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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O FRACASSO ESCOLAR BRASILEIRO









          O fracasso escolar é um tema inquietante, pois é o maior problema para o sistema educacional brasileiro. Dentro e fora das escolas muito se fala sobre isso, mas poucas políticas têm atuado para dirimir esse drama no país. E o maior erro que se fez, nos últimos tempos, creio, foi aquele de o professor não poder reprovar o aluno.
          Entendo que o MEC, maior parte das vezes, para se livrar de sua imensa responsabilidade, procura outros culpados, tais como a pobreza, desnutrição, fome, desagregação familiar, etc, para justificar essa gralha social. Desse modo, procura alguém para assumir esse fracasso que só pertence ao Sistema Educacional Brasileiro, sistema econômico, político e social. Mas será que existe mesmo um culpado pela não aprendizagem? Se a aprendizagem acontece em um vínculo, se ela é um processo que ocorre entre subjetividade, nunca uma única pessoa poderá ser culpada.
          De acordo com o dicionário Aurélio ‘fracasso’ é definido por um mau êxito, uma ruína. Mas mau êxito em quê? Baseado em qual parâmetro? E o que a sociedade define como sucesso? São questões que devem ficar bem esclarecidas. Sabemos que os seres humanos nascem com uma tendência hábil para a aprendizagem. A criança está pronta para aprender quando ela apresenta um conjunto de condições, capacidades, habilidades, e aptidões consideradas como pré-requisito para o início de qualquer aprendizagem.
         De acordo com (OLIVEIRA, 1999) “prontidão” para aprender significa o conjunto de habilidades que a criança deverá desenvolver de modo a tornar-se capaz de executar determinadas atividades. Já Olds e Papalia, (2000) afirmam que para estabelecer se houve ou não aprendizagem é preciso que as mudanças ocorridas sejam relativamente permanentes. Existem pelo menos sete fatores fundamentais para que tal aprendizagem se efetive, são eles: saúde física e mental, motivação, prévio domínio, amadurecimento, inteligência, concentração ou atenção e memória. A falta de um desses fatores pode ser a causa de insucessos e das dificuldades de aprendizagem.
         O conceito de dificuldades de aprendizagem é abrangente e inclui problemas decorrentes do sistema educacional, de características próprias do individuo e de influências ambientais. Do mesmo modo, segundo Paín (1992) "os problemas de aprendizagem são aqueles que se superpõem ao baixo nível intelectual, não permitindo ao sujeito aproveitar as suas possibilidades".
Muitas são as crianças e os adolescentes que hoje, no contexto sociocultural brasileiro, apresentam dificuldades no processo de aprendizagem. Tais dificuldades, nas classes sociais menos favorecidas, se agravam ainda mais, pois a criança carrega, desde muito cedo, o estigma de menos capaz ao contexto e às exigências escolares. Logo esse jovem estudante é rotulado como deficiente, determinado pelas condições precárias de sua vida.
         Por isso, para alguns teóricos, dente eles Fernandez (2001), a sociedade do êxito educa e domestica. Seus valores e mitos, relativos à aprendizagem, muitas vezes levam muitos estudantes ao fracasso. Em nosso sistema educacional, o conhecimento é considerado conteúdo, uma informação a ser transmitida. As atividades visam à assimilação de conteúdos, impossibilitando assim o processo de autoria do pensamento.
          É fácil para nós educadores observar que este caráter informativo da educação, que se manifesta até mesmo nos livros didáticos, quando o aluno é levado a memorizar conteúdos e não pensá-los, não ocorrendo de fato uma aprendizagem.
Para a autora Cordié (1996), a criança está em situação de fracasso escolar quando não “acompanha" o que é proposto no programa escolar e os colegas da classe. Esse fato acaba por afetar a construção do sujeito em sua totalidade. Ele passa a carregar consigo o estigma de "repetente", "atrasado", "lento", "incapaz", o que pode levá-lo a acreditar no próprio fracasso. Os alunos que se enquadram neste perfil assumem o papel de fracassados e acabam por transpor isso para sua vida pessoal, fato que compromete seu futuro enquanto cidadão. Todavia não será a não reprovação que irá solucionar esse gargalo e sim à compreensão das individualidades e competências.
         Diante desta realidade, na visão de Pimenta (1995), é certo que cabe ao professor rever posicionamentos endurecidos, questionar crenças arraigadas, confrontar posicionamentos imutáveis e isso implica na compreensão do "aluno-problema" como porta voz das relações estabelecidas em sala de aula. Pode-se perceber, claramente, que muitas vezes não é o aluno que não se encaixa no que nós professores oferecemos, somos nós professores que, de certa forma, não nos adequamos às potencialidades dos alunos. Assim, antes de falar em fracasso escolar é preciso analisar o fracasso do sistema educacional para atender tantas individualidades e potencialidades.
          O "não-aprender", nos moldes impostos pelo social, vem sendo tratado como distúrbios, fracassos e patologias em geral. O motivo pode ser a concentração do processo pedagógico na "falta de talento" do sujeito, ou seja, o processo de aprendizagem não estimula talentos distintos, centrando-se no esperado e moldado com regras e valores. O diferente, nesse contexto, passa a ser em primeiro lugar negado e, em seguida, estigmatizado. O sistema educacional brasileiro necessita, urgentemente, estimular talentos ao invés de ‘taxar’ estudantes de ‘incapazes’.
           Nós, professores, ao realizarmos nossa atuação docente, elaborando vínculos afetivos com este ser que aprende, mesmo que não deseje aprender naquele momento, por alguma circunstância, certamente estaremos fazendo a parte que nos cabe: prepará-lo para operar autonomamente seu futuro, usando sua cabeça para pensar em alternativas viáveis para os problemas da sua sociedade, seu coração para sentir as exigências e apelos sociais e suas mãos para agir em prol do bem comum. Afinal, é para isso que serve a educação.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

CONCEPÇÃO NEGATIVA DA POBREZA





Nutro aversão aos discursos articulados e políticos em relação à pobreza material das pessoas. Tenho consciência da delicadeza do tema e da condição de vida que a pobreza material imputa à humanidade. Há, todavia, ao lado dessa chaga social, a pobreza espiritual que empobrece, vilmente, o mundo dos pobres e dos ricos.
Acredito, no sutil entendimento de pessoa humana, ser a pobreza espiritual a maior de todas as pobrezas. Tem-se, aqui, a vilania, a covardia e a desnudez disfarçadas sob um véu de falsidade, de fraquezas, de opções de vida que envergonham a nós seres humanos, nascidos no seio de uma família e participantes do corpo social da comunidade.
         Esses “pobres espirituais” agem segundo os interesses pessoais mais escusos, atropelam o código da ética, da moral, do trabalho e do convívio social. São figuras que ocupam espaços, que tomam como seus, dentro do corpo social, como a lei a serviço dos interesses pessoais. Lidar com essas “criaturas” é uma questão para a psicologia, a sociologia, às ciências médicas ou para as leis penais. Pois se trata, na verdade, senão de atos criminosos, pela infâmia como são praticados, mas de uma anomalia que o Estado de Direito deve olhar com certa urgência, para assegurar direitos fundamentais à sociedade.
Valor humano
- no mundo globalizado, um dos temas que vem merecendo articulados discursos é justamente aquele referente à concepção negativa que se tem de pobreza e o menosprezo que a sociedade tem pelos pobres. Aqui, o homem passa a valer pelos bens materiais que possui e não pela pessoa humana que é. Ou ainda, pelo peso político que representa no corpo social e não por sua presença enquanto cidadão no seio da sociedade. Assim, em termos de uma definição, no sentido de existência e de ressurreição social, para a prosperidade econômica e a sociedade de consumo, a pobreza é percebida como um eco ou expressão de uma condição humana degradante.
A tradição cristã
- estudos recentes, realizados em países desenvolvidos, demonstram que essa atitude humana de olhar a pobreza, sob o ponto de vista material, constitui uma ruptura com toda a concepção pré-industrial da pobreza, particularmente na ldade Média. A tradição cristã e todas as grandes religiões fizeram da pobreza um estatuto de santificação, enquanto a riqueza não era um valor nos antigos modelos sócio-culturais. Só bem mais tarde a noção de assistência é substituída pelo da integração.

       Essa mudança não é apenas semântica, pois procura integrar, na pluralidade da realidade social, a ideia de um “direito” a uma vida decente, que a democracia deve assegurar a todo cidadão. Essa reivindicação de novos direitos e novas formas de solidariedade inscrevem-se no aprofundamento da noção de direitos do homem.
Condição humana humilhante
- a pobreza como um sigma, leva à Sociologia a afirmar que ela evoca uma condição humana humilhante. Nesse sentido, distinguem-se três níveis de pobreza, que formam ciclos concêntricos: 1) primeiro, aquele que inclui todos os pobres, qualificados em relação ao seu baixo nível de renda; 2) segundo, aquele que reagrupa os pobres que se beneficiam de certa alocação social; 3) terceiro, o reúne os que recebem, ocasionalmente uma alocação, mas ao mesmo tempo são considerados como pessoas depravadas e mal formadas. O estigma da degradação, de maneira tradicional, confunde a pobreza com a prática de atos ilícitos. Uma vida fundada sobre a exclusão social constitui a verdadeira definição da pobreza.

Pelas ideias aqui postas e por outras implícitas, no texto de hoje, compreende-se a importância de uma luta contra todas as formas de exclusão, numa sociedade que deve defender a verdadeira eficácia dos “Direitos do Homem”. E todas essas “coisas”, mazelas do cotidiano, passam por um processo educacional. Assim, pobre é também a nação que despreza os professores.

A LÍNGUA PORTUGUESA É PATRIMÔNIO IMATERIAL DA HUMANIDADE

Resultado de imagem para Gifs Língua Portuguesa no mundo

As Academias de Letras são guardiãs do idioma pátrio e da literatura de expressão nacional. Assim, há, entre os estudiosos, muita preocupação com os estrangeirismos que invadem  a nossa língua portuguesa, bem como o pouco zelo dos falantes que ultrajam o idioma pelo mau uso. Por esses motivos o texto de hoje é dedicado aos acadêmicos, com um pedido de maior apreço ao idioma e à literatura de expressão portuguesa. Necessitamos trabalhar, unidos, para fortalecer o uso do padrão culto do idioma entre os estudantes brasileiros. Uma Academia de Letras não pode ser silenciosa aos ataques às normas do bem falar e do bem escrever o idioma pátrio.

Sabemos que em todos os tempos e lugares, apresentou-se, sempre, o problema da defesa dos idiomas nacionais, em face da influência de outros. Esse é um fenômeno próprio de controle de  povos mais fortes nas guerras de conquistas ou do comércio e, até, no relacionamento regular. Por mais que possam os modismos, os neologismos possam sobressaltar-nos, trata-se de velha questão a ser apreciada, segundo a lei darwinista, a lei do mais bem aparelhado para subsistir e impor-se. Aos fracos, aos vencidos resta a adesão, a submissão e até o perecimento. Combater os invasores, sim, não lhes dar trégua, impor nossa individualidade, tentar manter-se de todas as maneiras possíveis.

Nesse cenário, trazemos as palavras de filólogos e gramáticos renomados, de quem nunca devemos abandonar as preciosas lições, no sentido de chamar a atenção de alunos, professores, acadêmicos, para que, unidos, possamos aplicar e fortalecer as grandes lições. A língua portuguesa é nossa identidade nacional.

Rodrigues Lapa, mestre lusitano que viveu largo tempo entre nós, teve publicada no Rio de Janeiro a obra Estilística da língua portuguesa, 3ª edição, 1959. Frequentava muito a Academia, Rodrigues Lapa e brigou muito com Celso Cunha, por causa da Cartas Chilenas. A respeito dos estrangeirismos, salientes os galicismos, opinou Rodrigues Lapa que o problema é de ordem moral. Não nos devemos escravizar aos estilos alheios e, sim, combater os excessos. Inútil, porém, e até grotesco — acentua ele — é "berrar" contra os estrangeirismos. Sua adoção é lei humana: "constitui como que uma fatalidade, devida aos intercâmbios das civilizações". O "estrangeirismo — argumenta — é fenômeno natural, que revela a existência de certa mentalidade comum. Os povos que dependem econômica e intelectualmente de outros não podem deixar de adotar, com os produtos e ideias vindos de fora, certas formas de linguagem que lhes não são próprias. O ponto está em não permitir abusos e limitar essa importação linguística ao razoável e necessário". "O estrangeirismo — remata — tem vantagens: aumenta o poder expressivo das línguas, esbate a diferença dos idiomas, tornando-os mais compreensivos, e facilita, por isso mesmo, a comunicação das ideias gerais".

Ouça-se agora um especialista do português no Brasil, Celso Cunha, professor universitário e acadêmico. Em uma obra de 1968 — Língua portuguesa e realidade brasileira — esclareceu que "para resguardo da pureza idiomática (gramáticos e escritores) propõem uma rigorosa barreira alfandegária à entrada de termos e construções estrangeiras". "Que conceito tem de pureza"? O português, do qual se originou nossa língua, "é o latim numa evolução de vinte séculos, ao qual se incorporaram elementos gregos, das línguas indígenas da Península Ibérica, dos conquistadores godos e árabes e, posteriormente, uma quantidade enorme de palavras francesas, provençais, italianas, espanholas, inglesas, alemãs e, também, das línguas africanas, asiáticas e americanas. Que significa então português puro? A estagnação é a morte do idioma. A história de uma língua é justamente a história de suas inovações".

Sílvio Elia, professor universitário com experiência profissional na Europa e na América do Norte. De seu livro Sociolinguística, de 1987, extraímos o seguinte trecho: "O predomínio do inglês se manifesta, claramente, entre nós. Nas escolas secundárias e superiores, o seu ensino vai-se tornando quase exclusivo; poucos optam pelo francês, seu tradicional rival, e muito menos por qualquer outra língua viva do Ocidente.

Nos programas radiofônicos, ouvem-se mais letras e canções americanas do que as de criação nacional. Nas casas comerciais, na linguagem técnica da imprensa e das ciências físicas em geral flui sem qualquer cerimônia o jargão anglicizante. Os jovens dançam à americana nas discotecas e assemelhados e tarjam blusões com ditos gravados em língua from USA. Até as manifestações de nativismo culturalista, como o black power, são da mesma procedência. O fenômeno não é só nosso. A França, por exemplo, reage com vivacidade patriótica contra o "franglais". A mancha anglicizante se derrama por tudo o Ocidente". "(...) O destino das grandes línguas nacionais de cultura" — disse Sílvio Elia, um dos maiores filólogos brasileiros de todos os tempos, infelizmente falecido — "é presentemente o de se converterem em organismos transnacionais, ou serem absorvidos pelo gigantismo idiomático das superpotências."

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A LEITURA PODE MUDAR A VIDA BRASILEIRA?



Eu sempre fico a me perguntar por que as pessoas não gostam de ler. Afinal, o que acontece com tanta gente que não atribui valor à leitura e prefere comprar uma camisa, um short, uma saia, um vestido, um sapato? Todos esses objetos são bens perecíveis, envelhecem e não deixam marcas na vida de ninguém. As leituras sim, elas nos conduzem a mundos diferentes, nos fazem mergulhar no universo do outro, a desvendar segredos, encontrar tesouros, compreender melhor as pessoas, a nós mesmos, o mundo.
A leitura é uma ação tão importante que conduz às pessoas a solidificar as relações que põem o mundo em paz ou em guerra. Isso porque ao concluir uma leitura nunca mais seremos a pessoa de antes, porque a leitura trouxe informações, reflexões que antes não povoavam a nossa mente. E as informações nos fazem crescer!
Talvez por essa fabulosa atividade que é a leitura, ler é sempre recomeçar a vida, sob o prisma de um novo olhar, um novo pensar, um novo agir, um novo sentir. A escritora Clarice Lispector dizia que a leitura tem sentido inaugural. Ela tinha razão. No ato de ler há sempre um  descerrar de véus para o que antes parecia destituído de significados.
O erudito  francês  Michel de Certeau disse, certa vez, que o “O leitor é um caçador que percorre terras alheias”. É verdade, a leitura é uma ação desbravadora de mundos, seja ela de natureza técnica, ficcional ou científica. A nossa mente fica a trabalhar, a planejar viagens no mundo das palavras. Afinal, as palavras, elas traduzem tudo que existe entre o Céu e a Terra.
E tanto é verdadeira essa afirmação acima, que no momento atual, fazemos inúmeras leituras no mundo político. As pessoas aparecem na TV com um discurso que traduz verdades e mentiras. Há políticos de toda natureza: verdadeiros, corretos, íntegros; outros cínicos, mentirosos, enganadores, usurpadores dos sonhos da nação. E somente uma boa leitura será capaz de separar o joio do trigo. É preciso filtrar os discursos e deles separar os verdadeiros dos falsos.
Há candidatos que só querem ganhar dinheiro. Outros ingressam na política para fazer negócios. Muitos, grande maioria, para enganar, ludibriar o eleitor, o brasileiro simples, humilde, que não sabe o perigo que se esconde nas palavras ditas em forma de promessas e juras eternas de amor ao país, ao Estado, ao povo.
E eu sinto muito medo do tempo de hoje, quando tanta gente deseja se dar bem na política. Fazem um discurso ao gosto do povo, dizem aquilo que o povo quer ouvir, falam palavras de um mundo que desejamos ter, viver. Mas há uma dicotomia entre ler essas palavras e ler as verdades da vida dessa gente que tem o intuito de enganar o eleitor. E qual é essa dicotomia entre ler as palavras e ler o mundo? Minha impressão é que a política está aumentando a distância entre as palavras que lemos e o mundo em que vivemos. Os discursos são enganadores. As palavras são as armas apontadas para nós, podem ser tiros certeiros ou pontes salvadoras.
Então, em face de tal cenário, vamos ficar de olhos abertos, ouvidos atentos, mente em alerta para que não sejamos enganados, traídos pelas palavras pronunciadas como planos, projetos, promessas falsas. Tudo isso pode ser reza para um só santo: a conta bancária. O pobre irá continuar a depender do governo, da bolsa família, da bolsa escola, da bolsa verde, bolsa Brasil, bolsa floresta, bolsa gás e tudo que é bolsa furada que leva o país ao caos, ao mundo da esmola. Nós necessitamos de trabalho e vida digna.
Leonardo Boff (1998) costuma dizer que uma visão de mundo é uma visão de um ponto de vista. Importante que cada pessoa tenho o seu ponto, seu olhar, sua leitura de mundo. E, neste momento político, o mundo pode ser: uma fábula; uma perversidade; uma realidade. Então, não permitamos a ilusão, a fábula, a perversidade. Vamos caminhar para melhorar a nossa realidade. O Brasil tem jeito. Faça, cada pessoa, uma leitura correta. O nosso futuro reside aí. É isso que a leitura pode fazer por cada um de nós e pelo país.







A ESCRITA É A ÚNICA FORMA PERFEITA DO TEMPO



A escrita é a única forma perfeita do tempo, de acordo com o escritor francês j. m. g. E para se escrever bem alguns princípios devem ser seguidos:
1 – Propósito: o nosso texto deve ter um objetivo claro. ou seja, o escritor precisa saber, com certeza, o que está escrevendo e por qual motivo está escrevendo aquele texto;
2)  Clareza: É necessário ser claro, ter concisão e clareza, para que o nosso leitor entenda, desde o princípio, o que se está querendo dizer com aquele texto.
3) Informações específicas: uso dados e estatísticos para validar o tema do texto, para maior veracidade e credibilidade. Apontar fontes verdadeiras e fidedignas.
4) Conexões: as informações devem ser organizadas com lógica, por sequência ordenada, de modo que o final de cada parágrafo permita que o escritor inicie o próximo;
5) Uso de palavras apropriadas: importante a escolha adequada das palavras, tanto para um texto formal quanto o informal. Também, não escrever parágrafos muito longos. O bom escritor deve ser conciso, claro e enfático.
6) Deve-se evitar ao máximo a utilização de abreviaturas.
7)  É desnecessário o emprego de estilo demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisismo.
8) Evite aliterações abusivas.
9) Usar letras maiúsculas no inicio das frases.
10)  Evitar lugares-comuns como o diabo foge da cruz.
11) O uso de parêntesis (mesmo quando for relevante) é desnecessário. Troque por travessão.
12) Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
13) Evitar o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, tá fixe?
14) Palavras de baixo calão podem transformar o  texto num lixo.
15) Nunca generalize: generalizar, é um erro em todas as situações.
16) Evitar a repetição da mesma palavra, pois  a repetição vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto.
17) Não abusar das citações. Como costuma dizer um amigo meu: “Quem cita os outros não tem ideias próprias”. Parafraseie.
18) Frases incompletas podem causar incompreensões. O pensamento deve ser concluído.
19) Não se deve utilizar a redundância. Ou seja, dizer a mesma coisa com outras palavras.
 20) É fundamental ser específico e não generalista.
21) Frases com apenas uma palavra? Jamais!
22) A voz passiva deve ser evitada.
23) Utilizar a pontuação corretamente, o ponto e a vírgula, especialmente.
24) Quem precisa de perguntas retóricas?
25) Nunca use siglas desconhecidas.
28) Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.
27) Evite mesóclises. Repita assim: “mesóclises: evitá- las-ei!”

28) Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.

29) Não abuse das exclamações! Nunca! O seu texto fica horrível!

30) Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da ideia nelas contida, e, por conterem mais que uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes, de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.

31) Cuidado com a ortografia, para não macular a língua portuguesa.

32) Seja incisivo e coerente, ou não.

33) Não ficar escrevendo no gerúndio. Isso empobrece o texto - causando ambiguidade –  e causam a impressão de que as coisas ainda estão acontecendo.

34) Outra barbaridade que se deve evitar é o uso expressões que denunciam ou identificam a região onde mora o escritor.

35) Não ceder à tentação de demonstrar o orgulho de trabalhar, por exemplo, em importante jornal, Tv, Universidade, banco, poder judiciário, legislativo ou executivo, ou outras organizações que existem em todos os lugares do mundo. Ainda que seja um profissional brilhante, o ufanismo nunca é bem-vindo. A simplicidade será sempre uma riqueza textual.

Sintetizam-se as regras: escrever ao dizer bem requer boas leituras e obediência aos princípios da clareza, objetividade e da correção, dentre tantos outros.











ARTE DE BEM ESCREVER

 

 

A leitura e a escrita devem ser úteis, elas devem aproximar aquele que lê daquele que escreve e devem propiciar, antes de qualquer coisa, a reflexão. No ensino de língua portuguesa, ao se tratar de produção de texto devemos automaticamente pensar em leitura, mas também em tipos de texto. Na universidade, o educando será, geralmente, chamado a escrever um texto dissertativo, argumentando sobre um assunto. Por isso, é importante refletir, rapidamente, sobre essas nomenclaturas: dissertação e argumentação.
Para Magda Soares e Edson Nascimento, a dissertação também foi escolhida como composição mais utilizada tanto no meio acadêmico quanto no campo profissional, como se pode perceber no prefácio do livro Técnica de Redação, quando diz:

A DISSERTAÇÃO é a forma de REDAÇÃO mais usual. Com mais frequência é a forma de TEXTO solicitada às pessoas envolvidas com a produção de trabalhos escolares, com a administração e execução técnico-burocráticas de serviços ligados à Indústria, Comércio, etc. A prosa dissertativa é, assim, predominante nos textos de trabalhos escolares, nos textos de produção e divulgação científicas (monografias, ensaios, artigos e relatórios técnico-científicos) e nos textos técnico administrativos. Raramente é uma pessoa solicitada a produzir uma descrição ou uma narração; frequentemente, ao contrário, é solicitada a produzir um texto argumentativo. (Soares, 1979, prefácio)

Nesse sentido, é importante ressaltar a diferença entre dissertação e argumentação, uma vez que essas nomenclaturas costumam ser tomadas, muitas vezes, como sinônimas. Na dissertação, as ideias do emissor são expostas, mostra-se o que se sabe ou o que se julga saber sobre aquele determinado assunto. Já na argumentação, além de se expor o que se pensa sobre um determinado assunto, faz-se isso de forma persuasiva, tentando convencer o receptor, isto é, o leitor do seu texto.
Assim, "argumentar é, em última análise, convencer ou tentar convencer mediante apresentação de razões, em face da evidência das provas e à luz de um raciocínio coerente e consistente". (GARCIA, 1992, p.370)

Para expor as ideias ou para convencer alguém, é preciso conhecer o assunto tratado, uma vez que, ninguém consegue escrever bem, se não conhece o que vai escrever. É preciso, antes de qualquer movimento, conhecer profundamente o objeto de reflexão. Para escrever, assim, a respeito de qualquer assunto, é necessário, antes, ler e refletir, procurando argumentos que serão apresentados como elementos de sustentação temático-textual.
Para Mattoso Câmara, "qualquer um de nós senhor de um assunto é, em princípio, capaz de escrever sobre ele. Não há um jeito especial para a escrever um texto, ao contrário do que muita gente pensa e diz. Há apenas uma falta de preparação inicial, que o esforço e a prática vencem". (Mattoso, 2001, p.61)

Essa falta de preparação inicial que Mattoso cita, decorre da ausência, muitas vezes, de conhecimento da estrutura do texto a ser elaborado, de elementos substanciais à inteligibilidade textual e da carência de leitura. Na verdade, a prática da leitura é parte fundamental no processo de elaboração de um texto. Mattoso Câmara também se referiu a esse aspecto textual:

A arte de escrever precisa assentar, analogamente, numa atividade preliminar já radicada, que parte do ensino escolar e de um hábito de leitura inteligentemente conduzido; depende muito, portanto, de nós mesmos, de uma disciplina mental adquirida pela autocrítica e pela observação cuidadosa do que outros com bom resultado escreveram. (2001, p.61)

Portanto, há de se reforçar o que Othon Moacyr Garcia (Comunicação em prosa moderna) disse: "aprender a escrever é aprender a pensar". Pode-se completar essa afirmativa com a ideia de que para se pensar, ou melhor, refletir a respeito de algo, é preciso conhecer a temática a ser abordada e, para se ter conhecimento, nada melhor que ler o que outros já disseram sobre o assunto. Ninguém estará descobrindo a Roda, ela já  é bastante conhecida. Foi na Oceânia ela foi inventada antes da chegada dos primeiros europeus. Não queiramos, então, inventar algo novo, fugir dos padrões deste século que tanto avançou. Necessitamos, sempre, aprimorar a escrita. E, para isso, nada melhor do que ler bons escritores.

A COMUNICAÇÃO ESCRITA E O SUCESSO PROFISSIONAL

 

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A grande dificuldade observada nos estudantes, modo geral, está na comunicação escrita. Eles dominam a língua portuguesa na feição oral, mas quando chega à hora de escrever é um Deus nos acuda... Por vezes não entendem ser a língua escrita diferente da feição oral. A escrita requer aprendizado, domínio das regras gramaticais e textuais. Então, é preciso deixar claro que a linguagem e, sobretudo, a comunicação escrita, conta com especialistas. Não é — como o processo educacional leva-os a acreditar — uma coisa natural. Natural é a fala, não a escrita. É por isso que a escrita conta com tantos aparatos: dicionários, gramáticas, revisores, editores, intérpretes, etc.

Independente de ser ou não estudante, quase todas as pessoas necessitam dominar a feição escrita da língua, pois a comunicação escrita é indispensável no mundo atual. Já passou o tempo em que os humanos ficavam somente nas palavras... E para perceber a importância da escrita, basta observar o mundo. Em volta das pessoas pululam mensagens eletrônicas, manuais, revistas, códigos de conduta, relatos, cartazes, anúncios, enfim, um mundo de leituras para ler e outras para fazer. A pessoa lê, registra, arquiva, reflete, analisa e escreve. Não há nada de anormal em não se saber escrever segundo a expectativa de um padrão ditado por razões sociais e culturais. Nem por isso se deixa de escrever, nem por isso se deve abandonar a escrita, pois ela é fonte de criação, de conhecimento, de memória, de interação social.

Vê-se que a comunicação escrita, dependendo do contexto e da finalidade, assume características muito peculiares. Por isso, não se pode pensar em texto como algo monolítico, como uma família em que todos tenham a mesma fisionomia. Há textos e textos, logo é preciso que os redatores se deem conta dessa numerosa diversidade.

Para muitos profissionais, escrever um simples memorando é uma tarefa tão árdua quanto falar em público: as palavras nunca parecem adequadas, as idéias recusam-se a seguir uma ordem lógica e o resultado final quase sempre fica abaixo das expectativas. O fato é que, nestes tempos de comunicação virtual, as pessoas parecem estar perdendo a capacidade de escrever. E o pior, estão dando pouca importância à qualidade da comunicação escrita, cada vez mais restrita às mensagens telegráficas dos e-mails.

Assim, em face às expectativas do mundo atual, é basilar saber escrever. Isso não significa que cada profissional se torne um especialista da escrita. Todavia é preciso reconhecer que uma capacitação técnica ajuda e muito a melhorar o desempenho cotidiano. Com isso, se ganha tempo, produtividade e excelência. Mas isso — fique claro — nada ou pouco tem a ver com gramática, como muitos pensam. A urgência reside na necessidade cotidiana e imperiosa de se escrever e de se utilizar a língua como ferramenta de trabalho.

Por isso tudo é importante seguir um aprendizado, mas com a certeza que ele não acontece por "milagre" e nem será do dia para a noite que há de se aprimorar a comunicação escrita. É preciso investir na capacitação profissional, porque cada pessoa é aquilo que fala e escreve. Alguns escrevem mais e melhor que outros. Então, se é importante competir, logo surge à necessidade de dominar esse código da escrita, não apenas desenhando letras, mas produzindo textos (orais e escritos) que digam daquilo que somos, diferentemente de outros. Aí, então, a comunicação escrita fará a diferença no mundo do trabalho hoje tão competitivo.

A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.