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terça-feira, 13 de março de 2018

A SOLIDÃO NA VIDA DAS PESSOAS




O ser humano nasceu para viver em sociedade, em contato um com o  outro. Mas, no correr da vida, com o advento da “modernidade”, as pessoas passaram a viver cada dia mais sozinhas. Os motivos são variados, não iremos falar deles neste artigo, mas tão somente do mal que é solidão na vida. O filósofo alemão e existencialista Martin Heidegger (1889-1976) disse, no livro Ser e Tempo, queEstar só é a condição original de todo ser humano”, assim cada um de nós é sozinho no mundo. Essa é uma visão filosófica, sendo a solidão olhada como um aspecto natural do viver.
À parte esse olhar de Heidegger, há recente estudo da Brigham Young University (Estados Unidos) que reforça uma antiga tese do filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), quando afirmou que o ser humano é um ente social e, assim sendo, precisa conviver com outros semelhantes. Do contrário, vira solitário. E a solidão é sempre um grito, contido ou não, de quem vive fechado no seu eu. Mesmo cercado por milhares de pessoas, cada uma no seu individualismo, sem dar atenção e afeto ao outro.
Segundo esse recente estudo americano, a solidão e isolamento social são fatores de risco para a mortalidade. Significa dizer que uma vida solitária pode acarretar consequências imediatas na saúde das pessoas e, assim, diminuir a longevidade delas. Ademais, o estudo enfatiza que a solidão, na vida humana, aumentou, progressivamente, nessa era dos seres sociais e hiper-relacionados através das redes. Quando as pessoas usam as redes sociais para enriquecer as interações pessoais, isso pode ajudar a diminuir a solidão. Mas quando servem de substitutas de uma autêntica relação humana, causam o resultado inverso.
O estudo, liderado pela professora Julianne Holt-Lunstad, do departamento de Psicologia da universidade, é uma meta-análise da base de dados de saúde de três milhões de pacientes. Os pesquisadores concluíram que a solidão e o isolamento social são tão nocivos para a saúde quanto à obesidade ou o vício em drogas, por exemplo. O resultado foi publicado na revista científica Perspectives on Psychological Science.
Qualquer pessoa poderá sofrer de solidão: uma criança de 12 anos que muda de escola; um jovem que depois de crescer em uma pequena cidade e mudar-se para outra; uma mãe que ficou sozinha após o crescimento e casamento dos filhos; um homem que ficou viúvo; uma mulher separada do esposo; uma jovem sem namorado; uma mulher divorciada; uma executiva ocupada demais com sua carreira; um pesquisador que vive debruçado em estudos. São alguns exemplos dentre milhares de outros. O fato é que vários estudos internacionais indicam que mais de uma em cada três pessoas, nos países ocidentais, sente-se sozinha habitualmente ou com frequência.
As estatísticas da solidão e o mal que causa às pessoas é algo estarrecedor. Os testes biológicos realizados mostram que a solidão tem várias consequências físicas: a) elevam-se os níveis de cortisol – o hormônio do estresse; b) a resistência à circulação de sangue aumenta e certos aspectos da imunidade diminuem; c) excesso de irritabilidade; d) impaciência; e) insatisfação com a vida; f) tristeza; g) melancolia; lentidão nas ações. Assim, os efeitos prejudiciais da solidão não terminam quando se apaga a luz. A solidão é uma doença que não descansa, aumenta a frequência dos pequenos despertares durante o sono, e faz com que a pessoa acorde esgotada. A solidão se tornou um mal social que pode levar a promiscuidade, gula, alcoolismo, uso de drogas e até mesmo suicídio. A solidão, de fato, é um dos grandes males da vida humana, como confirmam mais de 70 estudos combinados, com mais de três milhões de participantes: a solidão aumenta o risco de morte em 26% da população, dizem os cientistas.
Infelizmente, para muitos, falar com sinceridade sobre a solidão continua sendo difícil, porque é uma condição mal compreendida e estigmatizada. No entanto, dada sua frequência e suas repercussões na saúde, teria que ser reconhecida como um problema de saúde pública. Deveria receber mais atenção nas escolas, nos sistemas de saúde, nas faculdades de medicina, em asilos e nas famílias, para garantir que os professores, os profissionais de saúde, os trabalhadores de creches e de abrigos de terceira idade saibam identificá-la, abordá-la e cuidá-la. Enfim, o Governo do Brasil, a exemplo de outros países, com o Canadá, o Reino Unido e a Dinamarca, deveria dar atenção ao problema da solidão, bem como criar espaços para o convívio entre essa massa solitária que está morrendo, a cada dia, sem que ninguém faça nada.
Olhemos as estatísticas da solidão no Brasil: As mulheres, maioria entre os idosos, são 50,3% entre as pessoas que vivem em arranjos unipessoais; os homens, 49,7%. No total, 15,7% das pessoas que têm mais de 60 anos não têm companhia em casa. O número médio de moradores dos domicílios no País era de 2,87 pessoas em 2015, frente a 3,20 em 2005. (Dados publicados no Jornal Estadão). A geração ganguru – aquela que vive atrelada aos país (voltaram para casa depois de fracassos matrimoniais) – está acometida pela solidão. Segundo o IBGE esses gangurus representavam 21,7% da população; em 2015 passou a 25,3%.
Solução eu não apresento, trago o tema para ser apreciado pela política brasileira, no sentido de a solidão ser olhada como um caso de saúde pública. Não se pode deixar, em pleno século XXI, um país tão populoso como o Brasil, ter esse alto índice de pessoas solitárias que estão morrendo sem que nada seja feito. O Brasil existe para os brasileiros. Então é urgente cuidar da qualidade de vida!

DICA DE GRAMÁTICA

TÃO POUCO ou TAMPOUCO?
TÃO POUCO - é o mesmo que “muito pouco”, como no exemplo “Ganho tão pouco que não dá nem pro cafezinho”
TAMPOUCO - é o mesmo que “também não”, como no exemplo “Não comi a salada tampouco a sobremesa”.

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A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.