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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

TIPOLOGIA DAS LÍNGUAS DO MUNDO

 

O artigo traz reflexão sobre a tipologia das línguas do mundo. Muitos estudos apontam uma divisão ou classificação entre as línguas, separando-as em isolantes, aglutinantes e flexivas. Esses estudos tiveram início com Adam Smith (1761) e se desenvolveram a partir do século XIX, sobretudo na Alemanha, por meio dos irmãos Freidrich e August Schlegel. Eles, baseados na comparação estrutural entre línguas (Lyons, 1979), definem tipos e classificam uma língua como se ela pertencesse apenas a um único tipo. Esses estudos podem ser identificados como classificação tipológica das línguas. E essa classificação procura descrever vários tipos lingüísticos encontrados entre as línguas, a partir de um único parâmetro gramatical.

Na avaliação do lingüista Eugênio Coseriu, trata-se de uma “distinção tipológica de validade geral”. A partir de então lhe foi possível fazer as dicotomias “línguas sintáticas” e “línguas morfológicas”, “línguas paradigmáticas” e “línguas sintagmáticas” que, em última instância, não passam da distinção entre línguas antigas (como o Grego, o Latim e o Sânscrito) e aquelas modernas da Europa (Francês, Inglês, Espanhol, Italiano, Português etc), tendo a palavra como unidade básica. É essa classificação tripartite de Schlegel que dá origem à formulação da classificação morfológica “clássica” de tipos de línguas: isolantes (ou monossilábicas), aglutinantes, flexivas (ou fusionantes) e polissintéticas.

As línguas isolantes não possuem flexão. As informações gramaticais expressas por flexão em línguas flexionais aqui são expressas por palavras invariáveis. O Chinês e muito mais o Vietnamita são os exemplos mais comuns desse tipo de língua.

As línguas aglutinantes unem afixos comumente invariantes a uma raiz, de tal forma que pode haver vários morfemas facilmente identificáveis em uma palavra. De outra forma, a palavra se compõe de morfes, sendo que cada um representa um morfema, havendo conservação da identidade fonológica dos morfes. Trata-se, portanto, da não correspondência entre morfemas e certos segmentos de palavra. O Turco, o Japonês e o Húngaro são geralmente classificados como aglutinantes.

  Nas línguas flexivas os morfemas são representados por afixos. Há, nesse caso, uma dificuldade de identificar precisamente as diferentes partes dos afixos. Como exemplos de línguas flexionais mencionam-se o Russo, o Latim e o Grego antigo. Na frase latina Puellam bellam amo (‘Eu amo a bela garota’), a terminação –am, no nome e no adjetivo, marca feminino, singular e acusativo e a terminação –o do verbo refere-se à primeira pessoa do singular, sujeito e presente do indicativo. As palavras latinas não podem ser segmentadas em morfes, senão de forma arbitrária, e isso é o que diferencia as línguas flexivas das aglutinantes. Não se trata de uma diferença de estrutura gramatical entre línguas “flexivas” e “aglutinantes”, mas do modo como são representadas as unidades gramaticais mínimas, seja fonológica ou graficamente. Juntos esses dois tipos de língua compõem o grupo das “inflexivas”, no dizer de Lyons (1979).

São polissintéticas (ou incorporântes) as línguas que fazem grande uso de afixos e freqüentemente incorporam o que outras línguas expressariam por meio de nomes e advérbios a elementos que se assemelham a verbos. São identificadas como polissintéticas a língua Inuktitut (Irlanda) e algumas línguas indígenas americanas.

O lingüista Edward Sapir (1921) revisou a tipologia morfológica do século XIX e dividiu as propriedades morfológicas em dois parâmetros independentes, chegando a três tipos de línguas em termos do número de morfemas: analíticas (um morfema por palavra), sintéticas (um pequeno número de morfemas por palavras) e polissintéticas (um grande número de morfemas, particularmente muitas raízes, por palavra) Distinguiu quatro tipos em termos da alteração dos morfemas: isolante (sem afixação), aglutinante (simples afixação), fusional (alterações morfofonêmicas consideráveis) e simbólica (supletiva). Trata-se, na verdade, de um refinamento do que havia sido feito anteriormente, resultando numa complexa tipologia das línguas que possibilita mostrar como elas expressam diferentes tipos de conceitos: “concretos”, “derivacionais” e puramente relacionais.

O Latim é uma língua sintética. Sua sintaxe pertence ao grupo das línguas de declinação. E difere da sintaxe do Português, língua analítica. A função sintática dos nomes no Português é indicada, geralmente, pela posição (rígida) que o nome ocupa na frase ou por uma preposição. No Latim isso acontece de forma inversa: Os romanos mataram os inimigos na luta. (sujeito + verbo + objeto direito + adjunto adverbial). As terminações nominais variam apenas em gênero e número. A posição dos sintagmas é que determina sua função sintática. É diferente dizer Os inimigos mataram os romanos na luta.

Importante para nós, que estudamos as línguas do mundo, é compreender que cada língua reflete o caráter de uma nação, na expressão do seu pensamento e sua arte. Uma língua nasce da sintonia mental de cada povo e suas idiossincrasias. Logo, cada língua reflete a cultura de seus falantes.

DICAS DE GRAMÁTICA

HAJA VISTA ou HAJA VISTO?

A primeira. "Haja vista" é expressão verbal perifrástica, isto é, desenvolvida, que equivale à forma sintética veja. O elemento "haja" é flexão do verbo haver na terceira pessoa do imperativo afirmativo e "vista" não pode ser substituído por "visto", pois se refere a vista mesmo, com o sentido de "olho". Tal expressão deve, portanto, ser empregada de forma invariável e tem como objeto direto às palavras que a seguem. Assim, temos "O povo brasileiro cansou-se do atual modelo econômico, haja vista o resultado das eleições de 2006" e "A inflação não está sob total controle, haja vista as contínuas elevações dos preços em energia e combustíveis".

PERDA ou PERCA?

As duas, cada uma com seu sentido. Elas são palavras parônimas e costumam ser indevidamente empregadas uma pela outra. Entretanto, se estivermos atentos para seus significados, não há razão para as confundirmos. Vejamos:

Perda - Substantivo que significa "privação de alguém ou de alguma coisa que se possuía", como em "Houve perda de receita no último ano" e "Mário entristeceu-se com a perda do amigo”.

Perca - Flexão do verbo "perder" na primeira e terceira pessoas do singular do presente do subjuntivo e primeira e terceira pessoas do singular do imperativo: "Você quer que eu perca a partida, não é?" e "Não perca a esperança”.

São, pois, incorretas frases como "Não desejo que ele perda a fortuna" (correto: perca) e "Isso é perca de tempo" (correto: perda).

SABER ESCREVER É UMA EXIGÊNCIA DO MUNDO ATUAL

 

Tenho observado a grande dificuldade dos estudantes, nas escolas, com a comunicação escrita. Eles dominam a língua portuguesa na feição oral, mas quando chega à hora de escrever é um Deus nos acuda... Muitas vezes não entendem ser a língua escrita diferente da feição oral. A escrita requer aprendizado, domínio das regras gramaticais e textuais. Então, é preciso saber que a linguagem e, sobretudo, a comunicação escrita, conta com especialistas, requer aprendizado. Não é — como o processo educacional leva-os a acreditar — uma coisa natural. Natural é a fala, não a escrita. É por isso que a escrita conta com tantos aparatos: dicionários, gramáticas, revisores, editores, intérpretes, etc.

De outra parte, a dificuldade não está, apenas, com os estudantes, considerando que muita gente boa não domina a feição escrita da língua, quando esta é indispensável no mundo atual. Já passou o tempo em que às pessoas ficavam somente nas palavras... Agora é importante saber escrever, é uma exigência do mercado de trabalho. O mundo está repleto de mensagens eletrônicas, manuais, revistas, códigos de conduta, relatos, cartazes, anúncios, enfim, um mundo de leituras. A pessoa lê, registra, arquiva, reflete, analisa e escreve. Porém, não há nada de anormal em não se saber escrever, segundo a expectativa de um padrão ditado por razões sociais e culturais. Tem gente no alto escalão da República que não sabe escrever, embora saiba falar. Mas isso não simboliza modelo para ninguém seguir. Pois mesmo diante de dificuldades, não se deve deixar de escrever bons textos, considerando ser a escrita fonte de criação, conhecimento, memória, interação social e sucesso profissional garantido.

Ainda, a comunicação escrita, dependendo do contexto e da finalidade, assume características muito peculiares. Por isso, não se pode pensar o texto como algo monolítico, como uma família em que todos tenham a mesma fisionomia. Há textos e textos, e assim é preciso que os redatores [escritores] se dêem conta dessa numerosa diversidade. Para muitas pessoas escrever um simples ofício é tarefa tão árdua quanto falar em público: as palavras nunca parecem adequadas, as idéias recusam-se a seguir uma ordem lógica e o resultado final, quase sempre, fica abaixo das expectativas. E, nestes tempos de comunicação virtual, as pessoas parecem estar perdendo a capacidade de escrever. E o pior, estão dando pouca importância à qualidade da comunicação escrita, cada vez mais restrita às mensagens telegráficas dos e-mails.

Assim, face às expectativas do mundo atual, é basilar saber escrever. Isso não significa que cada pessoa se torne um especialista da escrita. Não, não é isso. Porém é preciso reconhecer que uma capacitação técnica ajuda e muito a melhorar o desempenho cotidiano. Desse modo se ganha tempo, produtividade e excelência. Mas isso — fique claro — nada ou pouco tem a ver com gramática, como muitos pensam. A urgência reside na necessidade cotidiana e imperiosa de se escrever e de se utilizar a língua como ferramenta de trabalho.

Por isso tudo é importante seguir um aprendizado, mas com a certeza que ele não acontece por "milagre" e nem será do dia para a noite que há de se aprimorar a comunicação escrita. Escrever é como andar de bicicleta: uma questão de prática. Só se aprende tentando. É preciso investir na capacitação profissional, porque cada pessoa é aquilo que fala e escreve. Alguns escrevem mais e melhor que outros. Então, se é importante competir, também é importante dominar esse código da escrita, não apenas desenhando letras, mas produzindo textos (orais e escritos) que digam daquilo que cada um é diferentemente do outro. Aí, então, a comunicação escrita fará a diferença no mundo do trabalho, hoje tão competitivo, garantindo o sucesso das pessoas.

DICAS DE GRAMÁTICA

A PÉ, DE PÉ, EM PÉ?

· Estar a pé = estar sem carro, "desmotorizado". Ir (vir, viajar etc.) a pé = deslocar-se sem qualquer tipo de veículo.

· Estar / ficar de pé = continuar firme, subsistir, resistir, manter-se.

· Estar em pé = estar ereto sobre seus próprios pés, sem ser sentado ou deitado. Nesta acepção, também se diz de pé: Permaneci de pé / em pé a missa toda.

A FAVOR ou EM FAVOR?

São expressões equivalentes, cujo uso varia muito em razão do antecedente: vento a favor, nem contra nem a favor; trabalhei em seu favor, fiz um pedido em favor do compadre.

Ex.: Os políticos evitam se posicionar a favor / em favor do aborto.

ASSUNÇÃO ou ASCENSÃO?

Cada forma com um sentido diferente. Veja:

Assunção = ato de assumir; elevação a um cargo.

Ascensão = ato de ascender; subida

Ex.: Desejamos transmitir nossos parabéns por sua assunção no cargo de governador desse próspero Estado.

Dizem as más línguas que nada explica tão rápida ascensão na vida.

PALAVRAS DIRIGEM E COMANDAM A VIDA

 

O texto traz reflexão sobre o poder, a magia, a força das palavras. Tantas pessoas vivem sem preocupação com as palavras, esquecendo-se que elas dirigem e comandam a vida, movem o mundo. O termo ‘palavra’ vem do latim 'parabola', de origem grega [parabole]. Em sentido popular exprime o som articulado, que contém um sentido ou um significado. Usar a palavra significa falar, manifestar um pensamento por meio de discurso ou orações faladas.

As palavras foram às primeiras grandes ferramentas do espírito e do conhecimento humano. O aumento do conhecimento muitas vezes pode ser traçado estudando-se a história das palavras. As palavras são armas poderosas, podem confortar, magoar, fazer sorrir ou chorar. Uma palavra pode manifestar carinho, pode ser uma ofensa, uma promessa e até tapa na cara, mais que isso, a palavra tem o poder de exprimir idéias. Muitas vezes as palavras saem da boca sem que tenham passado pelo cérebro, ou ao contrário, passam tantas vezes pelo cérebro que se perdem e acabam virando um pensamento que não pode ser externado por palavras. Por isso, talvez, canta sabiamente o rei Roberto Carlos: "palavras são palavras, e a gente nem percebe o que disse sem querer, e o que deixou pra depois". Assim, uma comunicação mal feita pode deixar a pessoa sem achar um jeito para explicar, e esperando que a outra possa aceitar um pedido de desculpas.

Mas, afinal, o que são as palavras? Elas são tudo na vida. Sustentam os negócios no mundo. Nas trocas, nas vendas, no diálogo para dentro e para fora. São elas que garantem um lugar no mercado ou fora dele, quando equivocadas. As empresas sobre elas saltitam perigosamente, como em caminho de pedras, em meio a escuma dos inquietos meandros de uma economia. Palavras fazem toda a diferença na vida das pessoas. Toda gente é dirigida por palavras, sejam de pais, filhos, amigos ou inimigos elas atingem a todos, indistintamente. Mesmo no silêncio elas inquietam. Sussurradas pela memória de uma experiência gratificante, são renovadoras. Gritadas pela consciência traída, são devastadoras.

Vêm-se que as palavras têm demasiado poder, pois da mesma forma que dizem coisas, têm o poder de destruir um coração, uma nação. Um bom advogado, pelo uso da palavra, pode libertar ou condenar uma pessoa. Uma desculpa bem dada salva um relacionamento, mas se as palavras tiverem sido mal empregadas, desfazem-se famílias, empregos, amizades, negócios. Palavras ditas, palavras cantadas, palavras escritas. Riqueza. O bom uso das palavras enriquece as pessoas.

Vive-se na era da informação e informação nada mais é do que o agrupamento e o processamento de palavras. Quanto maior for o número de palavras que alguém conhece, quanto maior seu vocabulário, maior a chance de crescimento. Toda pessoa culta é pessoa rica. Rica de conhecimento, de companhia, de liberdade. O maior risco no uso das palavras é não se fazer entender. Muitas vezes as pessoas falam coisas que não chegam aos ouvidos do interlocutor. E não há nada pior neste mundo do que ser mal entendido. Corrigir demora e nem sempre se obtém êxito. E coisa ruim na vida é quando se diz palavras a alguém que entende outras. Por isso o processo de comunicação deve ser pensado, elaborado. Ninguém toma de volta palavras ditas, pronunciadas. Por vezes, nem o perdão resolve.

Dessa forma, as palavras têm tanta força, tanto poder, que quando expressadas fazem efeito na vida, e essa influência poderá ser boa ou ruim, dependendo das idéias que carregam. Sempre foi assim, como diz a Bíblia (João,1:1),"No início era o verbo". E o verbo ainda hoje cria o universo humano. A palavra é muito poderosa, pode condenar, salvar, iluminar ou mandar a escuridão, pode fazer adoecer, curar e dar esperança, fazer alguém feliz ou infeliz. Através da palavra pode-se deificar uma pessoa, profetizá-la ou amaldiçoá-la. Por uma palavra deixa-se alguém alegre ou triste. Palavras são meios de transporte, como o trem, a bicicleta e o avião, navios, barcos. A palavra dá vida, esperança. As palavras são essas ferramentas fantásticas que comandam a vida e tanta gente não dá importância a elas. Por isso tudo é muito bom cuidar das palavras. Dizem que uma pessoa é aquilo que diz a boca. Sendo assim, é prudente cuidar das palavras, afinal, elas dirigem a vida da gente.

DICAS DE GRAMÁTICA

SENTAR-SE À MESA ou SENTAR-SE NA MESA?

Ninguém se senta na mesa para comer, seria anti-higiênico e indelicado, portanto as pessoas sentam-se à mesa. Normalmente, senta-se no banquinho, numa cadeira, mas na mesa não. Da mesma forma que não nos sentamos no piano para tocar, mas nos sentamos ao piano. Outra questão. O verbo sentar no sentido de dobrar o próprio corpo é reflexivo: sentar-se, embora no coloquial o verbo "sentar" esteja se tornando intransitivo, como na frase: Sentou no chão.

SEJA/ ESTEJA

Seja/sejam, esteja/estejam são formas corretas dos verbos ser e estar. Não existem seje/sejem nem esteje/estejem. Já o verbo desejar faz o presente do modo subjuntivo em deseje, desejes, deseje, desejemos, desejeis, desejem.

A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.