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A MÍDIA NO COMBATE À VIOLÊNCIA URBANA


A comunicação promovida pela mídia, de grande penetração no cotidiano social, tem assumido crescente relevância na construção da consciência dos indivíduos, fato esse que influencia na conduta, na vida das pessoas. Acredito que a cultura da violência tem aumentado em função dos programas televisivos. Filmes, novelas, jornais, propagandas, ao tempo em que mostram a violência e promovem o consumismo, também valorizam padrões de vida de nível sócio-econômico elevado. Neste artigo, descreve-se a visão de alguns profissionais de educação sobre o papel da mídia em relação à violência urbana.

No contexto da violência urbano, quatro itens são apontados como fomentadores da violência, na visão de alguns educadores experientes.

1º - papel informativo – as respostas dos professores indicam a visão de uma imprensa puramente informativa, cuja função é a de divulgar acontecimentos à sociedade. Esta maneira de ver a imprensa foi mostrada por apenas 6,9% das pessoas pesquisadas, um resultado demonstrativo de que só uma pequena minoria sustenta uma visão de neutralidade da imprensa, ao transmitir os fatos tal e qual acontecem, com isenção de opinião e de propostas referentes aos fatos noticiados.

2º - papel informativo preventivo - a imprensa deve informar e também educar, instruindo a população como evitar a violência e, em casos de sua inevitabilidade, como agir para evitar sua continuidade. Esta é, sem dúvida, a visão mais otimista, já que atribui a ela uma função de grande relevância social, desempenhando um papel importante no combate à violência. Aqui também as porcentagens maiores são referentes às professoras de escola pública (20,7%), enquanto que as de escola particular representam 11,1% das respostas nesta categoria.

3º - papel iatrogênico - foi indicado pela maioria das professoras (40,8%), sendo 48,3% de escola pública e 33,3% da particular. Esses dados são coerentes com os referentes ao trabalho sobre as causas da violência. A grande maioria dos educadores apontam observados em casa, nas famílias, comportamentos nas ruas, exemplos fornecidos pelos programas de TV como importantes fatores de produção da violência. Hoje há programas de TV que só falam de violência, mostrando-a a exaustão.

4º - papel ambivalente – são contribuições de duas funções divergentes da imprensa: a) fornecer informações importantes à população: estimular e ensinar a violência. Exemplo: como roubar um carro em 1 minuto. Foram 50% de professoras de escola particular que caracterizaram desta forma o papel da imprensa e uma porcentagem bem menor das de escola pública (20,7%), totalizando uma porcentagem média de 35,4%. As respostas de duas professoras, uma de escola pública e outra de particular, ilustram bem a referida ambivalência na atuação dos meios de comunicação.

No Brasil, há poucas discussões e pesquisas a respeito da influência que os programas de conteúdo violento, veiculados pela mídia, exercem sobre os espectadores. A mídia brasileira exibe, preponderantemente, uma violência banalizada, corriqueira e trivial, e também ações policiais praticadas de forma violenta, muitas vezes, ilegal ou ilegítima.

Tais imagens refletem conflitos sociais que eclodem de uma brutal desigualdade estrutural em que os excluídos são os maiores praticantes e também as maiores vítimas da violência. Além dos próprios jornalistas, outros atores sociais são convocados a se pronunciarem sobre os fatos a que correspondem às imagens e, assim, produzem sentidos sociais sobre a violência que, dessa forma, surge “como linguagem, como ato de comunicação.. Os meios de comunicação agem, assim, como construtores de representações sociais sobre a violência e sobre os que a coíbem ou praticam-na.

Rio Branco é uma cidade com uma população relativamente pequena, se comparada a outras capitais do país. Todavia, a violência é enorme. Assim, se a imprensa coopera mais, se fizer uma campanha educativa para ações de vida cidadã, com certeza teremos uma vida mais tranqüila, mais humana, com menor violência.

A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.