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terça-feira, 23 de novembro de 2010

EDUCAÇÃO É A BÚSSULA QUE PERMITE NAVEGAR NO MUNDO

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O livro “Educação, um tesouro a descobrir”, sob a coordenação de Jacques Delors -- um político europeu de nacionalidade francesa, que foi presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995 -- trata de forma didática e prioritária dos quatro pilares de uma educação para o século XXI. Associa esses pilares a algumas máximas da Pedagogia Prospectiva e subsidia o trabalho de pessoas comprometidas com a busca por uma educação de qualidade. Segundo ele, na página 89 de seu livro: "À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele".

Para Jacques Delors, a analogia com a prática pedagógica se mostra quando diz que a educação deve preocupar-se em desenvolver quatro aprendizagens fundamentais, que serão para cada indivíduo os pilares do conhecimento e da formação continuada, quais sejam:

1 - Aprender a conhecer - É necessário tornar prazeroso o ato de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento para que não seja efêmero, que se mantenha através do tempo, que valorize a curiosidade, a autonomia e a atenção, permanentemente. É preciso, também, pensar o novo, reconstruir o velho, reinventar o pensar.

2 - Aprender a fazer - Não basta preparar-se com cuidados para inserir-se no setor do trabalho. A rápida evolução por que passam as profissões pede que o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em equipe, desenvolvendo espírito cooperativo, de humildade na re-elaboração conceitual e nas trocas, valores necessários ao trabalho coletivo. Ter iniciativa, gostar de certa dose de risco, ter intuição, saber comunicar-se, saber resolver conflitos e ser flexível. Aprender a fazer envolve uma série de técnicas a serem trabalhadas.

3 - Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros - No mundo atual este é um importantíssimo aprendizado por ser valorizado quem aprende a viver com os outros, a compreender os outros, a desenvolver a percepção de interdependência, a administrar conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no esforço comum. Impossível conceber um mundo onde as pessoas não saibam conviver.

4 - Aprender a ser - É importante desenvolver sensibilidade, sentido ético e estético, responsabilidade pessoal, pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade, iniciativa e desenvolvimento integral da pessoa em relação à inteligência. A aprendizagem precisa ser integral não negligenciando nenhuma das potencialidades de cada indivíduo.

A partir dessa visão dos quatro pilares do conhecimento, podem-se prever grandes avanços na educação. O ensino-aprendizagem voltado apenas para a absorção de conhecimento, que tem sido objeto de preocupação constante de quem ensina, deverá dar lugar ao ensinar a pensar, saber comunicar-se, saber pesquisar, ter raciocínio lógico, fazer sínteses e elaborações teóricas, ser independente e autônomo, enfim, ser socialmente competente.

No atual cenário de mudanças políticas, o país presencia momento importante: a demanda por educação. Com isso a sociedade e as instituições, em uníssono, movimentem-se no atendimento a esta urgência nacional. Esta é uma tarefa importante e é isso que se espera que o Brasil faça. Temos materiais e temos idéias. É preciso pôr em prática todos os estudos e projetos para a modernização da educação.
Para mudar a atual história educacional do Brasil é urgente lograr conquistas, avançar muito, cortar as cordas que impedem o crescimento, exercitar a cidadania plena, aprender a usar o poder da visão crítica, entender o contexto do mundo globalizado. Enfim, ser o ator da própria história, cultivar o sentimento de solidariedade, lutar por uma sociedade mais justa e solidária e, acima de tudo, acreditar sempre no poder transformador da Educação.

DICAS DE GRAMÁTICA

HÁ DEZ ANOS ou HÀ DEZ ANOS ATRÁS, Professora?

- Há dez anos atrás é uma redundância. e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.
POSSO DIZER “ENTRAR DENTRO”?
Por Deus, NÃO!!! É outra redundância, assim como “sair fora ou para fora”, “elo de ligação”, “monopólio exclusivo”, “já não há mais”, “ganhar grátis”, “viúva do falecido”.
VENDA A PRAZO OU VENDA À PRAZO?
"Venda à prazo" não existe! Não se usa crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.

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Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Pesquisadora Sênior da CAPES.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

IDIOMA É A MAIOR FERRAMENTA NO MUNDO DO TRABALHO

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Em tempos de acelerada globalização e de inglês como a língua franca para o acesso a prestígio e empregabilidade no mundo corporativo, é importante repensar o papel real que o bom domínio de Língua Portuguesa pode representar em tal cenário. Se saber inglês virou rotina e uma obrigação profissional, é necessário enfatizar que empresas de excelência, bem como caçadores de talentos desejam encontrar profissionais que saibam manejar bem o idioma pátrio. Ninguém deseja empregar uma pessoa que se expressa mal em seu idioma nativo. Por isso, utilizar bem a língua portuguesa é um diferencial competitivo para os profissionais das mais diversas áreas do conhecimento.

Parodiando o historiador inglês Theodore Zeldin, que escreveu, em seu livro Conversação, que à medida que se galga mais altos patamares no atual universo de trabalho mais se passa o tempo "conversando", pode-se afirmar, sem temor de exagero, que, do mesmo modo, quanto mais se ascende na escala profissional, mais se necessita do bom uso da língua materna, mais se passa o tempo lendo e escrevendo. A comunicação escrita, malgrado a oralidade de nossa cultura e o uso de meios como o telefone e os audiovisuais, termina por se impor ao trabalho cotidiano. Não é preciso apenas ler, mas igualmente escrever bastante, mesmo que para tanto ninguém cobre um estilo fluente e impecável.

O mundo corporativo e globalizado exige cada vez mais aprendizado intelectual, envolvendo participações e apresentações em cursos, congressos e seminários, além de publicações de toda ordem, não é difícil imaginar que o papel desempenhado pela língua tende a crescer e a se valorizar. O idioma é uma ferramenta de trabalho essencial. O erro de Português, além de vexatório, compromete a imagem de qualidade que qualquer profissional precisa transmitir.

Falar, escrever, comunicar-se bem será, cada vez mais, uma exigência cotidiana. Para quem quer começar, a saída está ao alcance da mão. Ler bastante é a regra principal. Além disso, há vários livros no mercado que ajudam na tarefa de manter o português sempre atual. A Internet também pode ser um bom ponto de partida. Há várias páginas na rede que relacionam os erros mais comuns, dão dicas de redação comercial e facilitam a vida de quem deseja ter mais intimidade com a língua portuguesa.

É preciso que os profissionais se desvencilhem de hábitos equivocados e de uma cultura que sempre consagrou a língua como algo para intelectuais, juristas e literatos. É necessário repensar a língua como o primeiro e grande instrumento de comunicação de que dispõe o ser humano. Pois a experiência mostra que, se se pensar assim, os ganhos podem ser imensos, evitando-se prejuízos, mal-entendidos e aborrecimentos. Nunca é tarde para alguém aprimorar-se no idioma nativo, tanto na feição escrita quanto oral. Cada pessoa pode desenvolver e lapidar o que "naturalmente" já traz colado à percepção do mundo: o idioma nativo.

DICAS DE GRAMÁTICA

A MORAL E O MORAL SÃO A MESMA COISA, PROFESSORA?

- Não! O moral diz respeito ao ânimo, à disposição e ao estado de espírito das pessoas: "o moral da classe estava baixo depois da prova de matemática", "o técnico melhorou o moral do time". A moral corresponde à ética, moralidade, lição, conduta: "seguia a moral religiosa", "entendeu a moral da história?"

O CASO DO MIM E DO EU, DO TU E DO TE, COMO USAR?

- É comum as pessoas dizerem: Este livro é para mim ler. Qual o equívoco? O certo é para eu ler. Simplesmente não observamos que o mim torna-se o sujeito de ler. Pelas leis da gramática, mim e te não funcionam como sujeitos da ação. Logo: Para eu fazer, para eu ler, para eu escrever. Mim e te não praticam ação. Logo, mim não passa no vestibular; mim não namora, mim não vai a jogo de futebol. Eu, sim, passo no vestibular. Estudo para eu passar no vestibular.

EM PRINCÍPIO E A PRINCÍPIO, QUANDO USÁ-LOS?

- a princípio: à primeira vista, logo a princípio, inicialmente, primeiramente, de início, de entrada, no começo, de começo [ou na gíria: "de cara"].

· Pensamos, a princípio, que se tratava de um animal pré-histórico, mas depois constatamos que era simplesmente uma espécie rara de predador.

· A princípio eu não sabia de nada, mas um dia ela me contou tudo.

- em princípio: em tese, em teoria, teoricamente, em termos, de modo geral; conforme Aurélio: "Antes de qualquer consideração; antes de tudo; antes de mais nada". O próprio dicionário deixa o significado mais claro no verbete ‘tese’: "Em tese. De acordo com o que se supõe; em princípio; em teoria".

· Vais assistir ao filme Bossa Nova conosco? – Em princípio, vou; mas dependo da confirmação de outro compromisso.

· Em princípio não estamos interessados em vender esse imóvel.

DE ONDE VÊM OS NOMES DAS PESSOAS?

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Há muitas indagações sobre a origem e significado dos nomes das pessoas. Por isso, faz-se, aqui, breve reflexão sobre as razões ou motivos que conduzem os pais na escolha de um nome para os filhos. Estudos embasados na ciência Antroponímia podem responder a muitas indagações da curiosidade humana. Os antropônimos, segundo a Onomástica ou Onomatologia, podem ser estudados sob dois aspectos principais: lingüístico - da sua origem ou criação (etimologia); social ou psicossocial - escolha ou razões por que os nomes são empregados (cresiologia). É este último que direciona o presente texto.

Antropônimos religiosos – a fé, adoração ou veneração a Deus motiva muitos nomes. Aqui a criança é posta sob a proteção de Deus ou é declarada amiga, serva ou pertença dele: Abdiel "meu servo é Deus"; Tobias "o meu bem é Deus"; Elias "meu Deus é Javé"; Teófilo: "amigo de Deus"; Demétrio "pertencente à deusa Deméter"; Carmelo e Carmen "da divindade (adorada) no monte Carmelo”.

Antropônimos criados pelas circunstâncias do nascimento - o parto dificultoso deu origem a diversos nomes: Benôni: "filho da minha dor"; Jacó "ele segura o calcanhar de Esaú"; Sérvio "o salvo, o livre (do parto atribulado)"; Agripina ou Agripino “criança que no parto anormal apresenta primeiro os pés”; César "o que tem cabelos compridos, o cabeludo", ou se relaciona com o verbo "cortar" e aqui se compara à expressão — operação cesariana.

Antropônimos motivados pelas circunstâncias do tempo do nascimento - Lúcio, Lúcia "o que ou a que nasceu à luz do dia ou ao romper d' alva"; Domingos é "o nascido num domingo"; Natália, Natalino, pessoas nascidas no dia do Natal; Epifânio e Hosana se referem ao domingo de Ramos; Pascual, Pascualino, nascidos na Páscoa; Januário, nasceu em janeiro.

Antropônimos criados pelas circunstâncias do lugar do nascimento ou proveniência – Herculano “da antiga cidade de Herculano”; Madalena "da cidade de Mágdala", na Galiléia; Caetano "natural de Caieta ou Gaeta"; Libânio "o do Monte Líbano”; Oceana, aquela que nasce no mar; Marina, que vive no mar; Guido, Silvestre, nascem no mato; Vaspiano, nasceu a bordo de um avião da Vasp.

Nomes alusivos às qualidades morais e físicas – Eusébio, "pio, religioso"; Agamenon "muito circunspeto, de muita reflexão"; Sebastião "augusto, magnífico"; Veríssimo: "amante da verdade"; Constantino "constante, perseverante"; Frederico "senhor ou príncipe da paz"; Rachid: "justiceiro"; Nabiha “esperta, vivaz"; Astolfo "impetuoso, violento como o lobo"; Everardo "forte como o javali"; Leopoldo "audacioso como o povo"; Rogério "lança de celebridade"; Ranulfo "lobo do conselho"; Otoniel "leão de Deus"; Abel "sopro, hálito".

Nomes alusivos às qualidades ou particularidades físicas - Cláudio "coxo"; Plauto "o de pés chatos"; Maximo “o de alta estatura; Esaú “o cabeludo”; Maluf “engordado, gordo”; Boccaccio “de boca larga, bocarra”“.

Nomes alusivos à cor da tez, dos olhos ou dos cabelos - Aurélio, Aureliano: "da cor do ouro"; Níger, Nigrino "negro, de cor preta"; Albino "albino, alvo, branco"; Bruno “o de olhos ou cabelos castanhos”; Bianca “de cor branca”.

Nomes alusivos às profissões – George, Jorge "agricultor"; Licurgo “caçador de lobos"; Ptolomeu "guerreiro"; Cícero: "ervilheiro, plantador de ervilhas"; Fábio "plantador de favas"; Monteiro "caçador dos monteiros, oficial da casa real que dirigia as caçadas reais".

Nomes históricos ou provenientes de Instituições - Romeu "peregrino que ia a Roma receber indulgências do papa"; Vilar, Vila, Vilela, referem-se às vilas medievais; Novais, o senhor de terra Novalis; Couto e Coutinho, referem-se a terras privilegiadas por autoridade dos reis de Portugal; Otto,Odette "riquezas, propriedades".

Antropônimos alusivos a nomes de santos - Mercês (por nascer a 24 de setembro, no dia de Nossa Senhora das Mercês); Rita de Cássia (22 de maio). Conforme a invocação de Nossa Senhora, têm-se muitos nomes: Maria da Encarnação, M. Bernadette, M. da Graça, M. dos Prazeres, M. das Dores, M. do Rosário, M. de Lourdes, M. da Luz, M. da Assunção, M. da Conceição, M. do Carmo, M. das Neves, M. da Candelária; M. da Fé, M. de Terço, M. Custódia, M. Celeste, M. da Adoração, etc.

Motivos de família ou amizade – o nome do pai ou da mãe, do avô, da avó, tio, padrinho, de um amigo, de um benfeitor é dado à criança: Claudionor (m.) = Cláudio e Leonor; Silvanir (f.) = Sílvio e Nair; Erlice (f.) = Ernesto e Alice; Eral (m.) = Ernesto e Alice; Fredericindo = Frederico e Gumercindo; Joedy = José e Matilde (padrinhos); Lydiomar = Lydio e Maria Jomar = José ou João e Maria. Quatro irmãos têm nomes terminados em y : Pery, Aracy, Osny, Darcy.

Motivos diversos - provenientes do arbítrio, acaso, superstição, fantasia, moda, gosto: Armâncio, Alvacir, Adyail, Acrelinda, Claudir, Clésio, Claudemir, Claudinei, Dalmy, Dilza, Dylma, Darvi, Edivir, Edevair, Eny, Erivan, Edyr, Eloyr, Elmes, Elleny, etc.

Conclui-se dizendo que a origem do nome das pessoas decorre da necessidade: a) de citá-las; b) de chamá-las; c) de distingui-las entre as demais, dentro da família e da comunidade. Por isso a existência dos antropônimos é fenômeno documentado entre os povos do mundo, pois toda criatura necessita de um nome que a identifique, a distinga entre as outras. O aparecimento do segundo nome, ou sobrenome, em algumas raças, surgiu em tempos relativamente recentes, pois à medida que as pessoas se multiplicam no mundo a necessidade de identificá-las aumenta também. Assim, quando o nome tradicional já não é suficiente, nascem outras formas de nomeação, ora mostrando ascendência, profissão, origem ou alguma outra característica que possa estabelecer a diferença entre os seres humanos.

DICAS DE GRAMÁTICA

EU TENHO DE ou EU TENHO QUE?

TENHO DE - quando o sentido for de obrigação, necessidade, desejo ou interesse.

Exemplos:
- O Brasil terá de importar arroz.
- O trabalho tem de ser iniciado hoje.
- Eles tinham de sair cedo.
- A prefeitura teve de indenizar os desapropriados.

TENHO QUE - quando expressar possibilidade.

Exemplo: É possível que você tenha que me emprestar o carro hoje.

DE BAIXO ou DEBAIXO?

Nosso idioma parece estar marcando, aqui, a distinção entre "lugar onde" e "lugar DE onde".

1) Ele estava debaixo da cama (onde)

2) Ele saiu de baixo da cama (de onde)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

DILMA É PRESIDENTE OU PRESIDENTA?

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Temos o resultado das Eleições Presidenciais. Mais de uma centena de observadores estrangeiros, provenientes de 45 países, estiveram aqui. Eles viram um Brasil gigante, realizar uma eleição moderna, ágil, segura. As edições virtuais dos principais jornais do mundo destacam a vitória da petista Dilma Rousseff, como a sucessora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Jornais importantes estamparam manchetes sobre o acontecimento. No alto de sua Home Page, o New York Times, o mais prestigiado periódico do mundo, destaca logo no título: “Sucessora escolhida por líder brasileiro vence a Presidência”. No texto, assinado por jornalistas da agência de notícias Reuters, o jornal destaca que a “ex-líder de guerrilha” venceu depois de prometer ser fiel aos projetos que “ergueram milhões da pobreza e fizeram do Brasil uma das economias mais quentes do mundo”.
O periódico espanhol El País traz a conquista da petista na manchete de seu site. Sob o título “Dilma, primeira mulher que alcança a Presidência”. O El País diz que a petista precisará montar um governo próprio, com uma forma própria. “É quase certo que manterá por pelo menos um ano o atual ministro da Economia, Guido Mantega.”
O jornal francês Le Monde, com menor destaque, também registra o resultado das eleições no Brasil. No texto publicado, o diário classifica Dilma como uma “herança política de Lula”, de quem teria assimilado toda a “popularidade recorde”, e uma sobrevivente após um câncer aos 62 anos.
O inglês The Guardian também registra que o país elegeu sua “primeira mulher presidente”, confirmando os resultados das pesquisas eleitorais. Em um texto publicado na capa de seu site, o diário chama a presidente eleita de “ex-rebelde Marxista”.
E a partir de então essa mulher tem em suas mãos os desafios que o Brasil deverá enfrentar. Eles são numerosos. Apontam-se alguns dentre os mais relevantes: a) o problema da disparidade de renda, um dos maiores do mundo; b) o desafio de harmonizar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental e a inclusão do maior número possível de brasileiros no sistema do emprego formal; c) a substituição da malha rodoviária por um sistema de ferrovias torna-se também urgente; d) a situação do país no MERCOSUL; e) o papel do país do mundo; f) o combate à violência; g) a atenção e o cuidado à saúde do povo brasileiro; h) a igualdade de trabalho entre homens e mulheres; i) a erradicação da miséria; j) e, como Professora de Língua Portuguesa, peço que ela seja PRESIDENTE do Brasil, que olhe pela educação como uma alavanca para que possa realizar seu programa de governo, então esboçado no seu primeiro pronunciamento à nação.
Agora, a questão fundamental que titula este artigo: Presidente ou Presidenta? A quem recorrer para saber o que é certo? Essa é a pergunta das perguntas, para usar um hebraísmo sintático. Pode-se recorrer à etimologia, à analogia ou ao uso. Quanto à etimologia, “presidente”, está lá no Houaiss, vem do latim praesìdens, éntis, particípio presente de praesidére ‘estar assentado adiante, ter o primeiro lugar; estar à testa de, dirigir, administrar’; ver sed(i)-; f.hist. sXV presidente, sXV presidemte, sXV presedemte.
A palavra nasceu de um particípio latino. Os “particípios” têm esse nome porque são, ao mesmo tempo, verbos (por isso têm tempos) e nomes (por isso são declinados), “participando” da natureza de ambos. O lado adjetivo da palavra latina pertence à segunda classe, que segue a terceira declinação. Adjetivos latinos da segunda classe têm uma só forma para o masculino e feminino. O homem sentado à frente é praesidens, a mulher sentada à frente será igualmente praesidens. À medida que o adjetivo foi se substantivando, manteve o uso e a flexão. Por isso, pela etimologia, todos esses substantivos são uniformes, ou seja, com raras exceções, os substantivos terminados em “E” são comuns de dois gêneros, e apenas o artigo os define como masculino e feminino. Portanto, como Dilma Rousseff está eleita deve ser chamada de PRESIDENTE e jamais PRESIDENTA.
Aqui, a analogia confirma a etimologia: porque paciente e cliente também servem para ambos os gêneros. Mas há quem diga “presidenta”, embora não haja quem diga “clienta” ou “pacienta”. Talvez, no futuro, o uso mude, “presidenta” venha a se tornar a norma e, por analogia, passemos a falar em clientas e pacientas.
De qualquer forma, o povo faz a língua e não a língua o povo, isso já dizia Fernão de Oliveira, nosso primeiro gramático, em 1936. Daqui por diante veremos como o povo vai promover a escolha. Diria que o país deve ser elegante, vernacular, privilegiar a forma erudita que é “a Presidente Dilma Rousseff”.

DICAS DE GRAMÁTICA

PRESIDENTE ou PRESIDENTA, Professora?
- A forma erudita é Presidente. É bonito dizer: A Presidente do Brasil Dilma Rousseff. O feminino não é obrigatório, mas pode ser usado. Por isso o Dicionário Aurélio registra a forma feminina, com “a”, a Presidenta. Entretanto, há para considerar, nesse contexto, que a Academia Brasileira de Letras é conservadora, embora considere as duas formas. A acadêmica Nélida Piñon, quando eleita, sempre se apresentou como a primeira PRESIDENTE da Academia Brasileira de Letras. Patrícia Amorim, desde sua eleição, sempre foi tratada como a presidente do Flamengo. Por vezes, a forma feminina ganha à feição pejorativa, como é o caso de CHEFA e PARENTA. Resta saber como Dilma vai desejar ser chamada. Mas Presidenta dói no ouvido!

COMO DILMA SE INTITULOU NO SEU DISCURSO À NAÇÃO?
- A Presidenta do Brasil! Vejam, acho que a senhora presidenta está dando um tiro no pé ao se autodenominar assim. Não é necessário forçar a expressão do gênero, basta provar que é competente, como já foi dito. Além do mais, ninguém é obrigado a usar uma palavra só porque ela consta no dicionário, vide a questão do “perca” (perda) que está lá no dicionário, mas é feia de doer. É preferível dizer: a Presidente Dilma Rousseff!

A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.