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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

ACREANA RIBEIRINHA CHEGA À TERRA DOS BANDEIRANTES

 

Uma pessoa que nasce em meio à Floresta Amazônica, em lugar longínquo e de difícil acesso, conhece as dificuldades da vida e sabe que as oportunidades são raras. É assim para muita gente que nasce no interior do Acre, precisamente nas cabeceiras do rio Humaitá (afluente do rio Muru, que é afluente do rio Tarauacá). Eu nasci no rio Humaitá, Seringal São Luís. Dali ao município de Tarauacá se leva oito dias de barco, subindo o rio até sua cabeceira. Aprendi a andar e a falar convivendo com indígenas, num lugar isolado do mundo, onde não havia rádio, luz elétrica, geladeira, livros, escola.Um local distante do dito “mundo civilizado”.

Por sorte e felicidade, ao completar seis anos, meus pais me levaram para o Instituto Santa Terezinha, em Cruzeiro do Sul. Ali vivi os dez anos de internato que mudaram a minha vida. Um colégio alemão, com excelente ensino. Sai aos 16 anos para ingressar no Curso de Letras e de Direito da UFAC. Foram anos maravilhosos. Ao término do Curso de Letras, logo passei a integrar o quadro de professores da Universidade Federal do Acre. Depois vieram o Mestrado, o Doutorado, o Pós-Doutorado. Foram muitas Graças que recebi de Deus, assim como força e determinação para passar dias e noites estudando, pesquisando, confrontando teorias e compreendendo suas aplicabilidades.

No ano de 1994, há exatamente 18 anos, à convite do Chiquinho Araújo, então Diretor de Redação do Jornal “A Gazeta”, comecei a escrever uma coluna semanal para o jornal. Creio ter sido uma das primeiras pessoas a escrever um texto por semana no referido periódico. Fiz isso com muita alegria, pois desejava devolver ao Acre um pouco do muito que me ofereceu. Desejava popularizar o ensino da Língua Portuguesa, área de minha formação. Pensava nos jovens pobres como eu, que não podiam comprar livros. Assim, com os meus textos, eles poderiam colecionar aspectos importantes da gramática portuguesa, fazendo recortes do jornal. Afinal muitos estudantes não podem comprar livros, que são produtos caros no Brasil.

De fato, isso funcionou muito bem. Os pais, os avós, tios, tias, passaram a recortar as DICAS DE GRAMÁTICA para passar aos sobrinhos, filhos, netos, amigos, para que se preparassem melhor para o vestibular. Mas eu não poderia fazer tão somente isso, seria cansativo para os leitores. Então trazia, também, um texto motivador e, ao final, as lições de gramática.

As temáticas preferidas sempre estiveram no campo da Língua Portuguesa, a arte de bem escrever. Todavia, às vezes, ficava repetitivo falar sempre sobre o mesmo tema. O objetivo era despertar o interesse pela leitura e também pela gramática. Como professora, sabia que o cotidiano exige conhecimentos variados. Daí passei a falar sobre outros assuntos, os mais diversos: Felicidade, Sonhos, Amizade, Respeito, Ética, Educação, Religião, Fé, Verdade, Dignidade, Humanidade, Escola, Leitura, Ser bom aluno, Ser professor, Ser pai, Ser mãe, Ser Mulher, Casamento, Filhos, Família, Costumes, Vida, O mundo etc. Muitos temas, inúmeros textos.

Escrevi para “O Página 20” uns bons anos. Depois passei a escrever também para o Jornal “Agência Amazônia de Notícias, com sede em Brasília, onde tenho muitos leitores. Depois, em abril de 2011, veio o “Gosto de Ler”, com sede nos Estados Unidos. Ali tenho 190.000 leitores. Nesse meio tempo criei o Blog “Linguagem e Cultura”, onde tenho 130.000 leitores. E em todos esses veículos há um interação escritor/leitor. A recepção sempre foi boa e isso me conduzia a ser mais exigente com o que escrevia. E muitos assuntos brotaram, milhares de leituras para fundamentar os textos, sempre no sentido de bem informar, trazer pensamentos e opiniões coerentes com as leituras e a vida pragmática.

Decorridos esses dezoito anos de trabalho intenso em produzir textos, os mais variados, no 06 de novembro de 2012 recebo uma carta – via e-mail – Pedido nº245/2012 da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, assinada por Beatriz Scavazza, Coordenadora de Gestão de Tecnologias Aplicadas à Educação de São Paulo, onde solicita os diretos autorais de meus textos para integrarem as reformulações dos materiais didáticos do Projeto “São Paulo faz escola”. Diz a carta: “ Os estudos e análises desenvolvidos por professores e agentes educacionais do Estado resultaram na proposta de revisão dos materiais denominados Caderno do Professor e Caderno de Atividades do aluno, que serão reeditados em 2013 e ganharão uma nova edição. (...) Solicitamos a licença de uso dos seus textos por um período de cindo anos , 2013-2017, para fazer parte do conteúdo dos Cadernos que serão distribuídos na rede pública do Estado de São Paulo”.

Repasso esse notícia em respeito e em agradecimento aos jornais: “A Gazeta”, “Página 20”, “Agência Amazônia de Notícias”, “Gosto de Ler”. Esses veículos acreditaram no meu trabalho, deram credibilidade aos meus textos, publicando-os. Aos meu leitores, que sempre me prestigiaram escrevendo e-mails ou dialogando comigo por onde passo.

Agradecimento especial ao Estado de São Paulo, pela honraria em utilizar meus escritos para compor Caderno do Professor e Caderno do Aluno entre 2013-2017. Esse reconhecimento é o prêmio para uma educadora anônima, nascida no interior do Acre, que faz do magistério um sacerdócio. Que Deus seja louvado! Obrigada, Senhor, por essa grandiosa benção a uma filha da Floresta Amazônica, que agora ingressa na terra dos “bandeirantes”.

DICAS DE GRAMÁTICA

OBRIGADO OU OBRIGADA?

- O homem, ao agradecer, deve usar obrigado. Ex. Ele disse obrigado aos alunos.

- A mulher amazônica ribeirinha diz obrigada ao Estado de São Paulo.

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Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Membro da Academia Acreana de Letra; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Professora Visitante Nacional Sênior – CAPES/UFAC.

A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.