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segunda-feira, 3 de abril de 2017

SABER ESCREVER É UMA EXIGÊNCIA DO MUNDO ATUAL





           Tenho observado a grande dificuldade dos estudantes, nas escolas, com a comunicação escrita. Eles dominam a língua portuguesa na feição oral, mas quando chega à hora de escrever é um Deus nos acuda... Muitas vezes não entendem ser a língua escrita diferente da feição oral. A escrita requer aprendizado, domínio das regras gramaticais e textuais.  Então, é preciso saber que a linguagem e, sobretudo, a comunicação escrita, conta com especialistas, requer aprendizado. Não é — como o processo educacional leva-os a acreditar — uma coisa natural. Natural é a fala, não a escrita. É por isso que a escrita conta com tantos aparatos: dicionários, gramáticas, revisores, editores, intérpretes, etc.
            De outra parte, a dificuldade não está, apenas, com os estudantes, considerando que muita gente boa não domina a feição escrita da língua, quando esta é indispensável no mundo atual. Já passou o tempo em que às pessoas ficavam somente nas palavras... Agora é importante saber escrever, é uma exigência do mercado de trabalho. O mundo está repleto de mensagens eletrônicas, manuais, revistas, códigos de conduta, relatos, cartazes, anúncios, enfim, um mundo de leituras. A pessoa lê, registra, arquiva, reflete, analisa e escreve. Porém, não há nada de anormal em não se saber escrever, segundo a expectativa de um padrão ditado por razões sociais e culturais. Tem gente no alto escalão da República que não sabe escrever, embora saiba falar. Mas isso não simboliza modelo para ninguém seguir. Pois mesmo diante de dificuldades, não se deve deixar de escrever bons textos, considerando ser a escrita fonte de criação, conhecimento, memória, interação social e sucesso profissional garantido.
            Ainda, a comunicação escrita, dependendo do contexto e da finalidade, assume características muito peculiares. Por isso, não se pode pensar o texto como algo monolítico, como uma família em que todos tenham a mesma fisionomia. Há textos e textos, e assim é preciso que os redatores [escritores] se dêem conta dessa numerosa diversidade. Para muitas pessoas escrever um simples ofício é tarefa tão árdua quanto falar em público: as palavras nunca parecem adequadas, as idéias recusam-se a seguir uma ordem lógica e o resultado final, quase sempre, fica abaixo das expectativas. E, nestes tempos de comunicação virtual, as pessoas parecem estar perdendo a capacidade de escrever. E o pior, estão dando pouca importância à qualidade da comunicação escrita, cada vez mais restrita às mensagens telegráficas dos e-mails.
            Assim, face às expectativas do mundo atual, é basilar saber escrever. Isso não significa que cada pessoa se torne um especialista da escrita. Não, não é isso. Porém é preciso reconhecer que uma capacitação técnica ajuda e muito a melhorar o desempenho cotidiano. Desse modo se ganha tempo, produtividade e excelência. Mas isso — fique claro — nada ou pouco tem a ver com gramática, como muitos pensam. A urgência reside na necessidade cotidiana e imperiosa de se escrever e de se utilizar a língua como ferramenta de trabalho.
            Por isso tudo é importante seguir um aprendizado, mas com a certeza que ele não acontece por "milagre" e nem será do dia para a noite que há de se aprimorar a comunicação escrita. Escrever é como andar de bicicleta: uma questão de prática. Só se aprende tentando. É preciso investir na capacitação profissional, porque cada pessoa é aquilo que fala e escreve. Alguns escrevem mais e melhor que outros. Então, se é importante competir, também é importante dominar esse código da escrita, não apenas desenhando letras, mas produzindo textos (orais e escritos) que digam daquilo que cada um é diferentemente do outro. Aí, então, a comunicação escrita fará a diferença no mundo do trabalho, hoje tão competitivo, garantindo o sucesso das pessoas.

DICAS DE GRAMÁTICA

A PÉ, DE PÉ, EM PÉ?
·   Estar a pé = estar sem carro, "desmotorizado". Ir (vir, viajar etc.) a pé = deslocar-se sem qualquer tipo de veículo.
·   Estar / ficar de pé = continuar firme, subsistir, resistir, manter-se.
·   Estar em pé = estar ereto sobre seus próprios pés, sem ser sentado ou deitado. Nesta acepção, também se diz de pé: Permaneci de pé / em pé a missa toda.
A FAVOR ou EM FAVOR?
São expressões equivalentes, cujo uso varia muito em razão do antecedente: vento a favor, nem contra nem a favor; trabalhei em seu favor, fiz um pedido em favor do compadre.
Ex.: Os políticos evitam se posicionar a favor / em favor do aborto.
ASSUNÇÃO ou ASCENSÃO?
Cada forma com um sentido diferente. Veja:
Assunção = ato de assumir; elevação a um cargo.
Ascensão = ato de ascender; subida
Ex.: Desejamos transmitir nossos parabéns por sua assunção no cargo de governador desse próspero Estado.
Dizem as más línguas que nada explica tão rápida ascensão na vida.

O MUNDO EXIGE MELHORES EDUCADORES


              O mundo atual, tão cheio de novidades, faz-nos faz pensar como será a educação de amanhã, posto ser muito difícil prever o futuro, ainda mais no campo educacional, que se defronta com uma complexidade interminável de problemas, tanto de natureza socioeconômica como de diversidade cultural e de valores. E a educação, como tanta gente diz, é o motor do mundo. A educação deve ser, sempre, tema de grande reflexão para a sociedade. É nela que depositamos a nossa confiança para que nossos filhos tenham um futuro melhor. A educação, segundo Paulo Freire, deve primar pela formação integral do ser humano, ou seja, contemplar seus aspectos culturais, éticos, morais, sociais, profissionais e espirituais, intermediados pelo mundo.
            Este ingresso no século XXI está marcado por profundas mudanças no modo de vida do homem ocidental. As ideias cartesianas ‘das partes’, da ‘razão pura’ deixam de ser verdades absolutas para ceder lugar a novos pensamentos sobre a pessoa humana. Pois este momento concebe um ser integrado ao mundo. Por isso urge uma mudança de pensamentos e valores na elaboração de novos paradigmas. A educação deve avançar, com urgência, além dos paradigmas da ‘educação bancária’. Hoje, é imprescindível o aprender, o aprender a fazer, o aprender a ser, o aprender a conviver.  O mundo necessita de Paz e Amor! Humanismo se faz urgente!
            Assim, a educação deve olhar o ser humano a partir dele próprio, de sua afetividade, do seu egocentrismo, de sua subjetividade, de sua intersubjetividade e de seu altruísmo. Neste momento da pós-modernidade é urgente que, em todos os níveis, educadores estejam presentes em salas de aula. Este milênio exige da escola um novo trabalhador, polivalente, flexível, motivado, criativo, apto à participação e à interação com seus pares na geração de soluções para os problemas do cotidiano, na produção de bens e serviços em quantidade cada vez maior, de qualidade cada vez melhor e a um custo cada vez mais reduzido.
            Vê-se, então, que a tarefa do professor reside em orientar, conduzir as pessoas para a solução dos problemas do mundo. Assim, deverá incuti-las no hábito do trabalho, das profissões, dos ofícios, do convívio social, da vida harmônica. Assim, enquanto o professor pode ser um funcionário das instituições onde trabalha, um especialista em reprodução de conhecimentos, uma peça no aparelho ideológico de estado, o educador, ao contrário, é um fundador de mundos, mediador de esperanças, pastor de projetos, idealizador de sonhos. Educador há os milhares. Mas professor não, a profissão não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão, é vocação. Toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.
Ser professor é apenas uma função técnica, ser educador
vai além. A escola que trabalha voltada para o conteúdo, onde cada professor pensa que
sua obrigação maior é "dar o programa", precisa reestudar a sua função. Temos de nos convencer de que a base do compromisso educacional é o "objetivo' e não a "matéria", pois não basta a escola ser um simples difusor de conhecimentos. Ensinar a ler, a contar, a conhecer a geografia, a história, as ciências é sem dúvida tarefa meritória. Mas a vida moderna exige da escola muito mais: ela tem de levar o aluno a pensar, a contextualizar, a analisar comparativamente, a quebrar preconceitos, a buscar soluções gradativas para problemas que afetam a sua comunidade.
            E, neste contexto, como ser professor e educador? Aprender a ser professor passa pelos caminhos acadêmicos, pelas aulas teóricas e práticas, pelo mundo dos métodos e técnicas. Aprender a ser educador é seguir um pouco mais adiante: entrar no mundo dos sonhos e pensamentos carregados de luz, cor e sabor. Aprender a ser educador passa pelos caminhos da humildade do ensinar aprendendo e aprender ensinando; passa pelos caminhos do amor, pelos caminhos do calor, do acolhimento, pelos caminhos do coração. Aprender a ser educador passa pelos caminhos do saber que nada se sabe só porque a sabedoria é construída em teia, tecida por caminhos de conhecimentos comungados com o outro.
Uma sociedade onde caibam todos só será possível num mundo no qual caibam muitos mundos. “A educação se confronta com essa apaixonante tarefa: formar seres humanos para os quais a criatividade e a ternura sejam necessidades vivenciadas em elementos definidores dos sonhos de felicidade individual e social”. (ASSMANN, 1998, p.29)
            Vê-se, pois, neste momento do século XXI, a grande urgência, em todos os níveis, de educadores presentes em salas de aula. O ser humano enquanto ser in natura traz dentro de si os valores essenciais, no entanto, o tecnicismo do ato pedagógico colocou a técnica à frente do ser. O que significa o viver está além do fazer, está na essência do ser. Então, que o “fazer” não tenha mais valor que o “ser”, mas que juntos sejam coadjuvantes no semear de sonhos para fazer nascer um mundo melhor.

DICAS DE GRAMÁTICA

FELICIDADE TEM PLURAL, PROFESSORA?
- É claro que esse vocábulo flexiona em número. O dicionário do Houaiss registra o plural exatamente com o sentido de congratulações: "felicidades - s.f. pl. votos de feliz êxito; congratulações".

COMO SE LÊ "HOUAISS"?
- Caro leitor, esse era o sobrenome do autor, Antônio Houaiss, não se pode trocar. A pronúncia é simples, assim: /uais/. É a melhor coisa que já fizeram em termos de dicionário da nossa língua. Vale a pena adquirir a obra.

QUANDO ELE VIR SUAS NOTAS, FICARÁ MUITO FELIZ?
- Certamente, tanto pelas notas quanto pelo emprego do verbo, pois este é o futuro do subjuntivo do verbo ver, que pode ser confirmado em qualquer gramática, ou no Houaiss e no Aurélio eletrônicos, que têm um mecanismo de conjugação verbal. Assim, se diz: Quando eu vir o filme", "quando vires", "quando ele vir".
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Luísa Galvão Lessa – Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Presidente da Academia Acreana de Letras.

ESSE SENTIMENTO CHAMADO AMOR




Na escola aprendemos que o amor é um sentimento abstrato, que não podemos pegar, apalpar, só sentir, vivenciar. A palavra amor tem sua origem no latim, amor, tal como conhecemos, e na língua portuguesa assume muitos outros significados, podendo ser um sinal de: compaixão, afeição, atração física que pode convergir em paixão ou um bem querer. Também ganha o significado de misericórdia, desejo sexual. Também pode ser entendido como no sentido familiar, amor de pai, amor de mãe, entre irmãos. Amor em latim tem mais duas variações que recebem o mesmo significado, dilectio e charitas. Uma palavra tão pequenina, mas tão rica e com tantos desdobramentos, é isso que ele significa, uma amplitude maior do que não podemos mensurar.
Os gregos também tinham palavras para definir amor: Eros, o amor expresso em uma forma física; Pragma, aquele que procura o lado prático da coisa, simbolizado por aquela pessoa que só entra em um relacionamento se tiver certeza que vai conseguir algum objetivo prático; Philia, cujo significado é generosidade, altruísmo, o contrário de pragma, aquele que pensa antes no outro.
Robert Stenberg (1998), psicólogo norte-americano, formulou uma teoria triangular do amor, a qual engloba três componentes distintos: a intimidade, a paixão e o compromisso. No que toca à intimidade, de caráter mais emocional, estamos diante de uma relação de confiança mútua que inclui a proteção e a necessidade de estarmos perto do outro. É através da intimidade que duas pessoas compartilham as suas experiências pessoais e o que mais íntimo há de si. A paixão, que se baseia essencialmente na atração sexual, envolve um sentimento irreprimível de estar com o outro. Por sua vez, o compromisso é a expectativa de que o relacionamento dure para sempre, numa intenção de comprometimento mútuo.
Na Psicologia, o amor é definido como sendo não simplesmente o gostar em maior quantidade, mas sim um estado psicológico qualitativamente diferente. Isto porque, ao contrário do gostar, o amor inclui elementos de paixão, proximidade, fascinação, exclusividade, desejo sexual e uma preocupação intensa.
Mais tarde, professores de psicologia da Texas Tech University Susan Hendrick e Clyde Hendrick criaram a Escala de Atitudes Amorosas, a partir dos seis tipos de amor classificados por Alan John Lee os pesquisadores observaram as relações interpessoais correlacionadas.
Ágape: o altruísmo em forma de amor, esse é verdadeiramente espiritual, sem necessidade de ser retribuído, existe para ajudar o próximo.
Psique: um sentimento superior, quase espiritual, fundamentado na mente e nos sentimentos filosóficos.
Ludus: um jogo, jogo onde só pode haver um vencedor ou que brinca com os sentimentos da pessoa amada.
Eros: o mais próximo do que conhecemos por paixão, fundamentado na beleza física, nas aparências.
Storge: o amor que surge com o tempo, muitas vezes se inicia por uma amizade que vai amadurecendo, com sentimentos e gostos semelhantes.
Pragma: um amor mais egoísta, pragmático que surge geralmente com um objetivo, com uma necessidade que beneficia apenas uma pessoa.
Mania: onde a emoção fala mais forte, muito instável e se aproxima do sentimento de paixão que pode evoluir para um ciúme doentio e sentimento de posse.
Psicologismos à parte, o que será, entre nós, sabedores do senso-comum, o amor? Será uma mistura entre loucura e paixão, sentimentos que centralizam o nosso pensamento única e exclusivamente na pessoa que amamos? Ou será um sentimento de desejo incontrolável que nos torna incessantemente ansiosos por estar com o outro, numa troca recíproca de carinho, afeto, confidências, palavras e olhares? De fato, o amor pode ser uma conjugação de todos estes aspectos, em que nenhum é dispensável, mas todos são imprescindíveis.
Numa tentativa de simplificar a definição de Amor, os psicólogos sociais recorreram à definição de seis diferentes formas de amar. São elas seis: 1) o amor romântico – envolve paixão, unidade e atração sexual mais usual na adolescência; 2) o amor possessivo – determinado pelo ciúme, provocando emoções extremas; 3) o cooperativo – nasce de uma amizade anterior, sendo alimentado por hábitos e interesses comuns; 4) o amor pragmático – característico de pessoas ensinadas a reprimir os seus sentimentos, o mais possível, sendo estas relações desprovidas de qualquer manifestação de carinho; 5) o lúdico – baseia-se na conquista e na procura de emoções passageiras; 6) o amor altruísta – praticado por pessoas dispostas a anular-se perante o outro, tendendo a “isolar-se num mundo onde, na sua imaginação, só cabem os dois ainda que o outro pense e atue exatamente ao contrário”.
Há quem defenda que o amor é uma história construída ao longo da vida que, no correr do tempo, transpõe a mera atração física, passando para uma preocupação com o bem-estar do outro para o seu próprio bem-estar. Manifesta-se numa influência mútua, no qual a (in) felicidade de um causa a (in) felicidade do outro. A paixão e o desejo tendem a não ser tão intensos, fortalecendo-se antes a cumplicidade, a intimidade e o companheirismo.
Vejo, por meio de tantas leituras, que nenhum amor é eterno. Isso significa que se Shakespeare, Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Camões, não fizeram poemas com juras eternas, nem amores eternos, quem criou essa coisa de “para sempre” fomos nós humanos. Nenhum amor é eterno, por isso mesmo a pessoa tem que aproveitar todos como se fossem, porque cada amor é único, tem que ser vivido da forma mais intensa possível, todos os dias tem que ser guardado na memória como um sentimento sublime.

DICAS DE GRAMÁTICA

Uso de “MAU” ou “MAL”
MAU é o oposto de “bom”, como no exemplo: “Eu sou mau. Vou para o inferno”
MAL é o oposto de “bem”, como no exemplo: “Ele fala muito mal“. Ele não fala bem.
A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.