes de tudo; antes de mais nada". O próprio dicionário deixa o significado mais claro no verbete ‘tese’: "Em tese. De acordo com o que se supõe; em princípio; em teoria".

· Vais assistir ao filme Bossa Nova conosco? – Em princípio, vou; mas dependo da confirmação de outro compromisso.

· Em princípio não estamos interessados em vender esse imóvel.

DE ONDE VÊM OS NOMES DAS PESSOAS?

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Há muitas indagações sobre a origem e significado dos nomes das pessoas. Por isso, faz-se, aqui, breve reflexão sobre as razões ou motivos que conduzem os pais na escolha de um nome para os filhos. Estudos embasados na ciência Antroponímia podem responder a muitas indagações da curiosidade humana. Os antropônimos, segundo a Onomástica ou Onomatologia, podem ser estudados sob dois aspectos principais: lingüístico - da sua origem ou criação (etimologia); social ou psicossocial - escolha ou razões por que os nomes são empregados (cresiologia). É este último que direciona o presente texto.

Antropônimos religiosos – a fé, adoração ou veneração a Deus motiva muitos nomes. Aqui a criança é posta sob a proteção de Deus ou é declarada amiga, serva ou pertença dele: Abdiel "meu servo é Deus"; Tobias "o meu bem é Deus"; Elias "meu Deus é Javé"; Teófilo: "amigo de Deus"; Demétrio "pertencente à deusa Deméter"; Carmelo e Carmen "da divindade (adorada) no monte Carmelo”.

Antropônimos criados pelas circunstâncias do nascimento - o parto dificultoso deu origem a diversos nomes: Benôni: "filho da minha dor"; Jacó "ele segura o calcanhar de Esaú"; Sérvio "o salvo, o livre (do parto atribulado)"; Agripina ou Agripino “criança que no parto anormal apresenta primeiro os pés”; César "o que tem cabelos compridos, o cabeludo", ou se relaciona com o verbo "cortar" e aqui se compara à expressão — operação cesariana.

Antropônimos motivados pelas circunstâncias do tempo do nascimento - Lúcio, Lúcia "o que ou a que nasceu à luz do dia ou ao romper d' alva"; Domingos é "o nascido num domingo"; Natália, Natalino, pessoas nascidas no dia do Natal; Epifânio e Hosana se referem ao domingo de Ramos; Pascual, Pascualino, nascidos na Páscoa; Januário, nasceu em janeiro.

Antropônimos criados pelas circunstâncias do lugar do nascimento ou proveniência – Herculano “da antiga cidade de Herculano”; Madalena "da cidade de Mágdala", na Galiléia; Caetano "natural de Caieta ou Gaeta"; Libânio "o do Monte Líbano”; Oceana, aquela que nasce no mar; Marina, que vive no mar; Guido, Silvestre, nascem no mato; Vaspiano, nasceu a bordo de um avião da Vasp.

Nomes alusivos às qualidades morais e físicas – Eusébio, "pio, religioso"; Agamenon "muito circunspeto, de muita reflexão"; Sebastião "augusto, magnífico"; Veríssimo: "amante da verdade"; Constantino "constante, perseverante"; Frederico "senhor ou príncipe da paz"; Rachid: "justiceiro"; Nabiha “esperta, vivaz"; Astolfo "impetuoso, violento como o lobo"; Everardo "forte como o javali"; Leopoldo "audacioso como o povo"; Rogério "lança de celebridade"; Ranulfo "lobo do conselho"; Otoniel "leão de Deus"; Abel "sopro, hálito".

Nomes alusivos às qualidades ou particularidades físicas - Cláudio "coxo"; Plauto "o de pés chatos"; Maximo “o de alta estatura; Esaú “o cabeludo”; Maluf “engordado, gordo”; Boccaccio “de boca larga, bocarra”“.

Nomes alusivos à cor da tez, dos olhos ou dos cabelos - Aurélio, Aureliano: "da cor do ouro"; Níger, Nigrino "negro, de cor preta"; Albino "albino, alvo, branco"; Bruno “o de olhos ou cabelos castanhos”; Bianca “de cor branca”.

Nomes alusivos às profissões – George, Jorge "agricultor"; Licurgo “caçador de lobos"; Ptolomeu "guerreiro"; Cícero: "ervilheiro, plantador de ervilhas"; Fábio "plantador de favas"; Monteiro "caçador dos monteiros, oficial da casa real que dirigia as caçadas reais".

Nomes históricos ou provenientes de Instituições - Romeu "peregrino que ia a Roma receber indulgências do papa"; Vilar, Vila, Vilela, referem-se às vilas medievais; Novais, o senhor de terra Novalis; Couto e Coutinho, referem-se a terras privilegiadas por autoridade dos reis de Portugal; Otto,Odette "riquezas, propriedades".

Antropônimos alusivos a nomes de santos - Mercês (por nascer a 24 de setembro, no dia de Nossa Senhora das Mercês); Rita de Cássia (22 de maio). Conforme a invocação de Nossa Senhora, têm-se muitos nomes: Maria da Encarnação, M. Bernadette, M. da Graça, M. dos Prazeres, M. das Dores, M. do Rosário, M. de Lourdes, M. da Luz, M. da Assunção, M. da Conceição, M. do Carmo, M. das Neves, M. da Candelária; M. da Fé, M. de Terço, M. Custódia, M. Celeste, M. da Adoração, etc.

Motivos de família ou amizade – o nome do pai ou da mãe, do avô, da avó, tio, padrinho, de um amigo, de um benfeitor é dado à criança: Claudionor (m.) = Cláudio e Leonor; Silvanir (f.) = Sílvio e Nair; Erlice (f.) = Ernesto e Alice; Eral (m.) = Ernesto e Alice; Fredericindo = Frederico e Gumercindo; Joedy = José e Matilde (padrinhos); Lydiomar = Lydio e Maria Jomar = José ou João e Maria. Quatro irmãos têm nomes terminados em y : Pery, Aracy, Osny, Darcy.

Motivos diversos - provenientes do arbítrio, acaso, superstição, fantasia, moda, gosto: Armâncio, Alvacir, Adyail, Acrelinda, Claudir, Clésio, Claudemir, Claudinei, Dalmy, Dilza, Dylma, Darvi, Edivir, Edevair, Eny, Erivan, Edyr, Eloyr, Elmes, Elleny, etc.

Conclui-se dizendo que a origem do nome das pessoas decorre da necessidade: a) de citá-las; b) de chamá-las; c) de distingui-las entre as demais, dentro da família e da comunidade. Por isso a existência dos antropônimos é fenômeno documentado entre os povos do mundo, pois toda criatura necessita de um nome que a identifique, a distinga entre as outras. O aparecimento do segundo nome, ou sobrenome, em algumas raças, surgiu em tempos relativamente recentes, pois à medida que as pessoas se multiplicam no mundo a necessidade de identificá-las aumenta também. Assim, quando o nome tradicional já não é suficiente, nascem outras formas de nomeação, ora mostrando ascendência, profissão, origem ou alguma outra característica que possa estabelecer a diferença entre os seres humanos.

DICAS DE GRAMÁTICA

EU TENHO DE ou EU TENHO QUE?

TENHO DE - quando o sentido for de obrigação, necessidade, desejo ou interesse.

Exemplos:
- O Brasil terá de importar arroz.
- O trabalho tem de ser iniciado hoje.
- Eles tinham de sair cedo.
- A prefeitura teve de indenizar os desapropriados.

TENHO QUE - quando expressar possibilidade.

Exemplo: É possível que você tenha que me emprestar o carro hoje.

DE BAIXO ou DEBAIXO?

Nosso idioma parece estar marcando, aqui, a distinção entre "lugar onde" e "lugar DE onde".

1) Ele estava debaixo da cama (onde)

2) Ele saiu de baixo da cama (de onde)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

DILMA É PRESIDENTE OU PRESIDENTA?

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Temos o resultado das Eleições Presidenciais. Mais de uma centena de observadores estrangeiros, provenientes de 45 países, estiveram aqui. Eles viram um Brasil gigante, realizar uma eleição moderna, ágil, segura. As edições virtuais dos principais jornais do mundo destacam a vitória da petista Dilma Rousseff, como a sucessora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Jornais importantes estamparam manchetes sobre o acontecimento. No alto de sua Home Page, o New York Times, o mais prestigiado periódico do mundo, destaca logo no título: “Sucessora escolhida por líder brasileiro vence a Presidência”. No texto, assinado por jornalistas da agência de notícias Reuters, o jornal destaca que a “ex-líder de guerrilha” venceu depois de prometer ser fiel aos projetos que “ergueram milhões da pobreza e fizeram do Brasil uma das economias mais quentes do mundo”.
O periódico espanhol El País traz a conquista da petista na manchete de seu site. Sob o título “Dilma, primeira mulher que alcança a Presidência”. O El País diz que a petista precisará montar um governo próprio, com uma forma própria. “É quase certo que manterá por pelo menos um ano o atual ministro da Economia, Guido Mantega.”
O jornal francês Le Monde, com menor destaque, também registra o resultado das eleições no Brasil. No texto publicado, o diário classifica Dilma como uma “herança política de Lula”, de quem teria assimilado toda a “popularidade recorde”, e uma sobrevivente após um câncer aos 62 anos.
O inglês The Guardian também registra que o país elegeu sua “primeira mulher presidente”, confirmando os resultados das pesquisas eleitorais. Em um texto publicado na capa de seu site, o diário chama a presidente eleita de “ex-rebelde Marxista”.
E a partir de então essa mulher tem em suas mãos os desafios que o Brasil deverá enfrentar. Eles são numerosos. Apontam-se alguns dentre os mais relevantes: a) o problema da disparidade de renda, um dos maiores do mundo; b) o desafio de harmonizar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental e a inclusão do maior número possível de brasileiros no sistema do emprego formal; c) a substituição da malha rodoviária por um sistema de ferrovias torna-se também urgente; d) a situação do país no MERCOSUL; e) o papel do país do mundo; f) o combate à violência; g) a atenção e o cuidado à saúde do povo brasileiro; h) a igualdade de trabalho entre homens e mulheres; i) a erradicação da miséria; j) e, como Professora de Língua Portuguesa, peço que ela seja PRESIDENTE do Brasil, que olhe pela educação como uma alavanca para que possa realizar seu programa de governo, então esboçado no seu primeiro pronunciamento à nação.
Agora, a questão fundamental que titula este artigo: Presidente ou Presidenta? A quem recorrer para saber o que é certo? Essa é a pergunta das perguntas, para usar um hebraísmo sintático. Pode-se recorrer à etimologia, à analogia ou ao uso. Quanto à etimologia, “presidente”, está lá no Houaiss, vem do latim praesìdens, éntis, particípio presente de praesidére ‘estar assentado adiante, ter o primeiro lugar; estar à testa de, dirigir, administrar’; ver sed(i)-; f.hist. sXV presidente, sXV presidemte, sXV presedemte.
A palavra nasceu de um particípio latino. Os “particípios” têm esse nome porque são, ao mesmo tempo, verbos (por isso têm tempos) e nomes (por isso são declinados), “participando” da natureza de ambos. O lado adjetivo da palavra latina pertence à segunda classe, que segue a terceira declinação. Adjetivos latinos da segunda classe têm uma só forma para o masculino e feminino. O homem sentado à frente é praesidens, a mulher sentada à frente será igualmente praesidens. À medida que o adjetivo foi se substantivando, manteve o uso e a flexão. Por isso, pela etimologia, todos esses substantivos são uniformes, ou seja, com raras exceções, os substantivos terminados em “E” são comuns de dois gêneros, e apenas o artigo os define como masculino e feminino. Portanto, como Dilma Rousseff está eleita deve ser chamada de PRESIDENTE e jamais PRESIDENTA.
Aqui, a analogia confirma a etimologia: porque paciente e cliente também servem para ambos os gêneros. Mas há quem diga “presidenta”, embora não haja quem diga “clienta” ou “pacienta”. Talvez, no futuro, o uso mude, “presidenta” venha a se tornar a norma e, por analogia, passemos a falar em clientas e pacientas.
De qualquer forma, o povo faz a língua e não a língua o povo, isso já dizia Fernão de Oliveira, nosso primeiro gramático, em 1936. Daqui por diante veremos como o povo vai promover a escolha. Diria que o país deve ser elegante, vernacular, privilegiar a forma erudita que é “a Presidente Dilma Rousseff”.

DICAS DE GRAMÁTICA

PRESIDENTE ou PRESIDENTA, Professora?
- A forma erudita é Presidente. É bonito dizer: A Presidente do Brasil Dilma Rousseff. O feminino não é obrigatório, mas pode ser usado. Por isso o Dicionário Aurélio registra a forma feminina, com “a”, a Presidenta. Entretanto, há para considerar, nesse contexto, que a Academia Brasileira de Letras é conservadora, embora considere as duas formas. A acadêmica Nélida Piñon, quando eleita, sempre se apresentou como a primeira PRESIDENTE da Academia Brasileira de Letras. Patrícia Amorim, desde sua eleição, sempre foi tratada como a presidente do Flamengo. Por vezes, a forma feminina ganha à feição pejorativa, como é o caso de CHEFA e PARENTA. Resta saber como Dilma vai desejar ser chamada. Mas Presidenta dói no ouvido!

COMO DILMA SE INTITULOU NO SEU DISCURSO À NAÇÃO?
- A Presidenta do Brasil! Vejam, acho que a senhora presidenta está dando um tiro no pé ao se autodenominar assim. Não é necessário forçar a expressão do gênero, basta provar que é competente, como já foi dito. Além do mais, ninguém é obrigado a usar uma palavra só porque ela consta no dicionário, vide a questão do “perca” (perda) que está lá no dicionário, mas é feia de doer. É preferível dizer: a Presidente Dilma Rousseff!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

HUMANIZAÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO É IMPOSTERGÁVEL

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O convívio harmônico, ético, respeitável, responsável, entre as pessoas, sempre foi um desafio para a humanidade. Mas, durante algum tempo, essa interação passou sem ser muito notada, em função de algumas condutas relacionadas à individualidade, à centralização do poder e à valorização dos produtos em vez das pessoas. Hoje, compreende-se que a natureza verdadeiramente humana das organizações, empresas, setores públicos ou privados, é construir essas relações em função das pessoas e não das técnicas. Discutir a humanização no ambiente de trabalho é impostergável, porque a efetiva vivência num ambiente organizacional trará grandes benefícios para os indivíduos, as empresas e a sociedade em geral.

O mundo do trabalho não tolera mais pessoas arrogantes, centralizadoras, vaidosas, que não sabem criar um clima harmônico e próspero na intrincada teia de relacionamentos que integra a vida do ser humano, tornando inevitável à necessidade da discussão sobre ética. Isso porque a dimensão ética começa quando entra em cena o outro. E toda lei, moral ou jurídica, regula as relações interpessoais. Fere as letras da lei pessoa que impõe aos outros, a seu bel-prazer, condutas para perseguir, diminuir o próximo, humilhá-lo, amedrontá-lo no seu ambiente de trabalho.

Em dia recente, assisti cena deprimente, num setor público: um servidor viajou e levou, consigo, na mala, as chaves da sala que ocupa, para que seu substituto tenha dificuldades, não saiba como tocar a vida administrativa da instituição. Uma vergonha! Algo absurdo, criminoso, porque serviço público, como o nome diz, é PÚBLICO! O servidor está ali para prestar um bom serviço, não para fazer favor, tão pouco para beneficiar-se do cargo. Levar chaves no bolso, de repartição pública, ainda mais quando se viaja ao exterior, é conduta condenável, que deve ser punida nos rigores da Lei. Isso é apenas um caso, há tantos outros que precisam ser corrigidos.

Mas o fato é que esses “fenômenos” ficam gritantes, quando estão diante de nossos olhos. De outra parte, as pessoas, neste século XXI, estão mais bem instruídas e passam a ser cidadãos exigentes e críticos. Passa-se a valorizar a qualidade de produtos e serviços e, por isso, mais ainda, as pessoas que os produzem. Só se tem serviços bons se se tem pessoas competentes, capazes, sérias, motivadas para o trabalho. As instituições já perceberam que o sucesso de sua filosofia de trabalho está condicionado ao fator humano. Por isso não é mais possível conviver com gestores que não sabem disso e que não respeitam os servidores. Não é mais possível negar a necessidade de investir no ser humano, respeitá-lo, valorizá-lo, motivá-lo, propiciar ambiente digno de trabalho, onde o servidor possa apresentar os resultados esperados pelo público. Exigir sem oferecer condições é atingir a moralidade, a ética, a boa conduta pública.

E, aqui, quando se fala em humanizar o ambiente de trabalho significa respeitar o trabalhador enquanto pessoa. Significa valorizá-lo em razão da dignidade que lhe é intrínseca. Por isso, numa sociedade onde os valores ético-morais são vilipendiados se faz urgente a necessidade de se humanizarem as organizações, de se por ordem nas relações interpessoais. Nenhuma organização deve perder de vista a razão maior de sua existência: a promoção humana, em todos os aspectos. Tudo que existe é para melhorar a vida das pessoas. Não há outro bem maior!

Sabe-se que o ser humano é o centro da vida econômica. Negligenciá-lo será ofender a dignidade humana e colocar a empresa ao malogro. A análise da humanização, da ética e do relacionamento interpessoal permite perceber, facilmente, os pontos de contato entre esses temas e a necessidade imperiosa de ser respeitada, ininterruptamente, a dignidade de todas as pessoas, incluindo-se os trabalhadores, dos quais sempre é exigido alto grau de produtividade sem que, maior parte das vezes, se dispense a eles um tratamento adequado. É preciso lembrar que uma das maiores exigências sociais, na atualidade, no campo dos negócios públicos e privados, é a vivência irrestrita de valores não hedonistas, voltados para o bem estar da coletividade, que tem o ser humano como a maior e incalculável riqueza de uma sociedade.

De modo que a prática da humanização deve ser observada sempre, em todos os ambientes. O comportamento ético deve ser o princípio de vida de toda e qualquer organização, uma vez que ser ético é preocupar-se com a felicidade pessoal e coletiva. Pois os valores éticos e morais ajudam a guiar vidas e atuam no sentido de zelar pelas relações interpessoais. Relações interpessoais são todos os contatos entre pessoas. Nesse âmbito, encontra-se um infindável número de variáveis: sujeitos, circunstâncias, espaços, local, cultura, desenvolvimento tecnológico, educação e época. As relações interpessoais ocorrem em todos os meios, no meio familiar, educacional, social, institucional, profissional, e estão ligadas aos resultados finais de harmonia, avanço, progressos ou nas estagnações, agressão ou alienamento.

Por fim, diz-se que a convivência diária entre pessoas, no local de trabalho, nem sempre é um jardim de flores. Muitos espinhos aparecem diariamente, alguns, fruto do egocentrismo do ser humano, cujo orgulho só permite olhar os outros de cima para baixo. Então, é prudente às instituições trabalharem as emoções das pessoas, a fim de que possam ofertar o melhor de si e, em contrapartida, propiciar o melhor desempenho e maior qualidade de atendimento ao público. Assim, a valorização do ser humano, a preocupação com sentimentos e emoções, e com a qualidade de vida são fatores que fazem a diferença.

DICAS DE GRAMÁTICA

DIGO LIMPO OU LIMPADO, PROFESSORA?

Observe, sempre, o verbo auxiliar. Pois a regra é clara. Usa-se limpo com os verbos ser e estar: estava limpo, será limpo. Usa-se limpado com os verbos ter e haver: havia limpado o carro, terei limpado o vidro?

SE ACASO VOCÊ CHEGASSE...

É certo escrever e falar ‘se acaso você chegasse’, que corresponde a ‘se por acaso você chegasse’. Já se caso é uma expressão inadmissível, uma vez que caso e se têm a mesma função. Ambas são conjunções condicionais. Portanto, ou digo e escrevo: se você vier ou caso você venha.

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Luísa Galvão Lessa – É  Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Mestra em Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense – UFF; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

COMO NASCEM AS GÍRIAS

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O presente artigo procura explicar como surgem as gírias e de qual forma essa linguagem usual entra no cotidiano das pessoas. É um jeito de comunicação que abriga termos que brotam no meio popular, de forma espontânea. Muitas gírias são comuns a toda sociedade, porém outras são mais específicas de grupos sociais. Na atualidade, elas povoam a linguagem dos jovens, por exemplo. Muitas pessoas perguntam nos encontros, seminários, palestras, como nascem às gírias. As formas são muitas, aqui se descrevem algumas:

1) neologismos - palavras ou expressões de criação recente: gato, no sentido de “ligação clandestina de eletricidade”, e laranja, designando “falso proprietário”. O neologismo pode ser criado na própria língua – neologismos de cunho literário ou popular, como o verbo embuchar, que significa engravidar – ou importado de uma língua estrangeira -- como lasanha, do italiano lasagna, chope, do alemão chopp, bife, do inglês beef. Há, ainda, neologismos que não têm forma equivalente em português, como fashion, palavra em moda.

2) metaplasmos - alterações intencionais do código, fruto de criatividade do falante sobre a língua: cinema > cine; muito > mui; senhor > sô; carvão > cravão; golpe > gorpe; talho > taio; insônia > isônia.

3) bordões, jargões, clichês – palavras ou expressões da cultura popular: “alma sebosa", “bronca do tamanho de um trem", "chumbo grosso", "durma com uma bronca dessa", "ninguém tem letreiro na testa”, “ir pras cabeças”, “sacada genial”, "fazer das tripas coração", "encerrar com chave de ouro", “silêncio mortal".

4) ditados, ditos e expressões populares, frases feitas, gírias - palavras e frases que na sua grande maioria têm a função comparativa com diversos assuntos, como animais, modo de agir, modo de pensar: osso duro de roer = coisa difícil de resolver; dar nó em pingo d'água = ser capaz de se sair de todas as dificuldades; pintar o 7 = fazer bagunça; cada macaco no seu galho = cada pessoa no seu devido lugar; quem se mistura com porcos, farelo come = quem acompanha pessoa de índole ruim acaba se tornando igual a ela; lábia (astúcia); antenado (atento), azaração (namoro), mala (chato), mauricinho (rapaz bem vestido), pagar mico (passar vexame), patricinha (menina bem vestida).

5) modismos - expressões inexistentes no português, ou mesmo existentes, mas usadas em sentido diferente ao original. São exemplos: abrir as comportas, administrar a vantagem, a nível de, chocante, conquistar o espaço, correr atrás do prejuízo, deitar e rolar, em grande estilo, em termos de, em última análise, entrar em rota de colisão, extrapolar, imperdível, junto a, pano de fundo, praticar preços ou juros, receber sinal verde, sentir firmeza e trocar farpas.

A incorporação de palavras novas no vocabulário traz à tona uma discussão acerca do papel dessas palavras dentro do universo da língua. Mas, afinal, qual a importância dos neologismos? Na verdade, o tema suscita opiniões diferentes. Para alguns estudiosos os neologismos são mecanismos de enriquecimento lingüístico. Na visão de outros eles representam sinal de empobrecimento e deturpação da língua, um fator de distanciamento da fala e escrita no padrão preconizado pela gramática. Mário Barreto, renomado gramático brasileiro, representou muito bem este ponto de vista, que repercute hoje entre muitos profissionais. Para ele os neologismos “não argúem mais das vezes senão ignorância da língua por parte de quem deles se serve”. Evanildo Bechara – um dos maiores gramáticos da atualidade -- “os neologismos inicialmente provocam alguma estranheza. (...) Esse uso abusivo é um empobrecimento, uma vez que põe na cristaleira da língua todos os outros verbos que deveriam ocupar os lugares que lhe eram devidos. (...) Esses neologismos podem pegar. Mas, a princípio, parecem estranhos.”

Na atualidade, a “onda inglesa” é um fenômeno que expõe a dimensão da influência norte-americana sobre a cultura brasileira. O contato com o idioma -- por meio da alimentação, do vestuário e do consumo das marcas importadas em geral -- vem criando um vocabulário cada vez maior de palavras adaptadas ou adquiridas. Além do mais, a mídia contribui para a difusão de novos termos (nas novelas, na propaganda, nos jornais, etc.), fixando as novas palavras na linguagem cotidiana, sob a argumentação de que os estrangeirismos causam maior repercussão e atraem mais a atenção do espectador-consumidor.

Naturalmente, pode-se chegar à conclusão de que a língua é rica por apresentar essas variedades lingüísticas, por dar aos falantes o poder de criação, de liberdade. Essa é a beleza de uma língua, não é preciso ficar estanque, presa às regras. O necessário, no processo da comunicação, é a clareza naquilo que se diz. O importante é comunicar, surpreender, iluminar, divertir. E, nesse particular, a gíria está com tudo.

DICAS DE GRAMÁTICA

DEVE-SE ESCREVER O SARGENTO MARTA OU A SARGENTO MARTA?

- Existem na língua portuguesa as formas femininas soldada, sargenta, coronela, capitã, generala. No entanto, como as Forças Armadas resolveram não adotá-las, preferindo empregar o nome do posto tanto para os homens como para as mulheres (até porque alguns ficariam estranhos, como ‘a tenenta’, e outros nem feminino teriam, como ‘major’ e ‘cabo’), a única diferenciação fica sendo o artigo:

· A soldado Carla, a sargento Marta e a coronel Maria serão promovidas.

· Parece que uma tenente foi desacatada.

· O coronel Gomes passou as instruções a capitão Marli Regina.

Fora da hierarquia militar, no caso particular de capitão, pode-se dizer que é correto – existe esse registro em alguns dicionários – falar em "capitoa", mas é preferível usar o feminino capitã, palavra, aliás, bastante em voga, pois designa também o "chefe, a pessoa que comanda, que dirige" ou "atleta que representa a equipe":

· Na nossa gincana foi atribuído um prêmio as capitãs das cinco equipes.

· Sônia, capitã da PMAC por muitos anos, abandonou o voleibol repentinamente.

É CORRRETO DIZER “EU EXPLUDO”?

- Sim, perfeitamente correto. EXPLODIR não é verbo defectivo em si. Ele é conjugado conforme o verbo dormir, segundo dicionários especializados. Portanto, pode-se dizer "ele explode, eu expludo, ele que expluda o balão”. No Brasil, depois que o ex-presidente Figueiredo falou (corretamente) "expludo", criou-se o estigma e a má reputação do verbo, como se ele devesse ter explodido de outra forma: "Ele que se exploda!"

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A DIFÍCIL ARTE DE DEFINIR O AMOR

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Indague o leitor o quê é o Amor, se saberia defini-lo? Se não souber, não se assuste, pois em verdade ninguém conseguiu, ainda, uma definição precisa. O Amor tornou-se uma das mais raras experiências de vida. Sim, fala-se sobre ele, estórias são escritas, canções são compostas, filmes são feitos, vê-se na televisão, no rádio, nas revistas - uma grande indústria continuamente supre o mundo com a idéia do que seja o Amor. Muitas pessoas estão constantemente envolvidas nisso, ajudando outras a entenderem o que é o amor. Mas ainda assim permanece como fenômeno desconhecido para milhões de pessoas no mundo, quando deveria ser o mais conhecido.

O Amor é uma experiência tão pessoal e intransferível como a morte. E, aqui, neste texto, as trilhas são os filósofos, poetas, artistas, amantes, apaixonados, gente que reflete o tema na busca de uma resposta. Se desejar, caminhe comigo e dê-se conta que a vida sem amor é NADA. O amor é TUDO!

Mozart, na ópera "O Casamento de Figaro", faz o imberbe e adolescente Querubino perguntar: "Dizei-me, vós que o sabeis: o que é o amor?" - todo o mundo se esgoelou, mas ninguém lhe respondeu a contento. Poetas e filósofos não conseguiram aproximarem-se mais do que eles (Mozart e Querubino) na difícil definição. E a característica mais notável a respeito é que todas as respostas discordam uma das outras.

Platão, por exemplo, sustenta ser o amor uma apreciação da beleza, principalmente da beleza das idéias abstratas e dos conceitos matemáticos. Descartes afirma que o amor é uma emoção em que a alma é incitada a juntar-se, de bom grado, a objetos que se afiguram agradáveis.

Dante, encerrando sua obra gigantesca, vinca o amor como uma verdade cósmica: "O amor que move o sol e as outras estrelas". O Fausto de Marlow espera que Helena o torne imortal com um único beijo. Walter Scott resume, sob o ponto de vista dos românticos, o amor como a força que age e domina a vida dos seres humanos, ao dizer: ”O amor governa a corte, o campo, o bosque. E os homens embaixo e os santos em cima. Pois o amor é o céu e o céu é o amor”.

Com se pode sentir, só para ilustrar umas poucas definições, o Amor é uma questão de vida, nunca se esgota, nunca se acaba. O que uma pessoa deve desejar e querer, intensamente, é amar mais, sempre mais, cada vez mais, cada dia mais. E que posa viver o Amor entre um homem e uma mulher, pais e filhos, entre as pessoas na terra, entre o Céu e a Terra. Que esse AMOR traga a PAZ, a HARMONIA, a TRANQUILIDADE, também a PAIXÃO, o RESPEITO de uns pelos outros. Pois o Amor é a porta da FELICIDADE!

E, embora cada pessoa ame a sua maneira e o modo de amar tenha sofrido transformações, através dos tempos, o Amor, desde a idade da pedra (quando o homem saia da caverna, pegava a mulher pelos cabelos e trazia-a para si), ainda é o mesmo na sua base fundamental: o encontro da outra metade para a realização do verdadeiro ideal de convívio, compreensão e perpetuação da espécie. E mesmo que a concepção do amor varie segundo os costumes de cada povo, quase todas as definições e as formas de exercê-lo são atribuídas aos gregos quando lhe deram dois nomes: "Eros" (o amor carnal) e "Agape" (o amor espiritual).

Do que aqui se reflete, é romântico seguir Shakespeare, no romance Romeu e Julieta, por acreditar que esse tipo de amor tem sempre, na sua descoberta, momentos de revelação e de ampliação do quadro que é a vida. Pois é ele quem se anuncia na beleza das flores, no azul do mar e do céu, no verdor das matas, na hora da Ave-Maria! Cantado em verso e prosa o Amor inspira o poeta a ver em tudo a sua essência. O Amor é também sentimento, atração, doação, alimento do corpo e da alma. O Amor é sentir a vida, é nascer de novo e diferente como se a vida mudasse o curso, querer a felicidade do outro acima de tudo, ficar feliz por dentro ouvindo o canto do próprio coração. Na verdade o Amor é tanta coisa e tanto que a definição deveria ser somente: SENTIR!!! SENTIR!!! SENTIR!!!

O SIGNIFICADO DO AMOR

O AMOR

A palavra amor (do Latim amor) presta-se a múltiplos significados na Língua Portuguesa. Pode significar afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc. O conceito mais popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objeto que seja capaz de receber este comportamento amoroso e enviar os estímulos sensoriais e psicológicos necessários para a sua manutenção e motivação.

Estudos têm demonstrado que o escaneamento dos cérebros dos indivíduos apaixonados exibe uma semelhança com as pessoas portadoras de uma doença mental. O amor cria uma atividade na mesma área do cérebro que a fome, a sede, e drogas pesadas, criando atividade Polimerase. Novos amores, portanto, poderiam ser mais emocionais do que físicos. Ao longo do tempo, essa reação ao amor muda, e diferentes áreas do cérebro são ativadas, principalmente naqueles amores que envolvem compromissos de longo prazo. O Dr.Andrew Newberg, um neurocientista, sugere que esta reação de modificação do amor é tão semelhante ao do vício as drogas, porque sem amor, a humanidade morreria.

Fala-se do amor das mais diversas formas: amor físico, amor platônico, amor materno, amor a Deus, amor a vida. É o tipo de amor que tem relação com o caráter da própria pessoa e a motiva a amar (no sentido de querer bem e agir em prol). Assim, a temática do amor está presente em quase todos os filósofos gregos. O Amor é entendido como um princípio que governa a união dos elementos naturais e como princípio de relação entre os seres humanos. No campo da filosofia, por exemplo, depois de Platão só os platônicos e os neoplatônicos consideraram o amor um conceito fundamental.

Em Plutarco o amor é a aspiração daquilo que carece de forma (ou só a tem minimamente) às formas puras e, em última instância, à Forma Pura do Bem. Em "As Enéadas",Plotino trata do amor da alma à inteligência; e na sua Epistola ad Marcelam, Porfírio menciona os quatro princípios de Deus: a fé, a verdade, o amor e a esperança. No pensamento neoplatônico, o conceito de amor tem um significado fundamentalmente metafísico ou metafísico-religioso.

Outro ponto fundamental sobre o Amor é que, para ele ocorrer, não importa os níveis - social, afetivo, paternal ou maternal, fraternal – ele deve ser permitido. O que significa ser amor permitido? Bem, de fato quase nunca se pensa sobre isso, porque passa tão despercebido que atribui-se a um comportamento natural do ser humano ou de outros seres vivos. Mas não, a permissão aqui referida tem por base um sentimento de reciprocidade capaz de dar início e alargar as relações de afetividade entre duas ou mais pessoas que estão em contato e que por ventura vêm a nutrir um sentimento de afeição ou amor entre si.

A permissão ocorre em um nível de aceitação natural, mental ou físico, no qual o ser dá abertura ao outro, sem que sejam necessárias quaisquer obrigações ou atitudes demeritórias ou confusas de nenhuma das partes. A liberdade de amar, quando o sentimento preenche de alguma forma a alma e o corpo e não somente por alguns minutos, dias ou meses, mas por muitos anos, quiçá, eternamente, enquanto dure e mais nas lembranças e memórias.

Saindo da filosofia e caindo no mundo real, é fato que muitas vezes nos enganamos ao pensar num sentimento eterno. Há pessoas incapazes de amar, porque não amam nem a si. São criaturas estranhas, misteriosas, que deveriam ser estudadas pela ciência. Isso porque possuem atitudes que nos inquietam, surpreendem, causam perplexidade, melancolia, estresse.

Entende-se, ainda, que no mundo há gente de todo tipo, os mais estranhos, que não podemos evitar, de um dia qualquer, cruzar com elas. São criaturas que habitualmente machucam, arranham, ferem, rasgam, dilaceram, porque não possuem, dentro de si, aquele sentimento mais nobre dos seres humanos: AMOR.

Assim, quando um dia, um de nós, cruzar com um caminhante dessa geografia, é prudente apegar-se na fé em Deus, seguir em frente, desviar-se, acalmar o coração, permitir que o tempo cure as feridas. Não se deve chorar nem sofrer a desesperança pela perda de um AMOR. A porta por onde ele saiu, não a feche, pois como entrar luz num lugar fechado?  Deixe-a aberta e, a qualquer momento, pode ser iluminada com a entrada de um novo alguém!

Mas não era só isso. Tinha de ter mais.... Eu queria falar do amor de quem ama; da maior riqueza desta vida, um bem espiritual cujo valor está acima de todos os bens que se possa ter, em bem que, quando verdadeiro, jamais acaba. O amor cultiva o amor, o amor faz o amor aumentar, atravessa crises, sobe acima das mais altas montanhas, desce às maiores profundezas da alma, percorre de novo as trilhas já percorridas com a graça do perdão e avança por novos caminhos com a luz da esperança.

Finalizando, por este momento, diz-se com Willian Shakespeare que lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor ainda.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

A GLOBALIZAÇÃO E O CAMINHO DA EDUCAÇÃO

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No século XVIII, o célebre cientista e pensador francês, conhecido pelo nome de Antoine Laurent de Lavosier, disse “no Universo nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Com estas palavras ele tornou conhecido o princípio da conservação da matéria e, mais do que isso, evidenciou que o movimento de transformação é o agente responsável pelo milagre evolutivo.

Hoje, em pleno século XXI, pode-se constatar que o signo da transformação extrapolou as fronteiras da química, ampliou-se e envolveu todos os aspectos da vida moderna: do individual ao coletivo, do social ao político, do nacional ao supranacional. Os paradigmas sobre os quais se estruturou a sociedade industrial são insuficientes e inadequados para que a nova sociedade global floresça. Assim, o fenômeno da globalização econômica é um processo que ocorre em ondas, com avanços e retrocessos, separados por intervalos que podem durar séculos.

Essas ondas da chamada globalização podem ser agrupadas da seguinte forma:

1 - a primeira onda: ocorreu por ocasião da ascensão do Império Romano. Enquanto os gregos se dedicavam à filosofia, em suas cidades-estados e ilhas, os romanos articulavam seu sistema legal, difundiam o uso da moeda e protegiam o comércio contra as investidas dos piratas. A educação romana se inspirou nos ideais práticos e sociais e pode ser dividida em três fases: pré-helenista, helenista-republicana, helenista-imperial. Com a queda do Império Romano houve uma feudalização política e comercial, pondo fim ao primeiro movimento de globalização.

2 - A segunda onda: veio nos séculos XIV e XV, ocasião em que o mundo ocidental ingressou nos descobrimentos marítimos. Nesse tempo a educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. O comércio internacional, com a abertura comercial para o Oriente, foi freqüentemente interrompido por guerras religiosas e dinásticas das monarquias européias. Foi nesse período que se falou, pela primeira vez, em globalização da economia. Isso coube ao Arcebispo de Florença, S. Antonino (1439), que na sua Suma Teológica, em que tratava de ética e economia, propôs uma economia moderna, concebida globalmente e cujo objetivo mais importante era promover a justiça social.

3 - A terceira onda: veio no século XIX, no final das guerras napoleônicas, quando nasce o ensino público. Nesse tempo, o liberalismo sobrepujou o mercantilismo e começou a ganhar espaço a democracia política. Mas essa nova onda globalizante sofreu abrupta interrupção com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

4 - A quarta onda: ocorreu logo após a Segunda Guerra Mundial e se acelerou com o colapso do socialismo (1989-1991). Essa retomada da tendência à globalização é caracterizada pelo aparecimento de organizações internacionais (ONU, Gatt - substituído pela OMC, Bird etc), pela formação de blocos regionais, como o Mercado Comum Europeu (atual UE-União Européia), pela expansão das empresas multinacionais, pelo crescimento do comércio internacional e pela interligação dos mercados financeiros, possível graças à revolução da telemática. A educação é tida como o maior recurso de que se dispõe para enfrentar essa nova estruturação do mundo.

5 – A quinta onda: a atual, a mais rápida de todas, pois trouxe a revolução nas comunicações e maior avanço dos meios de transportes, em geral. Também é mais abrangente, envolve comércio, produção e capitais, serviços, arte, educação etc. Não sem razão, essa quinta onde de globlização tem causado mais apreensão do que entusiasmo. Os meios de transporte e de comunicação, cada vez mais velozes, estão modificando a "cara" do planeta. A Educação deve acompanhar as mudanças no mundo e tornar-se o motor da nova história.

Assim, com a chegada dessa atual globalização -- que para muitos se confunde com uma nova era, a do conhecimento -- a educação é tida como o maior recurso de que se dispõe para enfrentar a nova estruturação do mundo. Dela depende a continuidade do atual processo de desenvolvimento econômico e social, também conhecido como era pós-industrial, onde se nota, claramente, um declínio do emprego industrial e a multiplicação das ocupações em serviços diferenciados, tais como comunicação, saúde, turismo, lazer e informação.

Em face desses cenários, tudo conduz ao pensamento de que neste século XXI a principal atividade "industrial" será o turismo. As pessoas passam a viajar mais. A arte, também, nesse processo de mudanças, passará a ter um papel mais importante do que teve até então, considerando que o tipo de profissional exigido no século XXI será um ser humano "global". Esse ser "global" terá por obrigação estudar durante toda a vida para se manter atualizado e ser, ao mesmo tempo, membro da sociedade do conhecimento.

Na era da informação, o conhecimento é um diferencial na crescente sociedade instruída, precisando, cada vez mais, de educação e aprendizado continuado. Hoje, todo cidadão precisa ter acesso à educação corrente e atual para participar, completamente, da era da informação e perceber seu potencial para eliminar limitações e criar oportunidades para viver, plenamente, dias melhores. É nesse sentido que deve caminhar a educação desse século XXI.

DICAS DE GRAMÁTICA

LIMPO OU LIMPADO, Professora?

- A regra gramatical é clara. Usa-se limpo com os verbos ser e estar: estava limpo o terreno; será limpo o quintal da casa. Usa-se limpado com os verbos ter e haver: havia limpado o pasto, terei limpado o forno?

QUANDO ALGUM É NENHUM

- A posição de uma palavra na frase pode mudar totalmente seu sentido. Quando algum vem antes do substantivo — eu tenho algum dinheiro — é porque eu tenho um pouco de dinheiro. Já a frase “Não tenho dinheiro algum” significa o contrário, que estou sem nenhum dinheiro.

sábado, 7 de agosto de 2010

IDIOMA: FERRAMENTA ESSENCIAL NO MUNDO DO TRABALHO

Em tempos de acelerada globalização, e de inglês como a língua franca para o acesso a prestígio e empregabilidade no mundo corporativo, é importante repensar o papel real que o bom domínio de Língua Portuguesa pode representar em tal cenário. Se saber inglês virou rotina e uma obrigação profissional, é necessário enfatizar que empresas de excelência, bem como caçadores de talentos desejam encontrar profissionais que saibam manejar bem o idioma pátrio. Ninguém deseja empregar uma pessoa que se expressa mal em seu idioma nativo. Por isso, utilizar bem a língua portuguesa é um diferencial competitivo para os profissionais das mais diversas áreas do conhecimento.

Parodiando o historiador inglês Theodore Zeldin, que escreveu, em seu livro Conversação, que à medida que se galga mais altos patamares no atual universo de trabalho mais se passa o tempo "conversando", pode-se afirmar, sem temor de exagero que, do mesmo modo, quanto mais se ascende na escala profissional, mais se necessita do bom uso da língua materna, mais se passa o tempo lendo e escrevendo. A comunicação escrita, malgrado a oralidade de nossa cultura e o uso de meios como o telefone e os audiovisuais, termina por se impor ao trabalho cotidiano. Não é preciso apenas ler, mas igualmente escrever bastante, mesmo que para tanto ninguém cobre um estilo fluente e impecável.

O mundo corporativo e globalizado exige cada vez mais aprendizado intelectual, envolvendo participações e apresentações em cursos, congressos e seminários, além de publicações de toda ordem, não é difícil imaginar que o papel desempenhado pela língua tende a crescer e a se valorizar. O idioma é uma ferramenta de trabalho essencial. O erro de Português, além de vexatório, compromete a imagem de qualidade que qualquer profissional precisa transmitir.

Falar, escrever, comunicar-se bem será, cada vez mais, uma exigência cotidiana. Para quem quer começar, a saída está ao alcance da mão. Ler bastante é a regra principal. Além disso, há vários livros no mercado que ajudam na tarefa de manter o português sempre atual. A Internet também pode ser um bom ponto de partida. Há várias páginas na rede que relacionam os erros mais comuns, dão dicas de redação comercial e facilitam a vida de quem deseja ter mais intimidade com a língua portuguesa.

É preciso que os profissionais se desvencilhem de hábitos equivocados e de uma cultura que sempre consagrou a língua como algo para intelectuais, juristas e literatos. É necessário repensar a língua como o primeiro e grande instrumento de comunicação de que dispõe o ser humano. Pois a experiência mostra que, se se pensar assim, os ganhos podem ser imensos, evitando-se prejuízos, mal-entendidos e aborrecimentos. Nunca é tarde para alguém aprimorar-se no idioma nativo, tanto na feição escrita quanto oral. Cada pessoa pode desenvolver e lapidar o que "naturalmente" já traz colado à percepção do mundo: o idioma nativo.

DICAS DE GRAMÁTICA

O CASO DO MIM E DO EU, DO TU E DO TE, COMO USAR?

- É comum as pessoas dizerem: Este livro é para mim ler. Qual o equívoco? O certo é para eu ler. Simplesmente não observamos que o mim torna-se o sujeito de ler. Pelas leis da gramática, mim e te não funcionam como sujeitos da ação. Logo: Para eu fazer, para eu ler, para eu escrever. Mim e te não praticam ação. Logo, mim não passa no vestibular; mim não namora, mim não vai a jogo de futebol. Eu, sim, passo no vestibular. Estudo para eu passar no vestibular.

EM PRINCÍPIO E A PRINCÍPIO, QUANDO USÁ-LOS?

- a princípio: à primeira vista, logo a princípio, inicialmente, primeiramente, de início, de entrada, no começo, de começo [ou na gíria: "de cara"].

· Pensamos, a princípio, que se tratava de um animal pré-histórico, mas depois constatamos que era simplesmente uma espécie rara de predador.

· A princípio, eu não sabia de nada, mas um dia ela me contou tudo.

- em princípio: em tese, em teoria, teoricamente, em termos, de modo geral; conforme Aurélio: "Antes de qualquer consideração; antes de tudo; antes de mais nada". O próprio dicionário deixa o significado mais claro no verbete ‘tese’: "Em tese. De acordo com o que se supõe; em princípio; em teoria".

· Vais assistir ao filme Bossa Nova conosco? – Em princípio, vou; mas dependo da confirmação de outro compromisso.

Em princípio, não estamos interessados em comprar nada.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

OS TIPOS DE INTELIGÊNCIA HUMANA

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Fala-se muito sobre a inteligência humana. Dizem haver pessoas mais inteligentes que outras. Há afirmações de que as mulheres são mais inteligentes que os homens, porque possuem maior sensibilidade, guardam, por maior tempo, informações na memória. Mas o que impressiona, na humanidade, é o fato de entre tantos seres vivos somente o ser humano possuir inteligência. Como esse caso se deu? Porque o homo erectus possui a inteligência ausente nos outros animais?
Segundo a ciência, a resposta se deve ao fato de o surgimento da inteligência na raça humana ser um evento fortuito, raríssimo, e cuja possibilidade de vir a ocorrer, novamente, num ambiente natural, diga-se, em outro planeta, é um número astronomicamente ínfimo. É um fenômeno raro de se repetir.
Na Universidade Harvard, há os estudos do famoso biólogo Ernst Mayr, que falam sobre a possibilidade de a natureza produzir seres inteligentes pelos processos evolutivos conhecidos. E, ali, ele afirma que os seres humanos são mesmo produtos sobrenaturais. De 30 milhões de espécies vivas, atualmente, e cerca de 50 bilhões de outras espécies vivas ou que já viveram e sumiram, somente o Homo sapiens desenvolveu inteligência superior. A média de sobrevivência de uma dada espécie, na Terra, anda por volta de 100.000 anos.
Com base nesses estudos de Harvard é possível dizer que a espécie humana atual, o Homo erectus, existe há 500.000 anos, aproximadamente. Mas foi há apenas 6.000 ou 8.000 anos a.C. que alguns homens abandonaram a vida selvagem, de caverna, e migraram à árdua agricultura, fato que tornou possível o aparecimento das primeiras aldeias sedentárias no Oriente Médio. Assim, os primórdios da civilização humana e urbana remontam aos mais primitivos sítios neolíticos, em Jericó, há 6000 a.C. e em Jarmo, no Iraque, há 4500 a.C.
Ainda, tomando por fonte os estudos da Universidade de Harvard, particularmente aqueles do psicólogo e neurocientista Daniel Goleman, há três tipos de inteligência:
1) A inteligência intelectual - É a inteligência analítica pela qual se elaboram conceitos e se faz ciência. Com ela organiza-se o mundo e soluciona-se problemas objetivos. Nessa classificação reside o famoso QI (Quociente de inteligência) ao qual se deu tanta importância em todo o século XX.
2) A inteligência emocional – É a inteligência que foi popularizada pelo psicólogo e neurocientista de Harvard, Daniel Goleman, com seu conhecido livro “A Inteligência emocional” (QE=Quociente emocional). Empiricamente ele mostrou o que era convicção de toda uma tradição de pensadores, desde Platão, passando por Santo Agostinho e culminando em Freud: a estrutura de base do ser humano não é razão (logos) mas é emoção (pathos). Os humanos são, primariamente, seres de paixão, empatia e compaixão e só em seguida, de razão. Quando se faz a combinação QI com QE é possível mobilizar a nós e aos outros.
3) A inteligência espiritual - A prova empírica desse tipo de inteligências nasceu de pesquisas recentes, feitas nos últimos dez anos, por neurólogos, neuropsicólogos, neurolinguistas e técnicos em magnetoencefalografia -- que estudam os campos magnéticos e elétricos do cérebro. Na convicção desses cientistas existe, nas pessoas, cientificamente verificável, outro tipo de inteligência pela qual não só são captados fatos, idéias e emoções, mas, também, percebidos nos contextos maiores de vida, totalidades significativas que dão sentido de pertencer ao Todo Universal. Essa inteligência torna o ser humano sensível a valores, a questões ligadas a Deus e à transcendência. Por isso ganhou o nome de inteligência espiritual. Também, por essa razão, neurobiólogos, como Persinger, Ramachandran e a física quântica Danah Zohar, batizaram essa região da inteligência dos lobos temporais de "o ponto Deus", que aciona a necessidade humana de buscar um sentido para a vida.
Então, entende-se a inteligência como o conhecimento chamado de raciocínio, que possui o ser humano, e utilizado por ele, através do que se conhece por memória. O raciocínio é a velocidade com que o ser humano recebe o conhecimento, enquanto a memória é o tempo que o conhecimento pode ser guardado na mente humana.
Por tudo que se leu sobre o assunto, os seres humanos podem possuir mais ou menos energia em suas células. Um homem pode possuir mais que outro, ou uma mulher mais que outra. Mas, habitualmente, as mulheres possuem mais energia que os homens. E como a mulher possui mais energia em seu cérebro, a velocidade do conhecimento para sua mente será mais lenta, mas, em compensação, a mulher, por esse mesmo motivo, demorará mais tempo que o homem para perdê-lo, ou seja, as mulheres possuem uma memória bem maior que a dos homens.
Assim, se se levar em conta que a inteligência é o conjunto formado pela memória mais raciocínio, os dois empatam. Porém a mulher, apesar de precisar de mais tempo para raciocinar, terá a memória a seu favor, e sempre terá opiniões mais sensatas que as dos homens, além de um temperamento bem mais calmo para chegar a conclusões satisfatórias e sensatas.
Agora, a questão crucial do ser humano atual, segundo estudos científicos, reside no fato de ele possuir a inteligência intelectual sem o desenvolvimento da inteligência sentimental. Daí nasce o conflito entre a razão e a emoção. E desse conflito surgem tantos episódios desabonadores da raça humana, como a brutalidade, a violência, a imbecilidade, a animalidade, o descontrole diante de fatos e situações da vida, como mostram jornais, telejornais, revistas, reportagens, todos os dias.
Concluindo, é nesse desequilíbrio do sentimento e da razão que repousa, atualmente, a dolorosa realidade do mundo. O grande erro das pessoas foi entronizar apenas a inteligência, olvidando os valores legítimos do coração nos caminhos da vida. Em decorrência disso o mundo vivencia cenas e situações que envergonham a humanidade.Então, é bom agir aliando a razão com a emoção, na busca de uma melhor qualidade de vida no Planeta Terra. O ser humano precisa viver, sempre, no mundo da felicidade!
DICAS DE GRAMÁTICA

ALUGAM-SE CASAS ou ALUGA-SE CASAS?

- Alugam-se casas. O verbo concorda, sempre, com o sujeito. Igualmente diz-se: Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados./Publicam-se livros.
COMPROU UM GRAMA DE OURO ou COMPROU UMA GRAMA DE OURO?
- Comprou um grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, a grama = capim etc.

terça-feira, 6 de julho de 2010

POR QUE UMA LÍNGUA MUDA COM O TEMPO?

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As pessoas ficam, sempre, a se perguntar por que uma língua não permanece estável no curso da vida? Uma língua muda porque é falada segundo os costumes, a cultura, as tradições, modernização tecnológica e o modo de viver da população. Depois, há para considerar o fator tempo que altera todas as coisas. Assim, não existe razão para que a língua escape a essa lei universal. A língua, igualmente as pessoas, quer palpitar, crescer, tornar-se flexível e colorida, enfim, viver.

A mudança que se observa numa dada língua, no decorrer do tempo, tem paralelo na mudança dos conceitos de vida, na mudança das artes, da filosofia, da ciência e até da própria natureza. Essa evolução temporal, mudança diacrônica ou história, é um dos aspectos mais evidentes da variação ou mudança que se processa em toda e qualquer língua. Antigamente, no Brasil, se falava cutex ao invés de esmalte, petisqueira no lugar de armário, penteadeira ao invés de cômoda, rouge no lugar de blanche, ceroula ao invés de cueca. São exemplos que ilustram a mudança diacrônica ou histórica.

Considera-se, também, que a língua varia no espaço, razão porque a língua portuguesa apresenta variedades nacionais e internacionais. É a mesma língua, mas com traços peculiares das regiões, dos países como Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola, Cabo Verde, Timor Leste, Brasil. Nesse campo, ilustram-se diferenças lexicais entre Português do Brasil e o Português de Portugal:

Banheiro

Quarto de banho

Açougue / Açogueiro

Talho / Talhante

Fila

Bicha

Ônibus

Autocarro

Trem

Combóio

Toca-fitas

Leitor de cassetes

Tela (de TV)

Écran

Um "acontecimento" no Brasil...

....é um "facto" em Portugal

Terno

Fato

Menino / garoto

puto

Meias masculinas

Peúgas

Cueca

Boxer

Multa

Coima

"meia"

6 (seis)

Galera

Turma

Embarcação

Galera

Usuário

Utilizador

Xerox

Fotocópia

Assim, as variedades nacionais de um idioma não apresentam uma uniformidade interna, são constituídas por variantes geográficas que os dialectólogos denominam dialetos. Também há as variações decorrentes dos diferentes grupos sociais a que pertencem os falantes, tal como variações de faixa-etária, sócio-culturais e sócio-profissionais. São exemplos de variações por faixa-etária: idoso>coroa>velho; homem>rapaz>tiozinho; baile>festa> balada. São exemplos de variações sócio-culturais: festa>arrasta-pé>piseiro; briga>confusão>furdunço>baixaria>barraco;namorar>ficar; moça> mina> filé. Exemplo de variação sócio-profissional no meio jurídico: Accipiens>credor de boa fé de prestação que não lhe é devida; actio in personam>ação pessoal ou sobre pessoa; ad hoc> Substituição temporária para o caso específico; ad judicia> para o foro em geral, para fins judiciais; ad referendum> na dependência de aprovação de autoridade competente; Caput> Cabeça; Corpus delicti> Corpo de delito.

Dos poucos exemplos que ilustram as mudanças e variações lingüísticas, observa-se ser impossível dar conta de todos os fenômenos de mudança e variação dentro de uma língua. É como diz o linguista Edward Sapir: “não podemos antecipar a deriva (*mudança – grifo nosso) e manter, ao mesmo tempo, nosso espírito de casta”, ou seja, sustentar, em meio à pluralidade social, uma modalidade castiça da língua. Ou dizendo, em outras palavras, manter o purismo lingüístico.

A língua falada e língua escrita também se contrapõem. Diz-se “Me empresta a caneta? Mas, dependendo das circunstâncias, ainda se escreve ”Empresta-me a caneta?”; “Eu lhe conheço” ao invés de “Eu o conheço”; Tem aula hoje? Ao invés de “Há aula hoje?”; “Vou sair” no lugar de “sairei”.

O estudo da língua como um diassistema, abordando todas as variedades, não é apenas importante, mas também indispensável para o conhecimento do idioma. Descrever uma língua, sincronicamente, é apresentá-la diastrática e diatopicamente e proceder à análise de seus fatos. No que diz respeito à Língua Portuguesa do Brasil, essa tarefa pertence àquelas pessoas que elaboram os Atlas Linguísticos até, então, publicados no país e daqueles em andamento, como é a confecção, sob nossa responsabilidade, do Atlas Etnolinguístico do Acre.

DICAS DE GRAMÁTICA

EXISTE MUITAS ESPERANÇAS ou EXISTEM MUITAS ESPERANÇAS NA ELEIÇÃO DE TIÃO VIANNA?

- Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. / Sobravam idéias. Assim, segundo a norma gramatical: Existem muitas esperanças na eleição de Tião Vianna.

VAMOS ASSISTIR O JOGO ou VAMOS ASSISTIR AO JOGO?

- O verbo assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes. Assim, é correto dizer: Vamos assistir ao jogo!

sábado, 19 de junho de 2010

AS RAÇAS FORMADORAS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

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Viajando pelo mundo, em contato com tantas gentes, fica fácil notar como a humanidade é composta de muitas populações (raças) que habitam regiões diferentes e se distinguem pela freqüência com que nelas ocorrem certos traços hereditários. Em cada nação as pessoas possuem aspectos físicos característicos e definidores daqueles que nascem ali. E, embora se observe nos tipos humanos feições físicas similares, não se pode dizer que exista um grupo racialmente puro. Isso porque as populações contemporâneas são o resultado de um prolongado processo de miscigenação, cuja intensidade variou ao longo do tempo.

No Brasil, entre o século XVI ao XVIII, em aproximadamente 15 gerações, consolidou-se a estrutura genética da população brasileira, com o entrecruzamento de africanos, europeus e índios. Ainda, no período colonial, franceses, holandeses e ingleses tentaram se estabelecer em território brasileiro e deixaram alguma contribuição étnica, embora restrita. Assim, de uma mistura de raças, em clima tropical, têm-se os povos do Brasil, uma gente bem diferente daquelas outras do resto do mundo. As três raças básicas formadoras da população brasileira são o negro, o europeu e o índio, em graus muito variáveis de mestiçagem e pureza. A miscigenação no Brasil deu origem a três tipos fundamentais de mestiço: Caboclo = branco + índio; Mulato = negro + branco; Cafuzo = índio + negro.

Indagam-se, agora, quem eram os povos que formaram a população brasileira? Eles eram assim:

a) Brancos – são povos europeus, na maior parte portugueses, que trouxeram um complicado caldeamento de lusitanos, romanos, árabes e negros, que habitaram Portugal. Os demais grupos, vindos em grande número para o Brasil, em diversas épocas -- italianos, espanhóis, alemães, eslavos, sírios -- também tiveram mestiçagem semelhante. A partir de então, a migração tornou-se mais constante. O movimento de portugueses para o Brasil foi relativamente pequeno no século XVI, mas cresceu durante os cem anos seguintes e atingiu cifras expressivas no século XVIII. Embora o Brasil fosse, no período, um domínio de Portugal, esse processo tinha, na realidade, sentido de imigração. Assim, o Brasil é o país de maior população branca do mundo tropical.

b) Negros – povos africanos trazidos para o Brasil como escravos, do século XVI até metade do século XIX (1850). Vieram destinados à lavoura canavieira, à mineração e à lavoura cafeeira. Pertenciam a dois grandes grupos: os sudaneses e os bantos. Os primeiros, geralmente altos e de cultura mais elaborada, foram, sobretudo, para a Bahia. Os bantos, originários de Angola e Moçambique, predominaram na zona da mata nordestina, Rio de Janeiro, Minas Gerais. Por fim, os africanos espalharam-se por todo o território brasileiro, em engenhos de açúcar, fazendas de criação, arraiais de mineração, sítios extrativos, plantações de algodão, fazendas de café e áreas urbanas. Sua presença projetou-se em toda a formação humana e cultural do Brasil, com técnicas de trabalho, música e danças, práticas religiosas, alimentação e vestimentas.

c) Índios - os indígenas brasileiros pertencem aos grupos chamados paleoameríndios, que provavelmente migraram em primeiro lugar para o Novo Mundo. Estavam no estádio cultural neolítico (pedra polida). Agrupam-se em quatro troncos lingüísticos principais: 1 - tupi; 2 - jê ou tapuia; 3 - caraíba ou karib; 4 - aruaque ou nu-aruaque. Há, além disso, pequenos grupos lingüísticos, dispersos entre esses maiores, como os pano, tucano, bororo e nhambiquara. Atualmente os índios acham-se reduzidos a uma população de algumas dezenas de milhares, instalados, sobretudo, nas reservas indígenas da Amazônia, Centro-Oeste e Nordeste.

Os principais grupos de imigrantes no Brasil são portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses, que representam mais de oitenta por cento do total. Até o fim do século XX, os portugueses aparecem como grupo dominante, com mais de trinta por cento, o que é natural, dada sua afinidade com a população brasileira. São os italianos, em seguida, o grupo que tem maior participação no processo migratório, com quase trinta por cento do total, concentrados, sobretudo, no estado de São Paulo, onde se encontra a maior colônia italiana do país. Seguem-se os espanhóis, com mais de dez por cento, os alemães, com mais de cinco, e os japoneses, com quase cinco por cento do total de imigrantes. Toda essa gente também participa do processo de mistura racial no Brasil.

Assim, nós brasileiros, segundo o mestre Darcy Ribeiro, “somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo”. Do branco, negro e do índio juntaram-se os mestiços na composição étnica da população brasileira, representados pelos caboclos (descendentes de brancos e ameríndios), mulatos (de brancos e negros) e cafuzos (de negros e ameríndios). E essa mistura de raças resultou, como se vê, a composição do povo brasileiro. E este povo está assim distribuído: predomina no litoral o tipo mulato e, no interior, o branco e vários mestiços. A população é mais índia no Norte, menos branca no Nordeste, mais índia e mais branca no Centro-Oeste e menos negra no Sul. No Sudeste, historicamente a área de maior desenvolvimento, há um pouco de todas as raças. Assim é o país, um mosaico de cor e raça, enchendo os olhos e encantando todos que aqui chegam.

DICAS DE GRAMÁTICA

HÁ ALGUMA DIFERENÇA DE SENTIDO ENTRE AS EXPRESSÕES TUDO BOM? E TUDO BEM?

Vejamos alguns significados do termo bem:
1) Com conforto físico; com comodidade; em boas condições de saúde: Sentiu-se bem depois do jantar; Estou bem aqui nesta poltrona.
2) Em boas condições psicológicas; em paz; à vontade: Sinto-me bem hoje.
3) Em bons termos, em harmonia: Ela não está bem com o marido.
4) Com saúde ou boa disposição: Dois dias depois da cirurgia, já estava bem.
Agora, vejamos significados de bom:
1) Que corresponde plenamente ao que é exigido, desejado ou esperado quanto à sua natureza, adequação, função, eficácia, funcionamento etc. (falando de ser ou coisa): O dia de hoje está bom; Tudo deste curso está bom.
2) Livre de algum mal físico, mental etc.: Enfim fiquei bom da gripe!
3) O que se deseja; o que faz bem; o que é perfeito ou superior: Tudo de bom para vocês! Não ocorreu nada de bom conosco naquele dia.
- Finalmente, analisando os significados de ambas as palavras, chega-se à conclusão de que tanto podemos usar uma quanto outra. Assim:
Tudo bem = Tudo em paz; tudo em bons termos, em harmonia.
Tudo bom = Tudo correspondendo ao que é esperado, livre de algum mal físico ou mental; tudo perfeito.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O SER HUMANO É AQUILO QUE FALA

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É fato que civilização tem dado extraordinária importância à escrita e, muitas vezes, quando nos referimos à linguagem, só pensamos no seu aspecto de representação formal. Esquecemo-nos, maior parte das vezes, que a linguagem é muito mais, é tradução do pensamento, da vida, das classes sociais, no meio físico, de homens e mulheres. Então, é fundamental não perder de vista que ao lado da forma escrita de uma língua, lhe há o lado mais básico, vivo, real, que é a manifestação oral, porque o ser humano é apenas metade de si mesmo; a outra metade é a sua expressão oral.

A língua, na concepção da ciência Sociolingüística, é intrinsecamente heterogênea, múltipla, variável, mutante, instável e sempre em desconstrução e reconstrução. Ao contrário de um produto pronto e acabado, a língua é um processo, um fazer-se permanente e nunca concluído. É uma atividade social, um trabalho coletivo, produzido por todos os seus falantes, cada vez que eles se interagem por meio da fala ou da escrita.

Por isso, nenhuma língua permanece uniforme em todo o seu domínio, ainda num só local apresenta um sem-número de diferenciações de maior ou menor amplitude. Existem tantas variedades lingüísticas quantos grupos sociais que compõem uma comunidade de fala. Essa variação pode acontecer de formas diferentes, até mesmo dentro de um único grupo social, como se tem verificado, aqui no Acre, ao longo dos anos. Há palavras e expressões próprias da cada lugar. As regiões do Acre, Juruá e Purus possuem traços peculiares.

Dessa forma, a variedade de uma língua que um indivíduo usa é determinada por quem ele é. Todo falante aprendeu, tanto a sua língua materna como uma particular variedade da língua de sua comunidade lingüística e essa variedade pode ser diferente em algum ou em todos os níveis de outras variedades da mesma língua, aprendidas por outro falante dessa mesma língua. Tal variedade, identificada segundo essa dimensão, chama-se dialeto.

Os estudos da Dialectologia Brasileira estão a apontar muitas variedades lingüísticas dentro do grande território nacional. Do norte ao sul se fazem presentes o falar amazônico, o nordestino, o baiano, o mineiro, o fluminense, o sulista entre outros que se subdividem, formando uma vasta diversidade.

E dentro dessa imensa diversidade, há duas línguas no Brasil: pois há duas línguas no país: uma que se escreve (e que recebe o nome de “português”); e outra que se fala (e que é tão desprezada que nem tem nome). E é esta última que é a língua materna dos brasileiros; a outra (“o português”) tem de ser aprendida na escola, e a maior parte da população nunca chega a dominá-la adequadamente, isso porque a educação escolar não é uma prioridade nacional e há, em pleno século XXI, milhões de analfabetos.

Por todas as nuances ou matizes que possui uma língua, não há como reproduzi-la, fielmente, na riqueza de sua oralidade. O que acontece é que existem graus de diferença nesta distância entre as duas formas da língua: a escrita e a falada.. As diferenças entre essas formas se acentuam dentro de um continuum tipológico,que vai do nível mais informal ao mais formal, passando por graus intermediários. A informalidade consiste em apenas uma das possibilidades de realização, não só da língua falada, como também da língua escrita.

Assim sendo, a linguagem é um fator de discriminação social, pois as diversidades lingüísticas provocam preconceitos dos falantes de uma variante mais elitizada aos falantes de uma variante menos favorecida, ocasionando dificuldades para estes últimos. E, numa sociedade dividida em classes, pode-se identificar a existência de duas variedades lingüísticas, dois “códigos”, determinados pela forma social: o “código elaborado” e o “código restrito”. Estes diferentes códigos resultam da diferença entre os processos de socialização que ocorrem entre as classes sociais.

E, dessa forma, como a língua espelha a cultura e expõe as formas de pensamento, o código lingüístico não apenas reflete a estrutura de relações sociais, mas também a regula. Assim, o ser humano aprende a ver o mundo pelos discursos que assimila e, na maior parte das vezes, reproduz esses discursos em sua fala, segundo a sua realidade social e cultural. E, desse modo, se a consciência é constituída a partir dos discursos assimilados por cada membro de um grupo social e se o ser humano é limitado por relações sociais, resulta não haver uma individualidade de espírito nem uma individualidade discursiva absoluta. Tudo reflete a pessoa integrada ao mundo físico-social em que vive.

Diz-se, finalmente, que o falante não é livre para dizer aquilo que quer, mas é levado, sem que tenha consciência disso, a ocupar seu lugar na escala social, expressando tudo aquilo que é, a partir do lugar que ocupa na escala social. Assim, a sua fala revela, além do seu pensamento, o seu nível cultural, a sua posição social, a sua capacidade de adaptação a certas situações, sua timidez, enfim, a sua forma de ser e ver o mundo.

DICAS DE GRAMÁTICA

QUANDO ALGUM É NENHUM?

- A posição de uma palavra na frase pode mudar totalmente seu sentido. Quando algum vem antes do substantivo — eu tenho algum dinheiro — é porque eu tenho um pouco de dinheiro. Já na frase: não tenho dinheiro algum, significa o contrário, que estou sem nenhum dinheiro.

UMA REGRA SEM EXCEÇÃO, EXISTE?

- Sim,uma regra sem exceção: todas as oxítonas terminadas em a são acentuadas nessa letra. Não falha uma: Pará, Paraná, chá, vatapá, gambá, pá, Iemanjá, saravá, fubá, babá, olá, xará, cará, dará, fará etc.

sábado, 5 de junho de 2010

POR QUE DEFENDER O USO DO GENTÍLICO ACREANO?

Este artigo objetiva trazer ao foco da discussão a defesa do gentílico acreano, cuja chama parece, hoje, apagada. Ninguém fala sobre o assunto, é um silêncio que dói na alma e lega à orfandade uma história de lutas, a adjetivação de um povo que elegeu o Acre para integrá-lo à pátria brasileira. Não somos um povo perdido, sem chão, mas uma heróica gente que escolheu sua pátria, assim como seu gentílico. Então, sejamos altaneiros em defesa do nome que designa às pessoas nascidas sob o brilho do sol, da lua e das estrelas que ornamentam o céu do Acre.

Compreendo que o gentílico acreano é forma consagrada pelo uso regional desde o século XIX. Por isso, retirá-lo do VOLP, por força do Acordo Ortográfico, será contristar a comunidade regional na sua alma, além de apagar lindas páginas da epopéia acreana, ferindo tradições e costumes profundamente enraizados, desde a conquista deste solo. E a língua é a mais extraordinária engrenagem por onde circula a cultura de um povo.

Considero, também, que um gentílico não se muda por força de Acordo, Decreto, Lei. Um gentílico pertence à população do lugar, é nome sagrado que se guarda como um tesouro raro, que dá voz ao adjetivar um povo. E nesse particular, consagrou-se no meio lingüístico, em todos os tempos, as sábias palavras do grande gramático Fernão de Oliveira (1536) que “os homens fazem a língua, e não a língua os homens”.

Ademais, há consenso, entre os estudiosos, que os adjetivos gentílicos não seguem um padrão para as suas terminações. Essa ausência de padrão pode ser vista em nomes relativos às cidades. A maior parte deriva diretamente do nome do local, em sua forma corrente, ou então da etimologia toponímica. São exemplos que demonstram essa ausência de padrão: Lisboa: lisboeta, lisbonense, lisboês, lisbonês, lisbonino, olisiponense; Nova Iorque: nova-iorquino; Buenos Aires: bonaerense, buenairense ou portenho; Londres: londrino; Paris: parisiense.

Os exemplos denotam que não há na língua gentílico para todos os topônimos, mas há sempre a possibilidade de criá-los, com fácil aceitação geral. Ainda, é fato consagrado que quando um gentílico ganha força do uso ele se torna Lei. Um gentílico não se muda, ele está preso à vida, à alma do lugar, enraizado nas tradições, costumes. E a linguagem é o veículo tradutor de todo o arcabouço cultural de um povo, uma comunidade.

Para categorizar norma e uso, importante recorrer a autores consagrados, que ditaram rumos seguros para o trilhar de um idioma. O primeiro deles é Charles Bally, ao afirmar que uma palavra torna-se usual em duas oportunidades principais: 1) quando designa algo indissociavelmente ligado à vida de um grupo lingüístico; 2) quando dá a qualquer membro do grupo lingüístico a impressão de que isso não se diz assim, isso deve ser dito assim, isso aqui sempre foi e será dito assim. E mesmo que tais assertivas contradigam a expectativa de constante evolução da linguagem, elas se constituem em realidade absoluta, sem a qual seria impossível descrever um estado de língua.

O segundo teórico é o romeno Eugenio Coseriu, cuja preocupação não se resume em perguntar por que as línguas mudam, mas sim porque as mudanças ocorrem tal como ocorrem. E no espaço geográfico do Acre se impõe, por força do Acordo Ortográfico dos países losófonos, a inovação acriano. Soa como uma imposição que a comunidade não aprecia escrever ou ouvir. Pois, em linguagem, o falante é soberano na liberdade expressiva de dizer do mundo, ainda mais daquele no qual está integrado. Acreano é uma variação regional, eleita pela população há 129 anos.

O terceiro deles é o gramático e filólogo Evanildo Cavalcanti Bechara — a pessoa da Academia Brasileira de Letras que vai apreciar a matéria da mudança do gentílico — homem extremamente sensível às questões de linguagem e, em especial, acolhedor das tradições. Em sua gramática (2001), quando se dedica a conceituar língua, trata de duas possibilidades: a língua histórica e a língua funcional. Assim, a língua seria um produto histórico e, ao mesmo tempo, uma unidade idealizada, devido à impossibilidade de alcançar, na realidade, uma língua que se quer homogênea, unitária.

O gramático também considera que a língua nunca é um sistema único, mas um conjunto de sistemas, que encerra em si várias tradições. Veja-se ser reconhecedor das tradições e, por conseguinte, um seguidor delas. E continua ele: “Uma mesma língua apresenta diferenças internas: no espaço geográfico, no nível sócio cultural e no estilo ou aspecto expressivo”.

Compreende-se, então, ser fundamental, no caso acreano, olhar dois lados: o histórico e o lingüístico. O histórico assegura a manutenção de acreano, pela consagração do uso da forma ao longo de 129 anos. Do lado lingüístico deve-se considerar que o próprio Acordo está repleto de concessões ou exceções que permitem dupla grafia, palavras com acento agudo ou circunflexo, palavras com consoantes mudas, entre as muitas quebras de unidade entre o cânone europeu e o brasileiro.

Feitas essas remissivas, julgo ser um grande desserviço à pátria brasileira, bem como nova injustiça contra o povo acreano, decorrido mais de um século de uso, considerar-se errado um gentílico conquistado, constituído como signo de origem e de destino de um povo que lutou para determinar seu futuro e eleger sua pátria. O Brasil deve sentir orgulho dos acreanos que construíram o Acre e o legaram à Pátria Amada.

A população acreana não almeja, hoje, ferir tratados, acordos, decretos. Deseja tão somente o respeito da nação por sua história e tradição, bem como o reconhecimento dos intelectuais, pelo viés histórico, na convalidação dos tratados internacionais e nacionais, do nome que vem impregnado de lutas, sangue, glórias. Acreano é o gentílico construído pela tradição do povo Amazônico do Acre. E, nesse sentido, nenhum Acordo é mais imperioso que os costumes, a história, a tradição do lugar.

DICAS DE GRAMÁTICA ANTÁRTIDA ou ANTÁRTICA?

- No Brasil, a hesitação vai pouco a pouco se resolvendo em favor da forma internacional Antártica. Embora nossa legislação vacile entre as duas possibilidades Antártida e Antártica.

DESTRO/DESTREZA
- O que é ter destreza, mostrar destreza? É ter habilidade, agilidade, aptidão. Mas o primeiro sentido que aparece nos dicionários para “destreza” é “qualidade de destro”. E o que é “destro” (que se lê “dêstro”, com o “e” fechado, segundo os dicionários)? É “direito”, ou “que fica do lado direito”. Como a maioria das pessoas tem mais agilidade com a mão direita (destra) do que com a esquerda, a habilidade acabou sendo chamada de “destreza”.

A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.