Pesquisar este blog

domingo, 8 de janeiro de 2012

Falar bem o idioma pátrio é um dever cívico

 

       O idioma é um símbolo de identidade de uma nação. Seu uso determina a origem de pessoas que nasceram num país e o escolheram para ali viver. Há países que usam mais de um idioma em seu território, determinando-os como língua oficial, o que pode dificultar a comunicação entre seus habitantes. O Brasil tem como língua oficial o idioma português falado em todo o seu imenso território.
     Todo o cidadão tem o direito e o dever de falar corretamente a sua língua materna. No caso da língua portuguesa -- com muitas regras e exceções que dificultam o seu uso adequadamente -- é indispensável que cada cidadão faça esforço para bem se comunicar, garantindo, assim, a unidade nacional do idioma pátrio. O Governo Brasileiro deve ter uma preocupação com o ensino vernacular, oferecendo-o como ferramenta de ascensão social e sucesso profissional. O bom uso do idioma é imprescindível desde as conversas informais na família e na sociedade, objeto de estudo apurado nas escolas, onde os alunos devem aprender, oficialmente, o idioma como disciplina obrigatória.
     Todavia, observa-se, nos últimos tempos, um falar descuidado entre camadas sociais e os veículos de comunicação. Fica a parecer que ninguém respeita o idioma pátrio. Há muita gente boa dizendo: “boa noite a todos e a todas - ao invés: Boa noite Senhoras e Senhores"; "Assisti o jogo na Arena da Floresta - ao invés: Assisti ao jogo no Arena da Floresta". De modo que o falar negligente tornou-se comum entre as pessoas de qualquer camada social, fato que prejudica o aprendizado de crianças e de jovens que não se preocupam com este valor nacional. O mais preocupante é observar que professores também não primam pelo bom uso da língua portuguesa. Esquecem-se que ensinar uma disciplina passa, necessariamente, pelo uso da língua pátria, pois não se aprende que não seja por meio das palavras. É a linguagem que traduz todas as ciências, todos os saberes.
     Este tema tem primordial importância, por isso deveria ser discutido com maior frequência nas instituições educacionais. Estas deveriam priorizar o ensino do português como dever cívico, como mola propulsora para a compreensão das ciências, da vida, da natureza, dos seres humanos.
     Aliás, se há preocupação do governo em oferecer educação de qualidade, este será um princípio básico para educar o cidadão brasileiro. Para isto, é imprescindível que todos os envolvidos com educação estejam apaixonados pelo seu trabalho, pois da paixão nasce o desejo de realização, buscando caminhos, estratégias, recursos para alcançar os resultados esperados. Somente assim as ações educadoras se difundirão para além dos muros da escola, levando os pais a se tornarem parceiros dos professores e se interessar pela educação dos filhos, mostrando o valor dos conhecimentos da língua portuguesa para a vida futura.
     Comunicar-se é próprio do ser humano, mas falar bem a língua pátria é valorizar a terra, o civismo, a profissão, o país. É, por fim, defender a boa empregabilidade, o sucesso profissional. Escuta-se, com pesar, uma tendência ao falar descuidado, com “erros” de concordância, regência, sintaxe. Ouve-se muito: a terceira pessoa do verbo com a segunda, como ”tu gosta”, “tu faz” e assim por diante. Há também outros vocábulos pronunciados de qualquer forma, como se o falar descuidado fizesse parte do linguajar do povo e as pessoas acreditassem que é assim que o povo entende. Observam-se, lamentavelmente, políticos que usam esse pretexto para praticar demagogia nos discursos empolgados, tentando atrair adeptos, crentes de que eles falam a língua do povo. Um Presidente da República que não preza a Língua Nacional está negando sua importância como idioma pátrio, desvalorizando um dos princípios básicos da cidadania. Já dizia o grande jurista e político Rui Barbosa que “falar bem a sua língua é um dever e um direito do cidadão”.
     A responsabilidade paira entre os mais cultos e, principalmente, entre as aqueles que atuam como liderança no cenário nacional, dando exemplo cidadania, fazendo com que o povo aprenda, corretamente, a falar seu idioma nativo, evitando vocábulos chulos e palavras de baixo calão, assim também os vícios de linguagem como o tal “tipo assim”.
     Se há um órgão que pode mudar este estado de coisas, esta displicência do falar, com certeza, é o Estado, que também precisa se apaixonar pelos resultados que serão obtidos, oferecendo condições dignas ao trabalhador da educação, oportunizando uma formação adequada e salário justo, compatível com a responsabilidade que lhe é determinada.
     Deve-se primar pelo bom uso da língua mãe, de um vocabulário rico, cantado pelo grande poeta brasileiro, Olavo Bilac, em “A última flor do Lácio”, tendo o cuidado de falar corretamente, fazendo dessa prática um gesto que dignifique a pátria onde nascemos.

DICAS DE GRAMÁTICA
PROFESSORA, EXISTE DIFICULDADES  NA CONJUGAÇÃO DOS VERBOS VER E  VIR?
- Sim, muitas dificuldades: Ontem eles vieram e eles viram = pretérito perfeito do indicativo; Se ele vier, se ele vir ("vir", do verbo ver) = futuro do subjuntivo; se ele viesse, se ele visse = pretérito imperfeito do subjuntivo.
A segunda dificuldade, em relação a ver e vir, também é referente à conjugação, mas agora o problema são palavras semelhantes: vir, vimos...
"Vir" tanto pode ser o infinitivo do verbo vir quanto o futuro do subjuntivo do verbo ver: "Se você o vir (verbo ver), diga-lhe para vir (verbo vir) até aqui. O mesmo se sucede com todas as pessoas: "Se vocês os virem, digam-lhes para virem até aqui".

"Vimos" tanto pode ser a primeira pessoa do plural do presente do indicativo do verbo vir quanto a primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo do verbo ver: "Nós vimos aqui vê-la porque ontem nós vimos o que aconteceu contigo”.

Nenhum comentário:

A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.