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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

AS LÍNGUAS DA AMÉRICA LATINA

 

Luisa Galvão Lessa colunaletras@yahoo.com.br

Muita gente pensa que nos países da América Latina são faladas apenas duas línguas: espanhol e português. Na realidade, há centenas, ainda que grande número delas esteja em risco de extinção. E, segundo The Cambrige Encyclopedia of Language, são faladas, pelo menos, 70 línguas indígenas no México e América Central e cerca de 500 na América do Sul, 170 delas no Brasil.

O castelhano ou espanhol é falado por 62% dos latino-americanos, mas apenas 54% o têm como língua materna. É, ainda, a única língua oficial de 16 dos 21 países latino-americanos. As cinco exceções são: Brasil (português), Haiti (francês), Porto Rico (duas línguas oficiais: espanhol e inglês), Paraguai (espanhol e guarani) e Peru (espanhol, quéchua e aimara).

Do lado latino, há dois países onde não só o castelhano, mais também certas línguas indígenas, têm estatuto oficial: Peru e Paraguai. No Peru, o quéchua e o aimara são reconhecidos como oficiais pela constituição, mas num papel secundário. Na prática, são reconhecidas apenas para serem usadas e ensinadas dentro das respectivas comunidades indígenas. No Paraguai, o guarani é a segunda língua nacional, ensinada em todas as escolas e falada por 60% da população. O espanhol fica, assim, reservado para os contatos mais formais.

No Brasil, 99,9% da população fala o português como língua materna. Isso significa dizer que 34% da população latino-americana fala o português. A língua portuguesa também é falada por brasileiros migrantes na Bolívia e por comunidades de descendentes de portugueses na Venezuela.

Sobre as línguas brasileiras, elas são numerosas, mas o tupi foi a mais importante. Resistiu, como língua geral, até o século XVIII, falado nas áreas ocupadas pelos bandeirantes. Depois, com a chegada da família real, foi perdendo lugar para o português. No entanto, no passado, pelo menos mil línguas indígenas foram faladas por aqui. Hoje há centenas delas em meio a pequenos grupos de índios das selvas, em vias de desaparecimento.

Incluindo os paraguaios, cerca de 34,3 milhões de pessoas (8%) falam línguas ameríndias na América Latina, das quais 21,6 milhões (5%) falam o espanhol. As línguas ameríndias mais difundidas são: quéchua (10 milhões, do Equador à Bolívia); tupi-guarani (3 milhões, principalmente no Paraguai); náhuatl (1 milhão, México central); quiché (1 mihão, Guatemala); aimara (1 milhão, região do lago Titicaca); otomi (500 mil, no México central); cakchiquel (500 mil, Guatemala); maia-iucateca (500 mil, península do Iucatã); mixteca (400 mil, sul do México); zapoteca (400 mil, sul do México); kekchi (400 mil, Guatemala) e mame (350 mil, Guatemala e sul do México). Com exceção do tupi-guarani, todas essas línguas representam sobrevivências das civilizações mexicanas e andinas e são utilizadas quase exclusivamente por índios, na maioria, bilíngües.

No cenário das línguas latino-americanas, em relação aos idiomas europeus, por exemplo, existe um curioso preconceito segundo o qual as línguas indígenas são "afetivas", "sentimentais", ao passo que as línguas européias são "lógicas", "racionais". Isso nada tem a ver com as línguas em si, mas com a forma como são aprendidas e usadas pelos bilíngües. O índio "ladino", -- aquela pessoa que fala uma língua latina, e o mestiço latino-americano -- aprende a língua indígena com a mãe e comunidade de amigos. Ao contrário, uma língua européia é aprendida na escola — um contexto que se pretende tão racional quanto possível — e o bilíngüe aprende a usá-la em ambientes racionais e impessoais, como as repartições públicas, a relação com os superiores, o comércio nas grandes cidades, o uso de ciência e de técnicas não tradicionais.

Para finalizar a reflexão de hoje, sobre as línguas da América Latina, elas podem ser agrupadas em 150 famílias, enquanto que no resto do mundo não foram identificadas mais do que 50 famílias. E, talvez por isso, a maioria dos lingüistas aceita uma classificação segundo a qual as línguas do Velho Mundo e da Oceania podem ser reduzidas a 17. Outros dados, estudos comparativos, análise mais profunda e detalhada, sobre essa questão, devem trazer a lume questões interessantes que, certamente, nós latinos temos particular interesse em conhecer e apreender.

DICAS DE GRAMÁTICA

POR  QUE, PORQUE,  POR  QUÊ, PORQUÊ

1) Por que (separado e sem acento). É usado quando inicia ou introduz uma oração interrogativa. Exemplo: Por que você chegou tarde?

2) Por quê (separado e com acento). É empregado com o acento quando aparece no final de orações interrogativas. Exemplo: Você chegou tarde por quê?

3) Porque (junto e sem acento). Nessa forma é uma conjunção – usado em respostas. Exemplo: Cheguei tarde porque o trânsito está ruim.

4) Porquê (junto e com acento). Nessa forma é um substantivo. Exemplo: Não sei o porquê de tanta ousadia.

ABAIXARAM OS PREÇOS ou BAIXARAM OS PREÇOS?

- Baixar e abaixar são sinônimos em alguns sentidos: 1) tornar mais baixo (baixar ou abaixar a voz); 2) fazer descer (baixar ou abaixar as persianas); 3) reduzir preço (abaixaram ou baixaram os preços). Então uma loja pode baixar ou abaixar os preços. Tanto faz, ganha o consumidor. Todavia, tome cuidado, pois às vezes baixar não se confunde com abaixar: O ministro baixou (expediu) instruções. O doente baixou (internou-se) ao hospital.

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Luisa Galvão Lessa - Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Professora Nacional Sênior – CAPES..

A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.