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terça-feira, 25 de março de 2014

A LEITURA NÃO É ATIVIDADE GRATUITA DE ADIVINHAÇÕES

 

 

 

A leitura constitui, antes de mais nada, uma forma de comunicação. É como diz Eveline Chameux (1975, p.23) "Lire cést tenir, dans une situation de communication differée, le rôle de recepteur". O ato de ler implica, sempre, a recolha de informação visual, porque a leitura não consiste numa atividade gratuita de adivinhações. Quando a informação visual é insuficiente, as previsões tornam-se aleatórias. É, assim, a leitura, tão importante na vida da humanidade, envolve atividades diversificadas, em razão da variação própria da natureza do processo comunicativo. Para além da leitura em voz alta e da releitura, poder-se-ão distinguir, com Éveline Charmeux, (1975, p.34) cinco situações de leitura:

Situações de informação - em que o leitor se interessa apenas pelo conteúdo da mensagem e não pela mensagem em si mesma (que frequentemente destrói). Trata-se de uma leitura rigorosa, objetiva e rápida. Como exemplo, aponta a leitura de jornais, de circulares e outras mensagens de ordem administrativa e profissional.

Situações de consulta - trata-se de encontrar uma informação entre um conjunto heterogêneo, por exemplo, num dicionário ou numa enciclopédia.

Situações de ação - onde a compreensão da mensagem se traduz em atos, como nas receitas de cozinha, livros de instruções, regras de jogos.

Situações de reflexão - a leitura de uma obra literária, filosófica ou científica é seguida ou prolongada pela reflexão sobre o assunto, personagens etc.

Situações de distração - quando se lê uma revista no consultório médico, por exemplo, ou quando a leitura constituí uma espécie de evasão.

A leitura constitui um processo adaptativo e flexível, variando com a espécie de texto e os objetivos do leitor , não cabendo, por isso, num único modelo teórico. Se não existe apenas um processo de leitura, também não pode existir apenas um modelo de leitura. Todavia, partimos do princípio de que existem invariantes comuns a todos os tipos de leitura e que valerá a pena procurar, nas investigações já realizadas neste domínio, contributos que permitam configurar um conceito atualizado de leitura.

Na escola, o ensino/aprendizagem da leitura, a despeito de posicionamentos metodológicos extremos, deveria ter em conta, por um lado, que o estudante tem necessidade de aprender a recolher e a utilizar a informação visual; por outro, que deve ser também estimulado a economizar essa informação, recorrendo à informação não visual, e melhorando, por essa via, a eficiência da leitura e aprendendo a olhar o mundo sob uma ótica otimista e progressista.

DICAS DE GRAMÁTICA

"AUTORRETRATO" E "PORTA-RETRATO": REGRAS DIFERENTES

Em tempos de reforma ortográfica, muita gente pensa que as alterações foram bem mais abrangentes do que realmente foram. Há quem não compreenda por que "autorretrato" passa a ser escrito com "rr" e "porta-retrato" continua com hífen.
Esse tipo de confusão se desfaz quando a pessoa olha o que deve ser olhado: o início da palavra. "Auto-" é um prefixo, "porta-" é uma forma do verbo "portar". Os prefixos terminados em vogal unem-se, agora sem hífen, aos termos iniciados por "r" mediante a duplicação dessa consoante.
A regra, porém, não se estende a substantivos compostos, que têm dois ou mais radicais. Assim, "porta-retrato" continua com hífen, como a maioria dos demais compostos iniciados por verbo ("porta-bandeira", "abre-alas", "lança-perfume", "arranca-rabo", "arrasta-pé" etc).

“VIDE” E “VEDE”

"Vide. Essa expressão é usada amiúde, como imperativo do verbo ver. Ex.: Vide rodapé; vide página 13 etc. Pergunto se o correto não seria ‘vede’ e em que hipótese devemos usar o ‘vide’ acertadamente."

Usa-se vide quando se quer remeter alguém a outro livro, capítulo, página, trecho. Abrevia-se v. ou V.  – inicial maiúscula quando no início da frase.

Vede é o imperativo do verbo ver, que se refere a "vós", pronome raramente usado no Brasil, motivo por que ganha preferência a forma latina "vide", que se traduz por veja ou até mesmo pelo infinitivo, por exemplo: ver  pág. 10. Ver referência no final do capítulo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Amo o nosso idioma o português!
Muito rico, muito belo! Pena que hoje as escolas não o ensinam como aprendí no ginásio, nos anos 70!
A fonética, os radicais, que ao se juntarem com a ortografia, esclarece
tudo que se precisa aprender da língua!

A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.