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quinta-feira, 13 de julho de 2017

EDUCAÇÃO, ÉTICA, MORAL: PILARES DA VIDA HUMANA

Educação, do latim educations, em sentido lato, significa todo o processo contínuo de formação e ensino aprendizagem que faz parte do currículo dos estabelecimentos oficializados de ensino, sejam eles públicos ou privados. No sentido técnico, a educação é o processo contínuo de desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano, a fim de melhor se integrar na sociedade ou no seu próprio grupo. Significa, pois, o meio em que os hábitos, costumes e valores de uma comunidade são transferidos de uma geração para a geração seguinte.
Em sentido estrito, educação engloba os processos de ensinar e aprender. No centro de um sistema educativo deve situar-se o ser humano a educar, num horizonte de plenitude. A tarefa educativa consiste, na verdade, na capacidade de identificar e de acompanhar. Esse pensamento deve acompanhar o ser humano, mantendo nele a inquietação pelo amor e pelo saber, despertando-lhe o coração e pondo em marcha a sua razão e a sua liberdade. De acordo com a UNESCO[1] a educação também é exercida para além do ambiente formal das escolas e adentra em outras perspectivas caracterizadas como:  educação não formal e educação informal. Educar não pode limitar-se a instruir, a transmitir informação, nem a transmitir competências; integra não só questões de autonomia, mas também problemas de autoridade, de tradição e de transmissão da cultura.
Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao caráter, ao "bom costume", "costume superior", ou "portador de carater". Princípios universais, ações que acreditamos e não mudam independentemente do lugar onde estamos.  Respeitar todos os seres humanos, não exercer a violência e ajudar quem precisa são alguns exemplos dos princípios éticos mais comuns. Então, ética tem a ver com o “BOM”, é o conjunto de valores que aponta qual é a vida boa na concepção de um indivíduo ou de uma comunidade. Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a costumes e hábitos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar as ações morais exclusivamente pela razão. A ética e cidadania [2] são dois dos conceitos que constituem a base de uma sociedade próspera.
Moral é conjunto de normas do que é certo ou errado, proibido e permitido nas atitudes humanas dentro de uma determinada sociedade, uma cultura, e possui caráter normativo, determinando a obediência a costumes e hábitos recebidos. O conjunto de qualidades e defeitos da pessoa determinam sua conduta e moral. Seus valores e firmeza morais definem a coerência de suas ações. Logo, moral tem a ver com o “JUSTO”, é o conjunto de regras que fixam condições equitativas de convivência com respeito e liberdade.
A ética, construída por uma sociedade, com base nos valores históricos e culturais, é um conjunto de princípios morais que norteiam a conduta humana na sociedade. Embora não seja uma lei, a ética está relacionada com o sentimento de justiça social e, buscando fundamentar as ações morais exclusivamente pela razão, serve para que haja um equilíbrio entre pessoas, grupos e classes sociais.
No entanto, conviver com o “bom” e o “justo” é um conjunto de princípios, crenças, regras que orientam o comportamento dos indivíduos nas diversas sociedades, e podemos concluir que a moral (Justo) prevalece sobre a ética (Bom).
Porém, nos dias de hoje a moral na escola se apresenta através de regras, normas a serem cumpridas, expressas nos seus Regimentos, Planos de Estudos e Projetos Políticos Pedagógicos. Entretanto, a escola é o melhor caminho para se discutir questões de ética uma vez que o âmbito escolar está repleto de possibilidades que evidenciam a ética como necessária e capaz de permitir um relacionamento “bom” e “justo” entre os atores educacionais.
Além da moral e da ética o ser humano necessita ter caráter, qualidade inerente a uma pessoa desde seu nascimento, que reflete seu modo de ser no mundo. É o conjunto de características e traços particulares que caracterizam um indivíduo, e não sofre influência do meio. Uma pessoa “de caráter” é aquela com formação moral sólida e incontestável, enquanto a “sem caráter” é aquela desonesta, que não possui firmeza de princípios ou moral.
A honestidade é a qualidade de ser verdadeiro, não mentir, não fraudar ou enganar. É a honra, de uma pessoa ou instituição. O respeito e a obediência incondicional às regras morais existentes. Honesto é o que repudia a malandragem, a esperteza, aquele que é transparente e exige transparência dos outros.
É preciso incutir nos jovens esses valores educacionais, éticos e morais. Os jovens ocupam, hoje, um quarto da população do País. Isso significa 51,3 milhões de jovens de 15 a 29 anos vivendo, atualmente, no Brasil, sendo 84,8 % nas cidades e 15,2 % no campo. A pesquisa mostra que 53,5% dos jovens de 15 a 29 anos trabalham, 36% estudam e 22, 8% trabalham e estudam simultaneamente. Os dados são do Censo 2010, último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A educação, em todos os seus sentidos, forma e transforma vidas. A escola tem a importante e árdua tarefa de orientar os jovens, de guiá-los e ajudá-los a transformar seus sonhos em realidade, em projetos a serem realizados no decorrer de toda a sua vida, com serenidade e satisfação. Assim, tanto os educadores, os professores e os pais precisam entender o que ocorre entre o sentir e o aprender, a emoção e a imaginação, bem como compreender que é na escola que são construídas as crenças e os valores que definem a direção e que norteiam a vida do ser humano. É nesse contexto que é estimulada a vontade do aluno em descobrir o mundo, voar alto para poder ter uma visão ampla da realidade, aprofundar o conhecimento e se tornar livre nas próprias escolhas.
A formação do jovem é um direito e um fator estratégico da sua vida para poder ter os instrumentos essenciais para administrar as mudanças, realizar objetivos e viver na sociedade de forma autônoma e responsável. O desafio da escola é equilibrar as exigências de passar conteúdos, com a necessidade de estimular no aluno a capacidade de compreender e de interpretar a realidade. Nesse contexto, permanecem válidos os quatro pilares da educação:
- Aprender a conhecer, ter a cultura e o conhecimento de base para poder, progressivamente, adquirir mais conhecimentos;
- Aprender a fazer e transformar esse conhecimento em competências para a vida pessoal e profissional;
- Aprender a viver com as outras pessoas, fortalecer o respeito pela diversidade, cooperação e cidadania;
- Aprender a ser, ou seja, assumir as próprias responsabilidades para construir o futuro.
A escola, mesmo nas suas dificuldades, continua sendo o agente educador e social fundamental da nossa vida. Ela é a ponte entre o patrimônio cultural e a construção do futuro, entre a relação com o passado, nossa história e a experiência atual. Por isso a escola deve ser um ambiente agradável, atrativo para os jovens. O Brasil deveria transformar as escolas no melhor espaço para os estudantes, atraí-los para os ensinamentos do bem, incentivá-los, muito, na construção de vida e de um país sempre promissor.
Por outro lado, a escola não necessariamente conseguirá responder todas as questões quando se trata de ética (justo), nem deverá se considerar fracassada por não conseguir atingir tal objetivo. Para isso, tem-se a ajuda dos PCN’s, que oferecem uma referência entre a ética e a moral, tendo a intenção de salientar o caráter crítico da reflexão, que permite analisá-los sempre que necessário.
Diz-se, então, que entre a ética (bom) e a moral (justo) não se pode deixar de lado diálogo, posto ser ele uma prática possível e viável para a solução dos problemas escolares. Será pelo diálogo que a escola aprenderá, no dia a dia, a trabalhar com as diferenças, onde todos os sujeitos são possuidores de direitos e deveres, sentenciando, quem sabe, o fim das desigualdades. Ademais, todas as pessoas devem conquistar educação, ética e moral para uma vida harmônica  e feliz. E isso independe da classe social, pertence ao campo individual da vontade de cada pessoa.
Para concluir, por agora, dizemos que falar de futuro nunca foi simples, porém, quando falamos em educação, devemos ter como ponto de partida e alicerce a confiança no futuro e, generosamente, transmitir para as novas gerações a paixão e a força para construir o amanhã e transformar sonhos em vida plena e feliz.

DICAS DE GRAMÁTICA

Uso de “EM FACE DE” ou “FACE A”, professora?
- Em língua Portuguesa não existe a expressão “FACE A”. É permitido utilizar a expressão EM FACE A. Exemplo: “Em face do aumento do dólar, não vou viajar para o exterior”.
Como usar “MAU” ou “MAL”?
Assim:
MAU é o oposto de “bom”, como no exemplo: “Eu sou mau. Vou para o inferno”
MAL é o oposto de “bem”, como no exemplo: “Ele fala muito mal“
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Luísa Galvão Lessa Karlberg -- É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Presidente da Academia Acreana de Letras; Coordenadora da Pós-Graduação Campus Floresta; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro vitalício da  International Writers and Artists Association, IWA; Professora aposentada da UFAC;  Embaixadora da Poesia pela Casa Casimiro de Abreu; Pesquisadora DCR – CNPq/FAPAC; Poeta, Escritora.
[1] Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
[2] Cidadania é a prática dos direitos e deveres de um(a) indivíduo (pessoa) em um Estado. Os direitos e deveres de um cidadão devem andar sempre juntos, uma vez que o direito de um cidadão implica necessariamente numa obrigação de outro cidadão. Conjunto de direitos, meios, recursos e práticas que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de um povo.



segunda-feira, 26 de junho de 2017

SABEDORIA DE VIVER SOZINHO


 Pessoas divorciadas, separadas, viúvas, idosas que vivem sozinhas aumenta a cada dia no mundo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem, no Brasil, 31 milhões de pessoas que moram sozinhas. Dessas, 40% têm mais de 60 anos. É um índice considerável que representa 28% da população do país. Então, é importante descobrir o lado bom dessa fase da vida, o lado de viver só. Isso não significa solidão, há pessoas cercadas por multidões que trazem a alma vazia. Então essa questão é muito pessoal, é o lado interior de cada ser humano.

Segundo estudos realizado pela clínica de Gerontologia, pela Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UnATI/UERJ), cada vez mais as pessoas procuram manter sua identidade, independência e autonomia. Na idade de + de 50 os filhos já estão ficando independentes e muitos estão deixando o 'ninho' para alçarem seus próprios voos. As relações familiares sofrem fortes alterações e não causa surpresa se alguma estatística revelar que as pessoas com + de 50 preferem morar sozinhas a sofrer esmagamento de filhos.
As mulheres, segundo estudos, decidem viver sozinhas por sua própria escolha. Isso se deve ao fato de terem passado por casamentos difíceis. Após a separação ou viuvez quererem desfrutar de uma experiência que possa ser enriquecedora e ajudar no crescimento pessoal. Mas essa mulher necessita ter independência financeira, para não ser ‘alça’ para ninguém. Aí, então, ela colhe os frutos da experiência, da maturidade, sabedoria de viver. Encontrar um novo parceiro não é simples, pois essa mulher tornou-se sábia e não deseja ter alguém por simples companhia. Ela quer conviver com a lealdade, a sabedoria, despida de egoísmo. Ela quer viver o “nós” em plenitude.
O fato de a pessoa viver sozinha,  no final da vida é fruto de uma decisão pessoal. Se a escolha foi essa, certamente esse ser irá crescer como pessoa, aprenderá a vencer medos e também a explorar as próprias capacidades. Quando a pessoa supera o desassossego inicial e o medo do desconhecido, a sensação de liberdade, confiança, é embriagadora e apaixonante.Faz aquilo que quer e vive os momentos que tem de um jeito particular.
Mas na verdade, as pessoas que passam pela experiência de viver sozinhas pensam muito antes de iniciar uma convivência e renunciar aos "doces frutos" da solidão. Elas se acostumaram a viver livres e, muitas vezes, não se sentem dispostas a tomar iniciativas que tirem essa encantadora sensação de liberdade. Tornam-se individualistas, curtem a própria companhia, tudo que a liberdade do viver oferece, sem cobranças.
Segundo avaliações psicológicas, viver só é uma experiência enriquecedora, positiva, porque ajuda a esclarecer a mente. Assim, quando ocorrrem situações de estresse, no âmbito familiar ou de trabalho, ficar só, por um momento, ajuda a se distanciar do conflito e a encontrar uma melhor solução. É possível avaliar melhor os aspectos favoráveis e desfavoráveis de um assunto, sem que ninguém influencie na decisão. De outra parte, a pessoa viver sozinha, todos os dias da vida, tem um lado difícil, que necessita ser superado com coragem e realismo.
Viver sozinha permite à pessoa vencer o medo de se olhar por dentro. É nesses momentos que as pessoas percebem que a vida, assim, pode ser agradável, uma oportunidade de refletir, corrigir erros e definir metas. Quando isso acontece, as pessoas nunca sentem solidão, têm sempre a mente ocupada, não há conflitos, existe um espírito relaxado, confiante, confiável, que ama a vida e deseja vivê-la em plenitude. Parece, até, que a vida ganha outra dimensão: aquela da maturidade, da experiência, da liberdade.
A pessoa sozinha passa a ser 100% ela mesma. Quando duas pessoas vivem juntas, acabam entrando em simbiose, mesmo que essa não seja a vontade delas. Com isso, acabam renunciando as características da própria personalidade que produzem bem-estar, porque não podem compartilhá-las com o outro. Por outro lado, quando a pessoa vive só, a pessoa sente que controla a própria vida, dá curso a suas inquietações, tem mais tempo para si e para os outros. Então, a liberdade de ter + de 50 e ser economicamente independente, a vida oferece opções: seguir sozinho; encontrar novo par; ou escravizar-se para os filhos.
Muitas pessoas ficam atadas aos filhos e netos que lhes tiram dinheiro e liberdade, dando em troca visitas rápidas, para alguém que já ofereceu tanto. E, por vezes, esses filhos ainda dificultam que esse ser precioso --- o pai ou a mãe – encontre no afago de outra mão, o calor para animar a vida. Há filhos a beber os pais, gota a gota.
E, hoje, na era da internet, as relações virtuais ganharam espaço. As pessoas dialogam com as outras, de lugares distantes. Fazem amizades virtuais, com numerosos nomes. Mas, nem sempre ter uma imensa quantidade de amigos na rede significa se sentir acolhido, amado e amparado. As redes sociais não possuem ouvidos, não escutam as batidas de um coração que deseja falar dos projetos mais íntimos. A internet conforta o solitário apenas num primeiro momento, por sentir-se  a pessoa integrada a um grupo. Fora dali a pessoa fica sozinha consigo mesma, sem ter com quem compartilhar os anseios e desejos. E compartilhar essas duas coisas somente num ouvido amado e querido.


DICAS DE GRAMÁTICA

ALUGAM-SE CASAS ou ALUGA-SE CASAS?

- Alugam-se casas. O verbo concorda, sempre, com o sujeito. Igualmente diz-se: Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados./Publicam-se livros.

COMPROU UM GRAMA DE OURO ou COMPROU UMA GRAMA DE OURO?
- Comprou um grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, a grama = capim etc.


quarta-feira, 7 de junho de 2017

SABER LER E ESCREVER É UMA QUESTÃO DE CIDADANIA




Tenho observado a grande dificuldade dos estudantes, nas escolas, com a comunicação escrita. Eles dominam a língua portuguesa na feição oral, mas quando chega à hora de escrever é um Deus nos acuda... Muitas vezes não entendem ser a língua escrita diferente da feição oral. A escrita requer aprendizado, domínio das regras gramaticais e textuais.  Então, é preciso saber que a linguagem e, sobretudo, a comunicação escrita, conta com especialistas, requer aprendizado. Não é — como o processo educacional leva-os a acreditar — uma coisa natural. Natural é a fala, não a escrita. É por isso que a escrita conta com tantos aparatos: dicionários, gramáticas, revisores, editores, intérpretes, etc.
            De outra parte, a dificuldade não está, apenas, com os estudantes, considerando que muita gente boa não domina a feição escrita da língua, quando esta é indispensável no mundo atual. Já passou o tempo em que às pessoas ficavam somente nas palavras... Agora é importante saber escrever, é uma exigência do mercado de trabalho. O mundo está repleto de mensagens eletrônicas, manuais, revistas, códigos de conduta, relatos, cartazes, anúncios, enfim, um mundo de leituras. A pessoa lê, registra, arquiva, reflete, analisa e escreve. Porém, não há nada de anormal em não se saber escrever, segundo a expectativa de um padrão ditado por razões sociais e culturais. Tem gente no alto escalão da República que não sabe escrever, embora saiba falar. Mas isso não simboliza modelo para ninguém seguir. Pois mesmo diante de dificuldades, não se deve deixar de escrever bons textos, considerando ser a escrita fonte de criação, conhecimento, memória, interação social e sucesso profissional garantido.
            Ainda, a comunicação escrita, dependendo do contexto e da finalidade, assume características muito peculiares. Por isso, não se pode pensar o texto como algo monolítico, como uma família em que todos tenham a mesma fisionomia. Há textos e textos, e assim é preciso que os redatores [escritores] se dêem conta dessa numerosa diversidade. Para muitas pessoas escrever um simples ofício é tarefa tão árdua quanto falar em público: as palavras nunca parecem adequadas, as idéias recusam-se a seguir uma ordem lógica e o resultado final, quase sempre, fica abaixo das expectativas. E, nestes tempos de comunicação virtual, as pessoas parecem estar perdendo a capacidade de escrever. E o pior, estão dando pouca importância à qualidade da comunicação escrita, cada vez mais restrita às mensagens telegráficas dos e-mails.
            Assim, face às expectativas do mundo atual, é basilar saber escrever. Isso não significa que cada pessoa se torne um especialista da escrita. Não, não é isso. Porém é preciso reconhecer que uma capacitação técnica ajuda e muito a melhorar o desempenho cotidiano. Desse modo se ganha tempo, produtividade e excelência. Mas isso — fique claro — nada ou pouco tem a ver com gramática, como muitos pensam. A urgência reside na necessidade cotidiana e imperiosa de se escrever e de se utilizar a língua como ferramenta de trabalho.
            Por isso tudo é importante seguir um aprendizado, mas com a certeza que ele não acontece por "milagre" e nem será do dia para a noite que há de se aprimorar a comunicação escrita. Escrever é como andar de bicicleta: uma questão de prática. Só se aprende tentando. É preciso investir na capacitação profissional, porque cada pessoa é aquilo que fala e escreve. Alguns escrevem mais e melhor que outros. Então, se é importante competir, também é importante dominar esse código da escrita, não apenas desenhando letras, mas produzindo textos (orais e escritos) que digam daquilo que cada um é diferentemente do outro. Aí, então, a comunicação escrita fará a diferença no mundo do trabalho, hoje tão competitivo, garantindo o sucesso das pessoas.

DICAS DE GRAMÁTICA

A PÉ, DE PÉ, EM PÉ?
·   Estar a pé = estar sem carro, "desmotorizado". Ir (vir, viajar etc.) a pé = deslocar-se sem qualquer tipo de veículo.
·   Estar / ficar de pé = continuar firme, subsistir, resistir, manter-se.
·   Estar em pé = estar ereto sobre seus próprios pés, sem ser sentado ou deitado. Nesta acepção, também se diz de pé: Permaneci de pé / em pé a missa toda.
A FAVOR ou EM FAVOR?
São expressões equivalentes, cujo uso varia muito em razão do antecedente: vento a favor, nem contra nem a favor; trabalhei em seu favor, fiz um pedido em favor do compadre.
Ex.: Os políticos evitam se posicionar a favor / em favor do aborto.
ASSUNÇÃO ou ASCENSÃO?
Cada forma com um sentido diferente. Veja:
Assunção = ato de assumir; elevação a um cargo.
Ascensão = ato de ascender; subida
Ex.: Desejamos transmitir nossos parabéns por sua assunção no cargo de governador desse próspero Estado.
Dizem as más línguas que nada explica tão rápida ascensão na vida.

terça-feira, 23 de maio de 2017

KANT E A MORALIDADE BRASILEIRA




No final da semana que passou estive debruçada na leitura de um texto de Immanuel Kant, na obra “Crítica da Razão Prática”. Nela percebo como as verdades são eternas, aplicáveis à conduta de todos os povos. Há uma passagem famosa que diz assim, “Duas coisas me deixam maravilhado: o céu estrelado por sobre mim e a lei moral dentro de mim”. É dessa moralidade que farei, neste texto, breve reflexão. Como essa tão apregoada moralidade de Kant funciona no Brasil, essa terra “do faz de conta”? Eu tenho andado cada dia mais desiludida. A corrupção é assustadora e os rumos políticos incertos. A moral e a ética são valores vilipendiados no cenário nacional. Uma vergonha. Qual a solução? O que diria, hoje, Kant?
Iniciamos a reflexão: a Moral é o conjunto de normas que regulam o comportamento das pessoas em sociedade. Então a Moral é compreendida como um conjunto de valores. Enquanto a ética é um conjunto de normas. A Ética é a forma pela qual as pessoas devem se comportar no meio social. É a ciência da conduta humana. Está ela intimamente relacionada ao caráter das pessoas. A Ética seria a ciência que estuda a conduta humana e a Moral seria a qualidade desta conduta.
Sobre a filosofia da Kant, em “A crítica da razão prática”, afora o grau de dificuldades que tem essa obra, eu penso que esse professor abstrato, que escrevia em estilo abstrato, sobre questões também abstratas, é a fonte primária da ideia mais perigosa de todas para a fé (e, portanto, para as almas): a ideia de que a verdade é subjetiva. É essa subjetividade da “verdade” que vivemos no Brasil de hoje, esse “país da era da corrupção e desmandos”, que está profundamente mergulhado na podridão política. Não se sabe se alguém se salvará. Tudo depende dessa “verdade subjetiva”.  Cada dia um novo escândalo e todos, sem exceção, se dizem inocentes. Não há culpados!
O mais grave de tudo é que muitos desses “monstros” vivem sob a permissividade do  Presidente da República, que os recebe, com as regalias de reis; dos legisladores que fazem estranhos acordos de delação premiada, como é o caso de Wesley e Joesley Batista. Eles pagarão R$ 225 milhões (troco) e saem do país com fidalguia. Um deles num avião moderno e acompanhado de vassalos. Afinal, a verdade sobre “corrupto e corruptor” mudou nesse caso? Os outros delatores estão na cadeia, eles (Wesley e Joesley) estão em New York, em mansões de luxo. O acordo fechado com eles prevê que os dois não serão, sequer, denunciados criminalmente pelo Ministério Público Federal. Ou seja, não correm o risco de serem presos, nem de usar tornozeleira eletrônica, como os executivos de outras empresas envolvidas na Lava-Jato. Além disso, ficou acertado que eles poderiam continuar no comando de suas empresas mundo afora.
Por todos os casos de corrupção veiculados, entendo que não basta denunciar, delatar, demitir, prender. É urgente devolver ao povo o que é do povo! É preciso buscar convergências em favor da decência nos bens públicos.  É urgente ter um Congresso Nacional limpo, composto de gente decente, que ganhe o salário que ganha a maioria dos brasileiros. Afinal, onde se viu tantas regalias?! Quem tem muito sempre quer mais. É como diz o velho dito popular “A medida do T nunca enche”. Por isso não aponto caminhos que não seja o educacional. Se todos esses bilhões tivessem sido investidos em EDUCAÇÃO a nossa realidade, hoje, seria outra. Concordo com o provérbio chinês: “Se você quer um ano de prosperidade, cultive trigo. Se você quer dez anos de prosperidade, cultive árvores. Se você quer cem anos de prosperidade, cultive pessoas.”. Cultivar pessoas é educá-las para a vida em sociedade. Isso porque  não há sistema bom que resista intacto a pessoas más. A qualidade individual dos políticos, no Brasil, faz toda diferença. Também, como se isso não bastasse, nosso sistema político não é virtuoso.
Ademais, esse sistema partidário, no Brasil, está caduco. As legendas se juntam por causa do tempo de televisão e se mantêm unidas ou se separam a depender da fatia do Estado que lhes é dada a controlar. No comando de áreas da administração, de estatais ou de autarquias, ocupam-se de roubar o dinheiro público para fazer caixa para o partido — sem contar, obviamente, os que se dedicam ao enriquecimento pessoal.
Por que o Brasil está entre as nações mais corruptas do Planeta? Será o nosso sangue latino? O calor dos Trópicos? A miscigenação? A herança patrimonialista ibérica? Que determinismo sociológico, histórico ou climático ou, ainda, qual teoria, estupidamente racista, explicaria tanta lambança? Acredito que o desastre tem um nome: PISTOLAGEM POLÍTICA. Os JBS da vida estão sempre em busca de quem lhes possa franquear as portas da administração e garantir acesso aos cofres públicos.
Por isso, entendo que enquanto os governantes brasileiros tiverem à sua disposição milhares de cargos dos quais dispor, livremente, para acomodar os interesses e apetites dos partidos, nada mudará; enquanto a economia brasileira for, como é hoje, estado-dependente, continuaremos no lamaçal; enquanto tivermos um sistema eleitoral que descola o eleito do eleitor, caminha-se para o abismo; enquanto os nossos partidos forem meras agências de aluguel de tempo de TV, a ladroagem continuará nos Estados e nos políticos.
Essa realidade, assaz desesperadora, ao mesmo tempo em que desencanta e desestimula, permite que possamos refletir sobre as fontes dos infortúnios brasileiros, entre as quais a crescente crise moral. Não bastasse a inflação e a vergonhosa posição do Brasil em todos os indicadores de desenvolvimento e civilidade, as notícias veiculadas pela mídia, nos últimos tempos, levam-nos a concluir que vivemos em estado de barbárie. A crise no Brasil não é somente econômica, é, sobretudo, social e moral. Assim, eu creio que não poderia haver melhor momento para o povo brasileiro fazer profunda reflexão comportamental e mudar a cultura naquilo que diz respeito às transgressões, levar vantagem em tudo. É o momento de incentivar campanhas sobre ética e moralidade. A Educação é o único caminho viável, pois, na visão de Kant, “é somente a partir da educação que o homem pode alcançar, com plenitude, sua humanidade, pois a educação o “constrói.”
DICAS DE GRAMÁTICA
SÃO UMA HORA DA TARDE ou É UMA HORA DA TARDE, PROFESSORA?
- Não esquecer que o verbo deve, sempre, concordar com as horas. Assim diga: “é uma hora da tarde”, “são duas horas da tarde” e assim por diante. Ainda, sem esquecer de dizer que “são doze horas”, mas se for substituir o “doze horas” por “meio-dia”, então diga “é meio-dia”.
HOUVERAM MUITOS DESENTENDIMENTOS ou HOUVE MUITOS DESENTENDIMENTOS?
- Quando ao verbo haver for atribuído o sentido de existir ou acontecer, ele é impessoal, isto é, sem sujeito, portanto, só pode ser usado no singular. O correto é “houve muitos problemas”.

Luísa Galvão Lessa Karlberg - É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Presidente da Academia Acreana de Letras; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da International Writers And Artistes Association - IWA; Professora aposentada da UFAC;  Embaixadora da Poesia pela Casa Casimiro de Abreu; Pesquisadora DCR – CNPq/FAPAC; Poeta, Escritora.




segunda-feira, 3 de abril de 2017

SABER ESCREVER É UMA EXIGÊNCIA DO MUNDO ATUAL





           Tenho observado a grande dificuldade dos estudantes, nas escolas, com a comunicação escrita. Eles dominam a língua portuguesa na feição oral, mas quando chega à hora de escrever é um Deus nos acuda... Muitas vezes não entendem ser a língua escrita diferente da feição oral. A escrita requer aprendizado, domínio das regras gramaticais e textuais.  Então, é preciso saber que a linguagem e, sobretudo, a comunicação escrita, conta com especialistas, requer aprendizado. Não é — como o processo educacional leva-os a acreditar — uma coisa natural. Natural é a fala, não a escrita. É por isso que a escrita conta com tantos aparatos: dicionários, gramáticas, revisores, editores, intérpretes, etc.
            De outra parte, a dificuldade não está, apenas, com os estudantes, considerando que muita gente boa não domina a feição escrita da língua, quando esta é indispensável no mundo atual. Já passou o tempo em que às pessoas ficavam somente nas palavras... Agora é importante saber escrever, é uma exigência do mercado de trabalho. O mundo está repleto de mensagens eletrônicas, manuais, revistas, códigos de conduta, relatos, cartazes, anúncios, enfim, um mundo de leituras. A pessoa lê, registra, arquiva, reflete, analisa e escreve. Porém, não há nada de anormal em não se saber escrever, segundo a expectativa de um padrão ditado por razões sociais e culturais. Tem gente no alto escalão da República que não sabe escrever, embora saiba falar. Mas isso não simboliza modelo para ninguém seguir. Pois mesmo diante de dificuldades, não se deve deixar de escrever bons textos, considerando ser a escrita fonte de criação, conhecimento, memória, interação social e sucesso profissional garantido.
            Ainda, a comunicação escrita, dependendo do contexto e da finalidade, assume características muito peculiares. Por isso, não se pode pensar o texto como algo monolítico, como uma família em que todos tenham a mesma fisionomia. Há textos e textos, e assim é preciso que os redatores [escritores] se dêem conta dessa numerosa diversidade. Para muitas pessoas escrever um simples ofício é tarefa tão árdua quanto falar em público: as palavras nunca parecem adequadas, as idéias recusam-se a seguir uma ordem lógica e o resultado final, quase sempre, fica abaixo das expectativas. E, nestes tempos de comunicação virtual, as pessoas parecem estar perdendo a capacidade de escrever. E o pior, estão dando pouca importância à qualidade da comunicação escrita, cada vez mais restrita às mensagens telegráficas dos e-mails.
            Assim, face às expectativas do mundo atual, é basilar saber escrever. Isso não significa que cada pessoa se torne um especialista da escrita. Não, não é isso. Porém é preciso reconhecer que uma capacitação técnica ajuda e muito a melhorar o desempenho cotidiano. Desse modo se ganha tempo, produtividade e excelência. Mas isso — fique claro — nada ou pouco tem a ver com gramática, como muitos pensam. A urgência reside na necessidade cotidiana e imperiosa de se escrever e de se utilizar a língua como ferramenta de trabalho.
            Por isso tudo é importante seguir um aprendizado, mas com a certeza que ele não acontece por "milagre" e nem será do dia para a noite que há de se aprimorar a comunicação escrita. Escrever é como andar de bicicleta: uma questão de prática. Só se aprende tentando. É preciso investir na capacitação profissional, porque cada pessoa é aquilo que fala e escreve. Alguns escrevem mais e melhor que outros. Então, se é importante competir, também é importante dominar esse código da escrita, não apenas desenhando letras, mas produzindo textos (orais e escritos) que digam daquilo que cada um é diferentemente do outro. Aí, então, a comunicação escrita fará a diferença no mundo do trabalho, hoje tão competitivo, garantindo o sucesso das pessoas.

DICAS DE GRAMÁTICA

A PÉ, DE PÉ, EM PÉ?
·   Estar a pé = estar sem carro, "desmotorizado". Ir (vir, viajar etc.) a pé = deslocar-se sem qualquer tipo de veículo.
·   Estar / ficar de pé = continuar firme, subsistir, resistir, manter-se.
·   Estar em pé = estar ereto sobre seus próprios pés, sem ser sentado ou deitado. Nesta acepção, também se diz de pé: Permaneci de pé / em pé a missa toda.
A FAVOR ou EM FAVOR?
São expressões equivalentes, cujo uso varia muito em razão do antecedente: vento a favor, nem contra nem a favor; trabalhei em seu favor, fiz um pedido em favor do compadre.
Ex.: Os políticos evitam se posicionar a favor / em favor do aborto.
ASSUNÇÃO ou ASCENSÃO?
Cada forma com um sentido diferente. Veja:
Assunção = ato de assumir; elevação a um cargo.
Ascensão = ato de ascender; subida
Ex.: Desejamos transmitir nossos parabéns por sua assunção no cargo de governador desse próspero Estado.
Dizem as más línguas que nada explica tão rápida ascensão na vida.
A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.